Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

Meu novo livro de poesia

A Editora Ibis Libris lançou meu novo livro de poesia, Antes de Atravessar, com texto de orelha do acadêmico Antônio Carlos Secchin, prefácio de Alexey Bueno e apresentação de Astier Baslio. O livro mereceu os seguintes comentários de críticos e poetas:
Hildeberto Barbosa Filho Facebook 14 de janeiro de 2023
Breve Comentário Crítico
José Nêumanne Pinto é jornalista de texto hábil e contundente. Romancista premiado e lido, com simpatia, argúcia analítica, isenção e brilho, por um Wilson Martins. 0 silencio do delator integra minha lista de romances amados. Fala bem perto de mim. Escreveu sobre casos políticos que ainda hoje envergonham a história da República. Faz parte de minha geração, ainda quando o Cine Capitólio, em Campina Grande, abrigava as sessões bacurau, depois da meia noite, em plena ditadura. Depois se foi para o Sudeste e lá se ficou, a consolidar sua trajetória de jornalista polêmico e competente. Zé, como o chamo, é também poeta. E poeta dos melhores. Daqueles que não temem o perigo e a sedução das palavras. Poeta das coisas de dentro, dos elementos da terra, dos fatos banais, dos órgãos íntimos do amor e seus múltiplos derivados. Quem quiser conhecer esta sua faceta de mágico das palavras que vá às páginas de As tábuas do sol, Barcelona, Borborema, Solos do silêncio e o recém publicado Antes de atravessar. Aqui, feito um Caronte pelo avesso e disposto a duelar com a beleza e a verdade de sua musa maior, única e última, Izabel, se propõe uma travessia vital que parece ultrapassar as fronteiras da morte. Lirismo sem açúcar, verbos de sal e poeira, cadência telúrica, expressão coloquial, verso alongado, poética excessiva, coisa concreta e metafísica que não elide o sol, o sertão e a beleza solitária que só a poesia sabe preservar. Tudo, enfim, se mistura na sua dicção, como os elementos naturais se mesclam nas entranhas do que é e do que existe. Uma beleza que dói e que comove…
(Hildeberto Barbosa Filho é doutor em Letras e professor da Universidade Federal da Paraíba e membro das Academias Paraibanas de Letras e de Filosofia)

LETRAS NACIONAIS: O LUGAR DE NÊUMANNE
Deonísio Da Silva *
Ele é mais conhecido por suas atividades de jornalista corajoso e lúcido em análises e opiniões, mas seus livros “Antes de atravessar” e “O silêncio do delator” são pontos altos da poesia e do romance brasileiros.
Estou aqui, ainda inebriado pela leitura do luminoso “Antes de atravessar”, pensando em que lugar de meu coração acolher esses belos e sentidos textos, pois não são somente versos, trazem também outras travessias, como a prosa poética que lhes faz companhia.
Já sei: ficarão junto a Carlos Nejar, a Mário Quintana, a Carlos Drummond, a João Cabral, a Manuel Bandeira, a algum haicai de Dalton Trevisan falsamente extraviado num conto, a uma das epifanias de Neide Archanjo.
Quem sabe, vizinhos da Eva e da uva de Ledo Ivo, de alguma tirada sacra do Padre Vieira ou de certa obscenidade contida de outro clássico.
Sim, clássicos são também esses versos no exato sentido da palavra: equipamento indispensável para a viagem do amanhecer ao poente e deste ao eterno retorno que todos fazemos no cotidiano, comece ou termine o dia.
De alguns poemas gostei mais, como de “Magnificat”, quando “os anjos tocam em sua fanfarra um ritmo de axé”.
Nos achados deste outro marco, “Ecce homo”, eis, de novo, José Nêumanne Pinto: “E aqui estamos, eu e Deus,/ Só nós dois no sertão da existência”.
E levo para concluir essa leitura a boa mensagem de “Fundação do Pai”: ” Somos todos primogênitos,/ Não nos vendemos por um prato de lentilhas”.
Os acompanhamentos de Antonio Carlos Secchin, Alexei Bueno e Astier Basílio ornam este livro magistral, tão bem editado por Thereza Rocque da Motta.
Pairando sobre todos os textos aqui reunidos está Isabel, a musa que, diferentemente da Beatriz de Dante, não apenas inspira a caminhada do autor: ela lhe dá antes o Paraíso, e o dá já, tal como prescreve a recomendação da bíblia, tão bem invocada ao longo deste livro que me deixou comovido por tão plácida leitura: “goza a vida com tua amada porque esta é a parte que te cabe dos trabalhos que suportas”.
* professor e escritor, Doutor em Literatura Brasileira pela USP, autor de de “Avante Soldados: para trás” e “De onde vêm as palavras”.
(Publicado no Facebook em 22 de janeiro de 2023)

Fernando Coelho, poeta e jornalista, no whats app
Precisei me desvestir dos meus mantos de metáforas. Abandonei os muros rasos e ralos da minha trincheira de quase inútil proteção. E permiti que os solavancos do susto não casual trepidassem o meu instinto, ao abrir, cheio de volúpia, o livro ANTES DE ATRAVESSAR, do poeta e jornalista José Nêumanne Pinto, esse caudaloso e cáustico cronista político da atualidade. Certamente busquei, com avidez, vocalizar proteção de Camões a Patativa do Assaré, de Lindolfo Bel a Adélia Prado, de Roberto Piva a Hilda Hilst, intentando uma travessia menos tempestuosa e de maior temperança, por esse louco igarapé de palavras, torcidas em versos, da poesia dilacerante e sedutora de Nêumanne, mas de inútil valia a minha precaução.
Não é um poeta de mares e desertos, nem da paixão e das estrelas, apenas. É um poeta da rosa dos ventos de toda alma humana. Ele tece um mundo de águas e crepúsculo, que me obriga a, ao ter sede, gritar, e, ao beber a água do amor, a ressuscitar. Expõe, compondo a sua poesia, hematomas sonoros, que marcam, não o corpo, mas o sonho de quem sonha para viver. Entrega, para a travessia, caminhos de amor, sem beiradas, e rios de paixão, sem margens. Lendo e relendo ANTES DE ATRAVESSAR, uma certeza: eu não quero atravessar, quero morar no antes, onde nasce o segredo alquímico da poesia agridoce de José Nêumanne Pinto.

João Almino, romancista, diplomata e acadêmico da ABL no Gmail:
Nêumanne, os dois textos são primorosos. Vinda do Secchin, faz todo o sentido que a orelha trace a comparação e contraste com Cabral. Entre as muitas referências da apresentação, o destaque a meu ver vai mesmo para a Beatriz/Isabel, que sabemos, pelos dois textos, ter presença marcante no livro, ao lado de Artur. Obra de maturidade, que certamente merece os dois comentários tão elogiosos.

que seu ótimo livro continue navegando como merece.

Álvaro Alves de Faria no Gmail
Li seu livro durante a madrugada e me senti um homem feliz.
Encantado.
Poemas belos poemas belos poemas.
Especialmente os dedicados à Isabel.
Senti-me um homem feliz por saber que ainda existe poesia
neste vale de lágrimas e enganadores que é o Brasil.
Um livro belíssimo. em todos os sentidos, em todas as palavras,
em todos os poemas, letras, vírgulas.
Um livro que tem o poder do encantamento.
Por isso agradeço você ter escrito um livro assim.
Tocou-me profundamente.

DOIS LANÇAMENTOS
Sérgio de Castro Pinto
(A União, João Pessoa, 17 de fevereiro de 2023)
José Nêumanne Pinto é homem de muitos livros lidos; homem que se abriga sob a sombra das estantes acesas: “livros /crepitam/ no forno/ das estantes// livros / são pães/ eucarísticos/ crocantes”*.
Porém, apesar de ser um homem dedicado aos livros, Nêumanne escreve vivendo; ou, bem ao gosto do amigo Jomard Muniz de Brito, escrevivendo.
Pois bem. Os poemas de Nêumanne são umbilicalmente ligados à vida, escrevem-na a cada verso, a cada estrofe. Isso, contudo, sem descurar da forma, sem negligenciar do construto da linguagem. Destaque, nesse “Antes de atravessar” (Ibis libris Editora, Rio de Janeiro, 2022), para a alta voltagem dos poemas eróticos dedicados à Maria Isabel, sua companheira, que devem constranger os arautos da moral e dos bons costumes.
Os poemas de Nêumanne quase sempre disfarçam a atmosfera elegíaca que os envolve, tanto que o eu-lírico só alusiva e implicitamente recorre ao ubi sunt qui ante nos fuerent (“Onde foram aqueles que foram antes de nós? ”), como no poema “Minha tia, nossa genealogia”. No que corrobora as palavras de Antônio Carlos Secchin, segundo as quais o eu-lírico celebra tão efusivamente a vida que chega a “desdramatizar a morte”. Ainda para o autor de “Todos os ventos”, diferentemente da antilira de João Cabral de Melo Neto, que convencionou chamar de “poesia do menos”, a de Nêumanne é uma “poesia do mais”. E continua: “Exuberância traduzida no jorro dionisíaco dos seus versos, em que as palavras ganham textura, sabores, cheiros…” Ora, mas se as palavras adquirem textura, sabores, cheiros, certamente são palavras pensadas, sopesadas e medidas, o que denota que ao jorro dionisíaco se consorcia a lucidez apolínea de José Nêumanne Pinto.
Em suma, a faculdade de aparar as arestas, os excessos, de evitar que os sentimentos corram destrambelhados à frente das palavras, possui o dom de condensar os poemas que, à primeira vista, soam longos e discursivos, assim como soam falsamente longos e discursivos os de Walt Whitman e os de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa.
Três nomes representativos da poesia brasileira chancelam “Antes de atravessar”: Antônio Carlos Secchin, Alexei Bueno e Astier Basílio, este último já em vias de concluir o doutorado em Literatura Russa pelo Instituto Maksim Gorki, de Moscou.
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Estranho, sem dúvida, o título do mais recente livro de Sidnei Schneider: “Quichiligangues”. E tão estranho que os dicionários mais conhecidos, o Aurélio e o Houaiss, simplesmente omitem a palavra, constando apenas no Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco Silveira Bueno, com o sentido de insignificância ou bagatela, o que me levou a concluir que os poemas nele reunidos tratavam de ninharias, de nonadas, de vidrilhos, de mixarias, das “pequenas grandezas do universo”, bem na linha de um Manoel de Barros. Ou então que tivessem alguma semelhança com a poesia de Francis Ponge, que privilegia as coisas, os objetos, descortinando-lhes a face oculta, aquela que só o olho de lince do poeta é capaz de desvelar, de descobrir. Mas, não, ao que tudo indica, o que o poeta julga insignificâncias, nonadas, são os seus próprios poemas, o que não corresponde à verdade, pois textos como “Porta”, “Como lidar com o rio”, “O Trombonista” e muitos outros, já asseguram a qualidade do livro.
Destaque para a concisão dos poemas, que me lembram um verso lapidar do Lêdo Ivo de “Ode e elegia”: “Oceano reduzido numa vaga”. O prefácio de “Quichiligangues” é de José Eduardo Degrazia, poeta também gaúcho e da melhor cepa. As ilustrações do livro são de Fabiano Rocha. A editora é a Dahmer.

*Poema “comunhão”, do meu livro “Brando fogo das palavras”, ainda inédito.

Melitzá, liturgia poética do Zé
Jacob Pinheiro Goldberg, Facebook
José Nêumanne Pinto, segundo meu diagnóstico, é um poeta, portanto um ser confuso, irreal, surreal, personagem de si mesmo, nela prisioneiro e libertário.
Viajante sempre, em navio de cabotagem, escreve mais um de seus Sermões, que, sagrado, profano, carrega, em águas turbulentas, um barco à deriva, rimbaudiano, que tão lembra O Barco dos Mortos, de Bruno Traven… Antes de Atravessar.
E o título vale por si mesmo num fluxo de associação de idéias, um mergulho no inconsciente do autor.
A escrita, por sinal, contaminada pela oralidade de Zé, se vê revestida de afetos, contestando a ordem e a estruturação.
Foucault diz que “os procedimentos de controle e delimitação do discurso, funcionam, sobretudo, a título de princípios de classificação, de ordenação, de distribuição, como se tratasse desta vez , de submeter outra dimensão do discurso: a do conhecimento e do acaso”.
O poema Decomposição da folha se inicia numa referência ao meu intelectual de paradigma, Garcia Lorca, assassinado pelos fascistas espanhóis de Franco, no último verso, pergunta “o que será de mim, hein?” e é a síntese numa catarse icônica do psicodrama estético do mundo em que nos foi dado viver.
Numa catarse icônica estamos perante, diante, antes da Páscoa, antes da travessia, antes e diante de outra passagem em que a tragédia murmura: choramos do “olho cego de Deus”.
Sem espaço nem tempo, o passatempo genial do “bigodinho de Hitler, verdade alegre e verdade cruel do bigodinho de Chaplin”.
Esta, a linha de costura sem linearidade que a obra de Zé se enrola num monólogo neste divã gasto em que ouço as profundas tristezas do romantismo de Mahler que se esconde e se revela na literatura arrebatada de um sertão mudo, surdo, rouco, louco, apoucado e sublime que nos mobiliza a confissão deste jornalista “nos jornais, nas revistas ou nos noticiários da rádio e da TV”.
Assim como Garcia Lorca e Bob Dylan, “furarei teus olhos para que não vejam o inferno”, Zé canta, conta, encanta o corpo desse ser estando que é o espírito, culpa contemporânea, que não fala, reza, finalmente, mas não por menos “minha sarça vai arder e jogarei incenso na fogueira”.
O tempo da lógica arrasou a felicidade, resta a escrita visionária da última estima na condição humana, uma literatura de palavras, não de esquiva.
Jacob Pinheiro Goldberg, escritor, psicanalista, advogado.

De Ary Albuquerque, empresário e poeta:
Terminei de ler seu livro e os comentários: Secchin, Alexei e Astier, além dos discursos, seu e do Vilaça.
Não sou crítico literário , nem tenho pretensão de ser, mas, como o amigo teve a delicadeza de me enviar seu livro, vai aqui um breve comentário, de leitor, a respeito do ANTES DE ATRAVESSAR:
Seu livro é um canto poético que transborda emoções de um ser maduro que, declara ao mundo o seu deslumbramento pela mulher amada, Isabel, e o filho Artur. Não esquece, também, antes de atravessar para o outro lado, os seus familiares e os amigos e os canta com uma voz sonante e digna de aplausos.
Uma poesia vicinal, pois, procura ligar o passado ao presente, intimista e, porque não chamar de obsessiva, no sentido de fixar-se no grande amor que devota a sua musa, ISABEL e ao ARTUR, seu filho.
Só cabe uma palavra final: PARABENS , AMIGO!
Do seu amigo de sempre, Ary

De Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, no WhatsApp:
Você é um poeta que — muito além da boa arquitetura — transmite emoção e provoca reflexões.
Seus versos acrescentam, porque trazem o prazer da poesia nos fazendo sentir e pressentir a vida como ela se apresenta.
Gostei do livro, gostei do poeta!

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