Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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No Blog do Nêumanne: “Venha a nós, e ao vosso reino, nada”

José Nêumanne

Signo da generosidade franciscana virou lema de barganha de verbas por apoio, trocada pelo acréscimo à sentença da oração do Cristo na instauração da “democracia” sem povo dos populistas

Não há boa palavra que não possa ser distorcida e não acabe por expressar as piores intenções de quem nunca as teve boas. Nenhum filho de mulher tem uma biografia tão comprometida com a bondade, o desapego e o amor à natureza como o padre católico medieval, de família abastada e que viveu em plena, franca e santa pobreza: Giovanni di Pietro di Bernardone. Oito séculos depois de pregar suas melhores intenções, São Francisco de Assis, fundador da ordem franciscana e inspirador do nome do atual chefe da Igreja Católica, teve seu refrão mais célebre – “é dando que se recebe” – se tornado a inversão perversa e cínica para justificar a barganha vil e indecente de recursos públicos por proveitos privados.

Almir Pazianotto Pinto, que foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), atribuiu a inversão do lema franciscano no Brasil contemporâneo ao deputado do PMDB paulista Roberto Cardoso Alves, Robertão, numa paródia para substituir, em 1988, a prática do que era, então, mais popularmente definido como “toma lá, dá cá”, mais curto, mais grosseiro, mais direto. Em artigo publicado no Correio Braziliense, à véspera do último Natal, Pazianotto usou de sua experiência e da vivência política para bordar na bandeira do hoje célebre e reinante Centrão a adaptação canalha da piedosa generosidade franciscana.

Em seu artigo que tem como título o lema atual do troca-troca, ele registrou, sem dó nem dolo: “A pulverização partidária, a ausência de compromissos ideológicos e a leviandade na administração dos interesses públicos, converteram a Câmara dos Deputados e o Senado numa espécie de supermercado, onde se negocia apoio ou oposição ao Poder Executivo. Palavra, assinatura, honra e dignidade podem ser comprados. Quando o presidente da República, de olhos na reeleição, à falta de liderança política e desprovido de partido próprio, pratica o toma lá dá cá, torna-se refém da Câmara dos Deputados e do Senado. É quando a negociação política de alto nível corre pelo ralo. Deixa de zelar pelos interesses da nação para se transformar em comércio de emendas parlamentares, de medidas provisórias, de ministérios, de diretorias de estatais e de sociedades de economia mista. Nessas circunstâncias, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado adquirem poderes excepcionais, porque, segundo o Regimento Interno, são senhores da pauta, da ordem do dia e da condução dos trabalhos”, escreveu, revelando algo que testemunhou. Em quatro anos de vigência, a Constituição “cidadã”, conforme afirmação de Ulysses Guimarães, que a presidiu, assim como ao partido em que Almir e Robertão militaram, criou o ambiente moldado à medida para esse figurino.

Hoje, 32 anos depois, tendo o Centrão se apoderado das transações nada republicanas que comandam nossos destinos, o principal líder do grupelho, criado e cevado no antifranciscanismo vigente, Arthur Lira, já encomendou uma nova bandeira e nela um novo lema para a indulgência plena de seus sócios proprietários. E, ao mesmo tempo, para a negação ao cidadão do princípio básico da teoria dos pais fundadores da democracia moderna, 500 anos depois do padroeiro dos humildes. Convidado a resumir sua proposta para a disputa da presidência da Câmara, não se fez de rogado e recitou à frente das câmeras sua versão do “Mateus, primeiro os meus”: sob sua chefia, a Câmara será do ‘nós’ e não do ‘eu’. Sua pretensão, claro, é projetar uma Casa mais plural e menos submetida ao poder do presidente, contrapondo-se ao antecessor, Rodrigo Maia. Mas, ao vê-lo e ouvi-lo frente a câmeras e microfones anunciando novos tempos para o País, lembrei-me muito mais da paródia popular à segunda invocação do Pai Nosso, oração por excelência do próprio Jesus Cristo (Mateus, 6, 10). Ao comentar o “venha a nós o vosso reino”, na Catequese sobre o Padre Nosso, o papa Francisco deu-lhe o significado que o pregador imaginou, ao ensiná-la aos fiéis: “o senhorio de Deus fez-se próximo dos seus filhos.”  Assim, como no caso do lema franciscano original do Centrão, seu atual sumopontífice, sem querer, querendo, como diria Chaves, terminou por permitir sua leitura correta com um provérbio nascido da prática da hipocrisia com o lema da antiga prática: “Venha a nós, e ao vosso reino, nada”.

Robertão morreu num acidente de automóvel há 25 anos. Ricardo Fiúza, citado como ele no lúcido artigo de Pazianotto, perdeu sua luta contra o câncer há seis anos em casa, no Recife. Eduardo Cunha, o mais bem-sucedido líder do Centrão, que os dois primeiros criaram, mofa numa cela de prisão em Curitiba, condenado por corrupção, à espera de que a benemerência da maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) o livre, embora com a real intenção de limpar a ficha sujíssima de Lula. Ele deve orgulhar-se do mais leal dos discípulos: Lira deu um dos meros dez votos contra a cassação do ex-presidente da Câmara que cassou Dilma Rousseff, e não evitou o inevitável. Lira não deve ser acusado de excesso de franqueza por incorporar o próprio vademecum da impunidade para todos da grei, uma vez que ele não teve a intenção de avisar ao povo brasileiro que este está fora do pacto. Pois reservou tudo de bom e do melhor só para ‘nós’ do bando: perdão de penas, verbas parlamentares bilionárias e nomeação de parentes e apaniguados no novo torpe conluio do poder.

Evangelho quer dizer boa nova. No vademecum de Cunha e Lira a primeira pessoa do plural não se reserva ao “povo de Deus”, mas aos “eleitos” do próprio cabaré, que administra o inferno parao resto da Nação.

*Jornalista, poeta e escritor

 (Publicado na segunda-feira 1 de fevereiro de 2021 no Blog do Nêumanne)

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Comentário no Jornal Eldorado: Abandonado pelo DEM, Maia se irrita

Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, esta noite de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara, e não Baleia Rossi, Rodrigo Maia se irritou. O presidente da Câmara ameaçou deixar o DEM. A reunião ocorreu na casa dele, onde  também  estavam líderes e dirigentes de partidos de oposição, como o PT, o PC do B e o PSB, além do próprio MDB. Maia encerra o mandato à frente da Câmara hoje e, segundo apurou o Estadão, afirmou que, se o DEM lhe impusesse uma derrota, poderia sair do partido e  autorizar um dos 59 pedidos de afastamento de Bolsonaro. Integrantes da oposição que estavam na reunião apoiaram o presidente da Câmara e chegaram a dizer que ele deveria aceitar até mais de um pedido contra Bolsonaro.

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Assuntos para comentário na segunda-feira 1 de fevereiro de 2021

Sonora – Hino do Palmeiras

1 – Haisem – Sob ingerência do Planalto, Congresso elege presidentes – Esta é a manchete de primeira página da edição impressa do Estadão de hoje. Quais as conseqüências práticas para nosso cotidiano traz a constatação deste fato

2 – Carolina – Que importância poderá ter, a seu ver, a pressão exercida por ex-procuradores em documento apresentado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pedindo que denuncie o presidente Jair Bolsonaro por crimes cometidos no exercício de seu mandato

3  – Haisem – Bolsonaro irá para a cadeia, diz Kataguiri – O que você tem a revelar a nossos ouvintes sobre o vídeo Nêumanne entrevista Kim Kagatuiri que editou no fim de semana no Blog do Estadão

4 – Carolina – Cresce morte por covid sem fator de risco no Amazonas – Este é o título de chamada no alto da primeira página do jornal hoje. Por que esta notícia tem o potencial de assustar muito todos os brasileiros conscientes, vivam ou não na região Norte do País

5 – Haisem – Aulas começam hoje nas escolas particulares de São Paulo – Este é o título de uma chamada de primeira página do Estadão  hoje. Como você encara esta novidade no cotidiano brasileiro a partir de agora

6 – Carolina – Ode ao produtor de Cartola e Adoniran – Este é o título de chamada de primeira página do Estadão de hoje abordando o lançamento do livro A Revolução Pela Música , que conta a importantíssima saga de João Carlos Botezeli na discografia de grandes compositores populares do Brasil. Que importância tem essa biografia, na sua opinião

 

 


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Comentário no Jornal Eldorado: Capitão manda e general responde ao STF

O intendente incompetente da Saúde, gneral Eduardo Pesadelo, é co-responsável pela péssima gestão federal do combate à pandemia da covid-19, mas qualquer brasileiro que acompanha, ainda que superficialmente o noticiário, está careca de saber que não é ele quem manda. Mas apenas cumpre ordens emanadas pelo capetão sem noção Jair Bolsonaro, cabendo-lhe obedecer ou, negando-se a isso, sair de fininho pela porta dos fundos, o que não tem coragem de fazer. Será que Augusto Aras, o protetor-geral da famiglia Bolsonaro, o petista baiano filho de Roque Aras, puxa-saco de Chico Pinto, dedo-duro manjado na Bahia, não foi informado do óbvio ululante, não viu, não ouviu, não parou para pensar? O que dizer, então, do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que mandou investigar o general, e não o mandrião?

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Assuntos para comentário na terça-feira 26 de janeiro de 2021

1 – Haisem – Supremo Tribunal Federal determina investigação da atuação de Pazuello – Este é o título de chamada no alto da primeira página da edição impressa do Estadão de hoje – O que motiva essa investigação determinada pela cúpula do Judiciário e o que ela oculta

2 – Carolina – China libera insumos para produção de coronavac – Este é o título de outra chamada no alto da primeira página do jornal de hoje. Que perspectiva essa notícia abre para o fornecimento constante necessário para o programa de vacinação contra covid atingir seu objetivo de a população brasileira alcançar a chamada imunidade de rebanho

3 – Haisem O Inferno é Aqui, e Bolsonaro é o capetão – Este é o título de seu artigo semanal desde ontem editado no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão. Em que fatos você se baseia para chegar a essa conclusão tão dramática e pesada

4 – Carolina – Faustão de saída – Este é o título de chamada na primeira página do Estadão. O que, a seu ver, pode ter determinado o encerramento da temporada de 32 anos de Fausto Silva na programação de todos os domingos da Rede Globo de Televisão

5 – Haisem – Religiosos vão fazer pedido de impeachment – Este é o título de mais uma chamada de primeira página do Estadão hoje. Que razões têm as lideranças de confissões religiosas no Brasil a entrarem na onda crescente dos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro

6 – Carolina – Políticos abrem disputa pelo comando da Eletrobrás – Esta é mais uma chamada do alto da primeira página do jornal de hoje. O que levou Wilson Ferreira Júnior, presidente da estatal elétrica desde o governo Temer, a deixar o cargo e quais as conseqüências da decisão para o programa de desestatização, anunciado na campanha de Bolsonaro e nunca cumprido na prática no governo

 


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Artigo no Blog do Nêumanne: O inferno é aqui e Bolsonaro é seu capetão

José Nêumanne

Covid bate recordes de casos e óbitos, Congresso folga para eleger presidentes, STF suspende sessões, povo não pode ir às ruas, desemprego cresce e presidente vai a treino do Flamengo

Atrasado em relação a Reino Unido, União Europeia, Argentina, México, Chile, Israel e Índia, entre muitos outros países, o Brasil começou a vacinar profissionais da saúde, idosos em asilos, indígenas, quilombolas e penetras da elite governante no domingo 17. O governador de São Paulo, João Doria, saiu na frente, (1) porque tinha a Coronavac, sino-brasileira, com aplicação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por cinco a zero; e (2) porque a Índia não entregou antes 2 milhões de doses da AstraZeneca-Oxford fabricadas pela Serum. Espumando de ódio, o presidente Jair Bolsonaro proibiu ministros de negociarem com paulistas e mandou polícia, órgãos de “inteligência” (aliás, burrice) e engavetadores amigos devassarem eventuais ilícitos do produtor do imunizante disponível, o Butantan, com 119 anos de ótima reputação.

Da justificada euforia pela ressurreição da esperança o cidadão brasileiro passou a soluçar de pânico ante a iminência de faltarem insumos para a produção em território nacional, com a insuficiência do produto imunizante: 10 milhões de doses para 212 milhões de habitantes. A incúria é recente. No ano passado, o atual governo negociou com a Pfizer, presente em EUA, Reino Unido, Europa, Israel, etc., 70 milhões de doses para 2021. Mas a compra não foi feita. E o Brasil perdeu lugar na fila, apesar dos alertas da própria farmacêutica para a elevada demanda pelo imunizante na pandemia. Em sua costumeira lorota de caixeiro viajante da “pílula do câncer”, o capitão cloroquina disse que quem quiser vender ao Brasil ofereça o produto. Agora quem paga a conta sabe que foi oferecido e recusado. A prioridade de gastos públicos no Brasil é comprar votos nas eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Prioritário é o ódio preconceituoso do chefe do governo e de seu gado, que se deixa contaminar pelos perdigotos do “mito” (ou “minto”) perverso. Jamais a imunidade de rebanho, que poderá devolver a normalidade perdida ao povo, mero alvo teórico do populismo obscurantista.

A experiência brasileira recente em imunização data de 1962, no governo Jango Goulart, que declarou guerra à varíola, erradicada do território nacional desde 1973, em plena repressão do governo Emílio Médici, no recrudescimento da ditadura militar. Desde então, Ernesto Geisel, João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora, Jair Bolsonaro caíram na lorota, cara aos chefões das organizações partidárias, de que melhor seria comprar vacinas baratas no exterior do que produzi-las no Instituto Butantan, de São Paulo, e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio. Enquanto isso, bilhões de dólares eram queimados no furto organizado dos governos petistas, cuja impunidade é garantida pelo populismo de direita do gabinete do ódio do capitão de milícias.

Justiça seja feita: o mundo todo passou a depender das poderosas indústrias farmacêuticas das populosíssimas China e Índia. E o Brasil, a mendigar a boa vontade das duas potências farmacêuticas, pois seus laboratórios de genéricos, criados com a quebra de patentes capitaneada pelo engenheiro-economista José Serra na gestão tucana, nada podem fazer, já que não produzem o procuradíssimo ingrediente farmacológico ativo (IFA). Nem detêm – ora direis, quem sabe até quando – a transferência tecnológica do IFA pela Sinovac e pela filial chinesa da britânica AstroZeneca. Os defensores da compra de vacinas baratas na China e na Índia se escafederam, escapando da justa fúria dos entes queridos dos mais de mil brasileiros que morrem por dia de covid enquanto seu IFA não vem. Na série Nêumanne Entrevista, publicada no Blog do Nêumanne do portal do Estadão, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta batizou de imunização “aos soluços”. Ou seja: chega vacina, aplica vacina, vacina acaba, para vacinação até chegarem novas doses, etc. A quem perde entes queridos por falta de vacina resta soluçar de dor e saudade.

Em Manaus e Porto Velho, brasileiros morrem afogados no seco. O intendente incompetente da Saúde, general Eduardo Pesadelo, refugiou-se às margens do Amazonas, com data incerta para voltar ao gabinete, para tentar fugir da mira do protetor-geral da famiglia Bolsonaro, Augusto Aras. Este pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigá-lo por omissão criminosa pela falta de oxigênio. O petista baiano, que deve o cargo ao chefe do carregador de doses, ainda não foi informado (talvez porque tenha notório ódio à comunicação da verdade) de que o sinistro da doença apenas obedece a ordens expressas e públicas do capitão terrorista.

Deputados federais e senadores só pensam naquilo: a composição das Mesas que dirigem as Casas que, só em teoria, representam o povo. O chefe do governo conta com a eleição de dois paus-mandados. Um é o deputado Arthur Lira, figurão do Centrão e fiel anspeçada de Eduardo Cunha, o Caranguejo do propinoduto da Odebrecht, hoje cumprindo pena por furto qualificado. Contra ele, Baleia Rossi, do MDB, é frequentador assíduo de beija-mãos no palácio. E o senador Rodriguinho Pacheco enfrenta Simone Tebet, que se declara contra o impeachment de Bolsonaro, invocando o “sentimento do povo”, que não pode sair à rua na pandemia.

Ainda assim, o caloteiro, que não pagou as doses confiscadas do Butantan, as únicas disponíveis no Brasil até a chegada das adquiridas do laboratório Serum, abusa do recesso da cúpula do Judiciário, fingindo ser Caronte, o canoeiro que atravessa o Hades, rio da morte. Em plena alta do desemprego na recessão, gazeou o expediente em dia útil, invadindo na sexta-feira 22 o treino do Flamengo, imaginando-se acima do bem na condição de agente do mal. Por enquanto, panelaços e carreatas correspondem à queda da popularidade nas pesquisas. E, sobretudo, o mais importante: o pato pateta não conta mais com o patrão, Donald Trump, para dar aval ianque ao planejado autogolpe. Mais do que qualquer outro breve contra a ditadura da crueldade negacionista, pesará até 2022 Joe Biden na Casa Branca, fiel da balança de freios e contrapesos da ótima democracia.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira 25 de janeiro de 2021)

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No Blog do Nêumanne: O pato de Donald repetirá o patrão

José Nêumanne

Bolsonaro já avisou a quem interessar possa que seguirá modelo da invasão do Capitólio se perder a eleição de 2022 e não for adotado voto impresso, o que tem poucas chances de ocorrer

Duas notícias da semana passada, que aparentemente não têm relação entre si, revelam o alto risco corrido pela incipiente, mas até agora sólida, democracia brasileira de repetir autogolpes recentes da História da República: o de Getúlio, em 1937, e o da junta militar de 1969. O estancieiro gaúcho, que havia amarrado os cavalos da tropa no obelisco no Rio, em 1930, submeteu o movimento constitucionalista dos paulistas, em 1932, e assumiu a ditadura escancarada cinco anos depois, interrompendo a eleição presidencial em plena disputa entre Armando de Salles Oliveira e José Américo de Almeida. Após o impedimento do segundo presidente sob o golpe de 1964, marechal Costa e Silva, o vice-presidente civil, udenista e mineiro Pedro Aleixo, que se opusera ao Estado Novo getulista, teve a posse vetada, 32 anos depois, por uma junta militar. Composto pelo almirante Augusto Rademaker, pelo general Lira Tavares e pelo brigadeiro Márcio de Sousa Melo, o triunvirato escancarou a ditadura com “eleições” indiretas de três generais: Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo.

Em 7 de janeiro passado, o capitão terrorista Jair Bolsonaro anunciou, sem medo de ser feliz, ao comentar o fiasco do golpe de seu patrão ianque, Donald Trump, na véspera, Dia dos Santos Reis: “Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”. Mais tarde, na live semanal de quinta-feira, insistiu: “Qual o problema nisso? Estão com medo? Já acertaram a fraude para 2022? Eu só posso entender isso aí. Eu não vou esperar 2022, não sei nem se vou vir (sic) candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso”. Eis a crônica do autogolpe anunciado, sem pudor, sem lógica e sem admitir contraditórios.

Em março passado, o presidente disse que apresentaria provas de que o pleito presidencial de 2018, vencido por ele, foi fraudado. Como de hábito, estava blefando: nunca apresentou sequer um indício de que o resultado da eleição tenha sido alterado de forma ilícita, contrariando a vontade do eleitor. Em novembro, seu patrão, Trump, perdeu a reeleição para o democrata Joe Biden por diferenças abissais: 74 delegados dos 50 Estados (306 a 232) e 8 milhões 59 mil e 741 sufrágios na votação popular (81.283.485 a 74.223.744). No entanto, abusou da “regra três” (como cantavam Toquinho e Vinicius no século passado), ao reclamar, sem provas, de ter sido “furtado”. Mas, como seu pato dos trópicos, o patrão ianque não revelou um indício de fraude que fosse, teve todas as ações rejeitadas nos Estados e não recebeu a proteção com que contava na Suprema Corte, onde seis dos nove ministros são conservadores, incluindo a última, que ele próprio indicou, Amy Coney Barrett ao arrepio da evidência de abuso pelos poucos dias que faltavam para o fim do mandato.

Como seu pato tupiniquim, o patrão abusado protagonizou um escândalo de dimensões ciclópicas ao pressionar o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, em telefonema de uma hora, revelado pelo jornal que denunciou o escândalo Watergate, The Washington Post. Carl Bernstein, um dos autores da reportagem, disse à CNN que esse caso ainda é mais escandaloso que o de Richard Nixon. No entanto, Trump o superaria ao convocar, em comício, uma turba de radicais lunáticos a invadir por quatro horas o Capitólio, sede do Senado e da Casa dos Representantes (equivalente à nossa Câmara dos Deputados), provocando o maior quebra-quebra institucional da História da democracia dos pais fundadores, desde 1776, há 244 anos. O mundo inteiro desabou sobre a cabeça do presidente dos EUA, com uma exceção. Mais uma vez, Bolsonaro não se fez de rogado ao comentar o vexame fascistoide de seu ídolo: “Você sabe que sou ligado ao Trump. Então, você sabe qual a minha resposta aqui”.

Haverá alguma instituição no País pronta para segui-lo na aventura para ter êxito imitando o malogro de Trump? Apesar de sempre insinuar e, às vezes, afirmar que as Forças Armadas estão com ele e de manter em cargos bem remunerados oficiais da ativa e da reserva, invejáveis boquinhas, talvez não conte com sua ajuda numa aventura antidemocrática para impor o voto impresso. Que só interessa a seus amigos das milícias cariocas e aos coronéis que ainda restam nos grotões, alguns deles do Centrão. Na verdade, ele conta mesmo é com as milícias armadas, que parodiam o lema de seu mais novo aliado secreto, Lula da Silva: “O povo armado jamais será vencido”. O apoio que alicia é das Polícias Militares estaduais. E, segundo reportagem de Felipe Frazão, do Estadão em Brasília, já há no Congresso, à espera de votação, dois projetos de lei orgânica das Polícias Civil e Militar restringindo o poder de governadores sobre braços armados dos Estados e do Distrito Federal. Ninguém pode deixar de agir por desconhecimento. Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, gravada e transmitida para todo o País graças à clarividência do ex-decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Sua Insolência defendeu claramente armar o que ele chama de “povo”. E mais: o capitão de milícias, que prestigia todas as formaturas de academias de PMs, não perde uma oportunidade de declarar sua posição favorável à tal “excludente de ilicitude”, que, na prática, inocenta todos os policiais acusados de abuso de autoridade em confrontos armados em comunidades, sejam quais forem as circunstâncias. Menos ainda o por enquanto presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Pois seu pai, o ex-prefeito César Maia, invocou o próprio testemunho para lembrar que, no golpe facistoide de Pinochet, no Chile, os “carabineiros” tiveram tal importância que o ditador adotou a corporação como quarta força armada. Nenhum dos 70 projetos de impeachment do candidato ao autogolpe, contudo, sai da gaveta do filhote, que, aliás, nasceu no Chile, não foi?

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda 11 de janeiro de 2021)

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Artigo no Estadão desta quarta-feira: Bolsonaro e Mourão são a quintessência da maldade

José Nêumanne

Vice fã de torturador garante distância

de presidente desumano de eventual impeachment

Balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) aponta que, até 21 de novembro de 2020, foram registradas no Brasil 200 mil mortes, 24% mais do que era estimado para o ano findo. Naquela data, as perdas em decorrência da covid-19 chegavam a 168.989, conforme dados divulgados pelo consórcio dos meios de comunicação, já que o Ministério da Saúde se recusa a fornecer dados confiáveis. A coincidência levanta a hipótese de que, mesmo com aumento da população, a pandemia, maior causa de óbitos do País no ano, está muito longe de poder ser definida como mera “gripezinha”. Os números nunca mentem, mas isso não comoveu quem cruzou o marco do calendário gregoriano facilitando a contaminação pelo novo coronavírus.

Alguns brasileiros ilustres agiram como agentes desse contágio. O craque Neymar promoveu festa para 500 convidados em Mangaratiba, aviltando o tema do sucesso de Luiz Gonzaga. O influenciador em redes sociais Carlinhos Maia aglomerou centenas no Natal da Vila, resultando em 47 contaminados. Outro ídolo de crianças e adolescentes nas redes sociais, Felipe Neto, criticou-o, mas foi filmado jogando futebol. O governador de São Paulo, João Doria, jura adesão à ciência, mas fez um bate-volta para Miami a pretexto de “merecido” repouso de guerreiro. Outro tucano, Bruno Covas, festejou a reeleição para a Prefeitura de São Paulo num “covidão” que lembrou bailes funk da periferia, e ainda promoveu um bonde da alegria com aumento de 46% para si, o vice, vereadores e servidores. Merval Pereira definiu-os como “sem noção” em sua coluna no Globo.

Dentre eles, Jair Bolsonaro é hors-concours. Ganhou menção especial porque passou o Natal num forte militar em São Francisco do Sul (SC), pertinho de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, onde 21 brasileiros morreram afogados numa enchente. Na companhia de um magote de bajuladores, deixou em Brasília a mulher, Michelle, que usufruiu o feriadão rodando de kart com o maquiador Agustin Fernandez no Ferrari Kart do Autódromo Nelson Piquet. Madame pode ser adicionada ao rol.

Depois, o presidente cometeu insanidades tentando desviar sua responsabilidade no combate à vacinação, com exigência de imagens do calo ósseo na mandíbula de Dilma, torturada no regime militar. E na grotesca exposição de sua barriga pseudoatlética ao se jogar de um barco ao mar para nadar até um grupo previamente reunido de apoiadores, que insultaram adversários aos berros e o chamaram de “mito”. Aglomerados e jorrando perdigotos, como só convém ao vírus.

No show de indiferença ao risco de morte de 212 milhões de vítimas desgovernadas por ele, destacou-se sua crítica desastrada à decisão do Congresso argentino de descriminalizar o aborto. Nem isso alterou o sono perpétuo decretado por seu pretenso adversário, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, a mais de 40 processos de impeachment. Parte dessa expressão de inércia se deve ao fato de seu substituto eventual, o vice Hamilton Mourão, ser, como ele, admirador confesso do torturador e assassino Brilhante Ustra, acusado por Dilma de lhe haver fraturado a mandíbula. A tortura, reconhecem os “mansos de coração” do sermão das bem-aventuranças Daquele que ele diz adorar, Jesus Cristo, é a máxima covardia. Só poltrões como Bolsonaro e seu vice podem considerar esse oficial “herói” e “homem de honra”. Covardia é o contrário de bravura, qualidade que dá medalhas a militares em ação nos campos de batalha. E só pode ser pior do que um torturador quem o admire sem coragem de imitá-lo, só por faltar ocasião.

O desgovernante que torna inviável a vacinação, sonhada pelo povo real (e não o fictício na Praia Grande e no “chiqueirinho” do Alvorada) como sopro de sobrevida, não é, contudo, um ponto fora de curva na história dessa “Pátria Amada” ideal de comerciais de promoção da Secretaria de Comunicação. Bolsonaro e Mourão são a quintessência da maldade de momentos abjetos de nossa História. O Brasil foi a última Nação do Ocidente a abolir a escravidão de africanos transportados em brigues imundos através do Atlântico, e da qual se livrou em doses homeopáticas e condições indignas, denunciadas pelo abolicionista Joaquim Nabuco. A República cega e surda não enxergou a ignomínia do massacre dos crentes sertanejos em Canudos, comandado por covardes arrogantes como Moreira César, apesar do relato do gênio Euclydes da Cunha. Nem ouviu os gemidos dos dissidentes no Estado Novo de Getúlio, relatados em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos;

A encenação da grosseria contagiosa nas areias de Praia Grande, a cargo de agentes da morte treinados nas “milícias populares” do capitão terrorista em Polícias Militares (PMs), celebrou a agonia anunciada pelo combate ao uso da máscara, ao isolamento social e à imunização, condizentes com as melhores conquistas civilizatórias do honrado Brasil real. A farsa fúnebre nada tem que ver com a definição de amor, verdade e vida do Deus manso, ao Qual reza o facínora-mor. Só propicia safras malditas de ódio, mentira e dolorosa tortura da morte antecipada.

 Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na página A2 do Estado de S. Paulo, quarta-feira 6 de janeiro de 2020)

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