Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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No Blog do Nêumanne: A celebração das milícias por Bolsonaro

José Nêumanne

O presidente e o filho Flávio não escondem de ninguém – amigo, inimigo, apoiador ou adversário – relações próximas com ex-chefão da milícia de Rio das Pedras e parentes próximos deste

Em entrevista à GloboNews, o relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros, reagiu a ofensas do colega Flávio Bolsonaro depois do entrevero que ambos tiveram no plenário das comissões: “Isso é uma coisa da cultura do Rio de Janeiro. As pessoas que moram no Rio de Janeiro sabem que o miliciano tem uma cultura diferente. Ele nunca considera que é um criminoso, que está fazendo um dano à vida das pessoas, que está traficando. Ele considera que não é um criminoso e que é vagabundo quem o enfrenta”. O pai socorreu o filho em pronunciamento público, afirmando: “Sempre tem alguém picareta, vagabundo querendo atrapalhar o trabalho daqueles que produzem. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país. É um crime o que vem acontecendo com essas pessoas neste país”. Nas Alagoas do relator, aos berros de “Renan vagabundo!” da plateia, Bolsonaro deu um recado “para esse indivíduo que quer fazer um show tentando me derrubar: não fará”.

Na verdade, a intimidade com milicianos do presidente, quando deputado federal, e do senador, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), nunca foi escondida de aliados, adversários, inimigos e do público em geral. Em 2003 o pai, na bancada do PTB na Câmara, não poderia ter sido mais explícito ao afirmar, como registram os anais: “Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro”.  Em 2005 ele próprio compareceu ao julgamento de Adriano da Nóbrega, então tenente da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM/RJ), acusado de haver comandado um grupo de oito PMS presos em flagrante, em 2003, pelo homicídio do flanelinha Leandro dos Santos Silva, em Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio. E o homenageou em discurso da tribuna. O “brilhante oficial” foi expulso da PM por chefiar a milícia de Rio das Pedras e também acusado pela Polícia Civil de ter chefiado o Escritório do Crime, que era contratado para assassínios em quiosque na praia onde fica o condomínio onde moram o pistoleiro que a polícia acusa de ter atirado em Marielle Franco, o próprio Bolsonaro e seu filho Carlos, colega da vítima na Câmara Municipal. Numa ironia do destino, o dono do PTB é o fiel aliado Roberto Jefferson. E Adriano foi executado por PMs da Bahia e do Rio de Janeiro, despertando em Flávio reação indignada e comovida, se não suspeita, além da conta.

Também em 2005 Jair mandou o primogênito, Flávio, condecorar esse “herói” com a Medalha Tiradentes, entregue na cela onde estava preso. Foi o pai ainda que indicou ao filho o subtenente reformado da PM-RJ Fabrício Queiroz para ser “pau pra toda obra” em seu gabinete. Este empregou no gabinete Raimunda Veras Magalhães, mãe, e Danielle da Nóbrega, mulher de Adriano, conforme informa o inquérito do Ministério Público fluminense, no qual o senador, ex-deputado estadual, é acusado de peculato, corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. E o noticiário dos meios de comunicação, que, et pour cause, a famiglia execra publicamente. Seja em insultos genéricos, seja em ameaças de convocar para o pugilato repórteres “abelhudos”, em vez de encontrar explicação razoável para R$ 89 mil depositados na conta da primeira-dama Michelle, neta de traficante, filha de acusada de falsificação de documento e sobrinha de miliciano. É também notório o apoio insistente do presidente ao voto impresso, a ponto de ameaçar o próprio pleito de 2022 se não for adotado, sabendo previamente que não será. A quem mais interessa imprimir voto?

Protagonista da semana na série Dois dedos de prosa no Blog do Nêumanne, no portal do Estadão, o jornalista Edilson Martins abordou essa familiaridade da famiglia Bolsonaro com grupos de extermínio de policiais na Bahia e milícias do Rio de Janeiro, em especial a do Rio das Pedras. As coincidências com notícias dos últimos 18 anos impressionam e podem até inquietar. O pioneiro em jornalismo ambiental, com coluna no jornal O Pasquim à época da ditadura militar, chama a atenção para a importância dos negócios imobiliários na formação das forças milicianas que, segundo ele, não são mais um fenômeno exclusivamente carioca, já tendo atingido até Estados do Norte, caso do Acre, onde nasceu. Destacou que, desde as primícias da modalidade de extermínio nas proximidades da praia da Barra da Tijuca, “a luta desses grupos se trava pela posse da terra”. Hoje com um blog no Facebook, ele acha que a explicação para a execução da vereadora Marielle Franco, do PSOL, passa por duas hipóteses: muito combativa e ousada, ela teria “abusado” (milicianos são misógenos) e era ligada ao correligionário Marcelo Freixo ­– “é um milagre que ele ainda esteja vivo e sua vida depende muito de seu mandato”, completou.

O documentarista acreano observou ainda que esses grupos são muito mais do que organizações criminosas ao estilo da Máfia ítalo-americana. “Milicianos não são os pobretões, negros e raquíticos do tráfico. Mas os ‘fortões’, em tese quase sempre brancos, gordinhos e com aparência de classe média… As milícias estão presentes em 90% dos 163 bairros do Rio, a cujas populações vendem até gasolina e óleo produzidos em suas refinarias… A presença das milícias no Rio de Janeiro é a de um Estado totalitário, com poder de vida e de morte… Nunca se encontrará político que defenda traficante. Mas o presidente defende a milícia com orgulho. O gesto público fuzilando alguém, logomarca da campanha e que continua sendo, ganhou a simpatia da classe média fascistoide, ao exprimir a realidade em que ponto este país se encontra… Neste momento quem tem a caneta são o presidente e um grupo político que celebram a milícia.”

  • Jornalista, poeta e escritor

(Publicada no Blog do Nêumanne na segunda 17 de maio de 2021)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:

https://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/a-celebracao-das-milicias-por-bolsonaro/


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Artigo no Estadão desta quarta-feira: Bolsonaro ostenta lema das milícias

José Nêumanne

Sorrindo diante do cartaz de CPF cancelado,

presidente mostra de que lado está

Em 23 de abril, em atrasadíssima ida a Manaus, o presidente Jair Bolsonaro posou, sorridente, para fotografia segurando cartaz com os dizeres “CPF cancelado”. Fê-lo ao lado do apresentador do programa de TV Alerta Nacional, Sikêra Jr., e dos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, da Educação, Milton Ribeiro, e do Turismo, Gilson Machado Neto, líder da banda de forró Brucelose (infecção bacteriana que afeta milhares de pessoas no mundo). A expressão é usada por defensores de policiais que matam suspeitos em operações, como era, à época da ditadura militar, a caveira com ossos em xis usada pelo Esquadrão Le Coq, criado em 1965 para vingar a morte do detetive da Polícia Civil do Rio de Janeiro Milton Le Cocq. Essa scuderie inspirou grupos de extermínio de “bandidos” por policiais, entre os quais o delegado do Dops paulista Sérgio Fleury.

Fernando de Barros e Silva escreveu na revista Piauí o artigo País cancelado, que começa assim: “Jair Bolsonaro seguiu à risca o que se exige da mulher de César. Não basta ser miliciano, tem que parecer miliciano”. Este, segundo ele, seria o estilo “milícia ostentação”. Não que a famiglia presidencial omita que o deputado federal Jair Messias foi ao julgamento do chefe miliciano Adriano da Nóbrega e o homenageou em discurso na Câmara. Sob ordens dele, seu primogênito, Flávio, nomeou para próprio gabinete familiares do acusado de chefiar o Escritório do Crime, empreiteira de assassínios de aluguel. E entregou-lhe a Medalha Tiradentes na cela. Quando Nóbrega foi executado por policiais civis baianos e fluminenses, Flávio, já acusado de extorquir funcionários-fantasmas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), lamentou a execução do criminoso em aparente queima de arquivo.

A chacina na favela do Jacarezinho, da qual as vítimas dos policiais só foram identificadas três dias depois, foi comemorada pelo presidente e por seu eventual sucessor, Hamilton Mourão. Este Estadão contou, assim que a lista foi revelada, que um terço das vítimas – nove em 27 – não era de réus na Justiça. A Polícia Civil do Rio, notória suspeita de corrupção, saiu pela tangente de que alguns eram por ela investigados. A desculpa – amarela como a cor da Bandeira Nacional, usada como manto protetor por fascistoides que elogiam assassinos e torturadores notórios, caso do coronel Brilhante Ustra – seria a de que eram, no mínimo, suspeitos. Não se sabe se são mesmo ou se passaram a sê-lo depois de fuzilados. Mas sabe-se algo que, ao que parece, presidente e vice desconhecem: o sistema judicial brasileiro não admite a pena de morte. Se nem pela Justiça, imagine por forças policiais.

O jornalista Edilson Martins anotou, em texto no Facebook: “Quem achaca as comunidades, tortura seus moradores, elimina os que se negam a pagar por seus serviços –­ luz, tv, gás, telefone, segurança, entre outros negócios – são as milícias. Estas são lideradas por policiais militares expulsos da corporação, ou ainda na ativa, bombeiros idem, além de policiais civis infratores, e têm parceria com políticos que ajudam a eleger: governadores, deputados federais e vereadores. O atual presidente teve ligações, juntamente com os filhos, com milicianos notórios”. E acrescentou: “Nunca houve megaoperação, em nenhum governo, contra as milícias. Na cidade do Rio elas ocupam e dominam 53% do município. O tráfico controla 15,14% do território da cidade. A favela de Jacarezinho não tem, ou pelo menos não tinha, a presença das milícias”.

Para ilustrar, o colega citou uma frase do patriarca esquerdista Lula a respeito de massacre similar perpetrado sob o comando do aliado Sérgio Cabral, do MDB, ao lado de quem comentou invasão da mesma polícia em 7 de abril de 2007 (há 14 anos): “Nessa ação de vocês no Complexo do Alemão, tem gente que acha que é possível enfrentar a bandidagem com pétalas de rosa ou jogando pó de arroz”. Sobre outro emedebista, Michel Temer, hoje conselheiro-mor de papai Jair Messias, Edilson registrou: “O atual ministro da Defesa, Braga Neto, já foi comandante de uma intervenção militar do Exército durante quase um ano no Estado do Rio. Nunca realizou incursão contra as milícias na cidade do Rio. Contra o tráfico as incursões foram cinematográficas”.

Não será inútil lembrar que, na véspera do massacre, Bolsonaro visitou o anspeçada do filho Flávio, Cláudio Castro, no Palácio Guanabara. Pode ter sido mera coincidência, mas não deve ser omitido. De vez que manchetes diversionistas serão sempre bem-vindas em momentos de tensão como os ora produzidos no Palácio do Planalto pela CPI da Covid no Senado.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares lembrou: “Com o Jacarezinho, a depender da reação do STF, se legitimará, preparando o próximo passo, o lance final contra a democracia: a institucionalização definitiva da autonomia policial, de que o excludente de ilicitude será um (funesto) detalhe”. A esse respeito, o fecho do editorial Com todas as palavras, deste jornal, vaticina “‘O recado está dado’, advertiu Bolsonaro. Seria imprudente ignorá-lo”. É isso aí.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na página A2 do Estado de S. Paulo da quarta-feira 12 de maio de 2021)

Para ler no Portal do Estadão clique aqui.


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No Blog do Nêumanne: Bolsonaro não é um ponto fora da curva

José Nêumanne

O presidente foi eleito também por antilulistas e por quem não suportava mais a roubalheira do PT e seus asseclas, e, de fato, atendeu ainda a apelos da direita saudosa da ditadura militar

O candidato do PSL à Presidência da República foi favorecido pela conjuntura da eleição presidencial de 2018 mercê do fato de, ao contrário de todos os oponentes da esquerda e do centro tradicional, não ter seu nome citado nos autos da Operação Lava Jato, sob o comando do então juiz Sergio Moro. O fator antilulista foi fundamental para lhe dar a vitória final, no segundo turno. Mas, da mesma forma que é ilusório imaginar que ele seja isento de malversação do erário por não constar do propinoduto da Odebrecht, também o é imaginar que o que ele chama de “povo”, embora não corresponda rigorosamente à definição literal, seja uma camada insignificante do eleitorado brasileiro. Simplesmente não o é.

À época da campanha presidencial, em 2018, um amigo me contou uma cena que havia presenciado em reunião de pretendentes a financiadores selecionados por Fabio Wajngarten. Uma cena horripilante. Questionado sobre como solucionaria o déficit habitacional, o então candidato não se fez de rogado e disse que mandaria um helicóptero despejar folhetos avisando que todos os cidadãos de bem que morassem em comunidade pobre saíssem de lá, sob pena de serem queimados no dia seguinte. Nesse dia, as mesmas aeronaves despejariam napalm no bairro. Mas não foi a proposta do ex-capitão terrorista que o aterrou, e sim os retumbantes aplausos que recebeu seu projeto homicida. Tolo foi pensar que as manifestações fascistoides na periferia dos massivos atos contra o desgoverno dos políticos tradicionais em 2013 eram insignificantes para despertarem um terror realista de alguma aventura golpista para interromper o interregno democrático iniciado em 1988, pós-Constituinte. Na verdade, os fascistoides não se expunham nas ruas, mas hoje se dispõem a manter o planejado autogolpe do nostálgico-chefe da ditadura.

Quem tinha a ilusão de que o presidente utilizou Sergio Moro como isca no Ministério da Justiça para, depois, impor um vassalo de sua famiglia, Anderson Torres, já não tem mais por que apostar na reeleição do celerado. Mas quem garante que a massa que aplaude as invasões da periferia miserável do Rio não tenha força bastante para levá-lo ao segundo turno do pleito vindouro, em 2022? Talvez o melhor alvitre seja pensar que Lula será o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), realizando a hipótese de dispensar quaisquer opções que não sejam remanescentes da polarização da intolerância de nosso mini-Mussolini, que ilude seu rebanho fiel ao reproduzir os próprios preconceitos ao desgovernar. E de quem acredita no “bom” ladrão Lula, inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todo nomeado por este e seus sucessores.

Que isso está no plano dos dois lados salta aos olhos. Augusto Aras, filho de Roque Aras, súdito de Chico Pinto, dedo-duro da ditadura e celebrado como herói pela esquerda, não precisou abjurar sua condição tríplice de petista, advogado e passador de pano do atual patrão para assumir a Procuradoria-Geral da República. E fica à calma espera de sua indicação para o STF nesta ou na futura indigestão bolsonareira. André Mendonça, favorito da primeira-dama Michelle para o lugar do decano Marco Aurélio Mello, dificilmente terá de esperar tanto para justificar no próximo futuro vassalagem a dois senhores, negando, assim, a fábula do Evangelho, que ele prega, por sábia hipocrisia. Humberto Martins, o favorito do primogênito Flavinho, o senador sonso, sabe que, mais dia, menos dia, surgirão novas investigações a seu respeito para que as obstrua e, com isso, aumente o cacife de sua eventual promoção pelo pai aflito.

O praticante da mais antiga corrupção de todos os tempos do serviço público – a extorsão da parte do leão dos salários de funcionários-fantasmas de gabinetes parlamentares – sabe que pode contar com três opções para a disputa pelo papai Messias no ano que vem. A saber: o voto de cabresto do gado leal garantindo a vitória final, a repugnância por Lula augurando o triunfo no segundo turno e o autogolpe do pai, apoiado pela patranha da fraude eventual da eleição na urna eletrônica. Com a vantagem de fazer o serviço completo para o caixa garantido da famiglia pelas milícias. A possibilidade de conferir pelo sufrágio impresso a manifestação dos súditos nos territórios comandados pelos milicianos de estimação constitui a maior vantagem de um cabo eleitoral na História do Brasil. Nem o voto de bico de pena assegurava fidelidade tão vassala na Velha República quanto a atual.

Ninguém deve estranhar por que a impressão do voto, cloroquina política, pílula do câncer eleitoral do charlatão-mor desta republiqueta, étão repetida no momento em que os crimes de responsabilidade estão sob o crivo do relator menos impoluto, mas mais difícil de ser dobrado, de todos os tempos, Renan Calheiros, na CPI da Covid no Senado. A perspectiva de trocar seis por meia dúzia, a de um impeachment que conduza Hamilton Mourão no Rolls-Royce no dia da posse, dificulta – e muito – uma solução constitucional que ceda à evidência do despreparo e do ímpeto genocida do provisório chefe da Nação. Mas é certo que é preferível contar com um terço de fanáticos capazes de aoiá-lo sabotando a vacina, o isolamento social e o uso de máscaras a ter de suportar a hipótese oposta. Lula, com seus lenientes idólatras, é, ao mesmo tempo, o único adversário capaz de enfrentá-lo de igual para igual, incluindo no coração volúvel do Centrão, e o gêmeo univitelino que pode manter o verniz de uma disputa legítima e fácil. O resto é lorota capaz de matar mais e imunizar menos ao sustentar o elo indissolúvel da manada unida à espera do napalm que só mate pobres. Bolsonaro é um vértice, e não um ponto fora da curva, deste país insensato.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne segunda-feira 10 de maio de 2021)

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Comentário no Jornal Eldorado: Prefeito em licença, parques ao léu

Para dar sequência à quimioterapia e à imunoterapia, o prefeito Bruno Covas foi internado no domingo, 2 de maio, e comunicou ao povo paulistano, como tem feito na sua luta contra o câncer, atitude decente e corajosa. No mês em que governará o maior município do país, seu vice terá de tomar providências urgentes para acabar com o desmazelo no que diz respeito à fiscalização da pandemia e da segurança dos munícipes nos parques da capital paulista. O domingo de sol e a temperatura agradável foram uma forte concorrência para os apelos feitos por médicos e especialistas: fique em casa, use máscara e evite aglomerações. Sem fiscais, nem sequer para medir a temperatura à entrada para reduzir o contágio da covid, a situação representa risco para frequentadores, por facilitar o acesso de infectados e malfeitores.

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Assuntos para comentário da segunda-feira 3 de maio de 2021-05-03

1 –  Haisem – Com câncer, Covas se afasta da Prefeitura – Este é o título de chamada no alto da primeira página da edição impressa do Estadão desta segunda-feira. Que conseqüências para a cidade de São Paulo pode trazer a substituição do prefeito a um ano e quatro meses de sua segunda posse no cargo

2 – Carolina – Covid é passado para brasileiros no exterior – Este é outro título de chamada de primeira página do jornal de hoje. A que conclusão você chega após a leitura desta notícia de destaque do dia sobre o desempenho dos gestores públicos brasileiros nesta pandemia

3 – Haisem – Militares da ativa soltam 3 mil e 400 tuítes políticos – Este é mais um título de chamada de primeira página no Estadão que está circulando. A que conclusão você chega diante dessa notícia

4 – Carolina – Que novidades o depoimento de Monique Medeiros trouxe para o inquérito da polícia civil e do Ministério Público do Rio ao confessar que ela e o namorado, o vereador Jairo Júnior, montaram uma versão fantasiosa das circunstâncias da morte do seu filho Henry Borel, de 4 anos

5 – Haisem – O Brasil profundo, segundo José de Souza Martins – Este é o título do vídeo desta semana da série Nêumanne Entrevista, publicado no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão. O que você destaca no depoimento do professor da USP a respeito da História e do Brasil contemporâneo

6 – Carolina – Gerson: ditadura não pressionou seleção – Quem é o protagonista da série semanal Dois dedos de prosa que você acabou de publicar e que revelações foram feitas por ele na conversa com você no vídeo publicado no Portal do Estadão

 


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Artigo no Blog do Nêumanne: Paulo Guedes, bobo sem corte

José Nêumanne

Economista de Chicago, dito “posto Ipiranga”, que Bolsonaro prometeu consultar sobre assuntos econômicos, que confessou não dominar, virou um fornecedor de inconveniências de um desgoverno sem chão

Jair Bolsonaro, exposto às intempéries de um país que tem acumulado ao longo dos últimos anos décadas perdidas em sequência e desperdiçado oportunosas ensanchas por incompetência, má gestão, corrupção e má-fé, não pode ser acusado sequer de cúmplice nesses despautérios específicos. Ao contrário, emergiu de três decênios de membro do baixíssimo clero da política profissional, em dois anos de vereador no Rio e 28 de deputado federal, ganhando um pleito presidencial, no mínimo, improvável, justamente por isso. Montado na nostalgia da bonança econômica de uma ditadura tecnocrático-militar fascistoide e, mais ainda, no apetite desmedido de uma esquerda que se lambuzou no melaço da corrupção, subiu ao pódio da ilusão generalizada de que se disporia a contrariar a própria biografia para construir o futuro de um Brasil liberal.

Para tanto agiu com a sagacidade de alguém que só precisava fazer aquilo que o principal artífice das articulações políticas do Partido dos Trabalhadores (PT) na oposição implacável e no governo glutão, José Dirceu, prometia antes: “não roubar e não deixar roubar”. Para isso montou num pilar da própria convicção, que ele chama de “conservador nos costumes”, encarnado em Damares Alves, e em dois tomados emprestados de aliados da última hora, por convocação da vontade popular: a economia liberal de Paulo Guedes e o combate de Sergio Moro ao saque ao erário.

Damares submergiu involuntariamente no instante em que a chamada inapropriadamente de “ala ideológica” foi forçada a pular no mar após a saraivada de rojões que incinerou vestes, mãos e pés do ex-chanceler Ernesto Araújo e do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. A pastora chegou a ser aventada como eventual sucessora de Hamilton Mourão na chapa que tentará disputar a reeleição, mas foi guardada no quarto de despejo pela ação sôfrega e avassaladora do Centrão. Este se tornou a tábua de salvação do chefão das milícias do “Estado” bolsonarista em troca da única cloroquina que funciona: mais de um terço dos votos parlamentares que podem evitar o impeachment, que a imprudência do titular da ocasião do Executivo não se cansa de cortejar.

O ex-juiz da Lava Jato, que, por cinco anos, acenou com a possibilidade de encerrar a impunidade dos poderosos corruptos, teve de entregar o Ministério da Justiça e da Segurança Pública a um áulico declarado do petismo que mandou o oitavo mandamento das tábuas da lei judaico-cristã às favas. E, para cúmulo do cinismo, o posto do qual foi alijado passou a ser ocupado por uma prova bípede da acusação, que ele fez ao sair, de que Sua Excelência pretendia interferir politicamente na Polícia Federal (PF). Agora o novo ocupante do cargo, delegado Anderson Torres, em entrevista à Veja, realizou o sonho dourado de Márcio Thomaz Bastos de usar a polícia judiciária como guarda privada da famiglia do poderoso chefão. Mas o Supremo Tribunal Federal (STF) adia o inquérito para as calendas, por não definir se o necessário depoimento do investigado no processo deve ser presencial ou pode ser por escrito. Acredite se quiser.

Sobrou Paulo Guedes? Ou melhor: sobrou o quê de Paulo Guedes? Diariamente desmoralizado por intervenções pessoais do capetão sem noção no depósito do devastado “posto Ipiranga” do governo, resta ao discípulo de Milton Friedman, que a qualquer hora pode ser despejado do túmulo por tanto se remexer, ocupar o lugar do bobo da corte, cujas graçolas não fazem mais o dono do picadeiro sorrir. Até figurantes no drama da perda de prestígio generalizado de uma corte de circunstâncias, sem pompa nenhuma, debocham de suas tiradas surrealistas. No dia em que Guedes atribuiu o colapso do sistema de saúde pública no combate à covid aos brasileiros que insistem em abusar das conquistas tecnológicas da medicina para viver 120, 130 anos, seu ex-pupilo Rogério Marinho disse nas fuças dele que pretende chegar àquela idade provecta, ora, quem diria.

Ainda não foi dado a ninguém saber se o chefão impiedoso mantém o concorrente ao troféu “palpite infeliz” em banho-maria ou no freezer. Mas quanto menos poder o miúdo Guedes exibe, a mais absurdos recorre. É de sua lavra, por exemplo, a boutade cruel de que o filho de seu porteiro teve direito ao Fies, herança do governo petista, mesmo colecionando zeros, nota que na certa seus mestres liberais dariam a essa surreal pirueta de preconceito e burrice. Pois o citado beneficiário lhe contou algo que ele poderia ter aprendido nas aulas de Chicago: o Fies não é uma dádiva, mas um empréstimo a ser pago após o diploma, prática geral no mundo inteiro.

A mais recente, e nunca se saberá se será a última, revela o lado mais imbecil da crueldade da loja de inconveniência do chefão perverso. O guardião do segredo dos cofres da República comemorou a volta ao pleno emprego no dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que 14,4 milhões de brasileiros estão na fila por um trabalho no País – o maior contingente desde 2012, quando começou a série histórica. Impossibilitado de realizar o censo de 2020 pelo menos até o próximo governo, a renomada instituição calcula em 6 milhões o total de patrícios que desistiram de procurar trabalho e em 34 milhões o contingente de trabalhadores informais. O melhor motivo para o “professor” Guedes não lastimar esse quadro realista é o de que ele mesmo não sobreviverá da caridade alheia, de que depende um número cada vez maior de miseráveis brasileiros sob o desgoverno no qual ele representa o tal “liberalismo”. Ele poderá perder o confortável emprego de cômico do castelo, mas nunca a espetacular renda paga com sangue, suor e lágrimas dos cidadãos do povo.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira, 3 de maio de 2021)

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No Estadão desta quarta-feira: Moro, suspeito condenado pelo grato e indolente STF

José Nêumanne

Por gratidão aos padrinhos, ministros

preferem protegê-los a ser fiéis à Constituição

Por 7 a 2, ministros indicados por FHC, Lula, Dilma e Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF) cancelaram todas as decisões de quatro instâncias, inclusive a própria, para rasgarem a lei de iniciativa popular da ficha limpa e a capivara de um deles, Lula. O decano Marco Aurélio Mello pediu vista, não tem prazo para liberar a votação final e só quando o fizer se saberá como votará o presidente, Luiz Fux. Mas o ex-juiz Sergio Moro, que o condenou, foi por eles condenado a ser suspeito. Uma inovação em que jogaram na lixeira o conceito romano “em dúvida, a favor do réu”.

Foram negados os recursos da defesa contra a sentença em votações unânimes no Tribunal Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no próprio STF, estes de Brasília. As provas apresentadas pela Operação Lava Jato foram mantidas. A sentença e as votações em segunda, terceira e quarta instâncias nunca foram revistas. Na votação nada foi dito de substantivo que pudesse desabonar o ex-juiz, desembargadores e ministros que não atribuíram aos procuradores a condição de “quadrilheiros”, expressa em voto pelo comando de caça aos combatentes contra a corrupção, sob a chefia de Gilmar Mendes.

Na tal Corte, por mero apreço à fiel guarda da Constituição e dever perante o povo que lhes paga os mais altos vencimentos do serviço público, dois deles, se não todos, deveriam recusar-se a julgar o pleito em questão por… parcialidade. Mendes tem mostrado muito amor aos textos e desprezo aos fatos. Nomeado por Fernando Henrique, fez os mais desaforados discursos contra o Partido dos Trabalhadores (PT), do beneficiário de sua guerrilha particular. Foi o voto decisivo para a adoção da jurisprudência da decretação de prisão de condenados em segunda instância. Por “coincidência”, mudou de opinião quando os tucanos se tornaram alvos da “quadrilha” da Lava Jato. Berrou, estrebuchou, fez caretas e citou juristas alemães na língua de Adolf Hitler, até conseguir virar a jurisprudência.

Ricardo Lewandowski, indicado por Orestes Quércia para o Tribunal de Alçada, agora de Justiça do Estado de São Paulo, chegou ao topo da carreira com uma canetada de Lula. Revisor do mensalão, lutou contra o relator, Joaquim Barbosa, e foi vencido nas tentativas de inocentar asseclas do padroeiro. Poderia ter usado o tempo que a lerdeza da Justiça brasileira permite para corrigir, a seu talante, a sentença de Moro. Preferiu a gratidão indolente para dar seu voto a favor do chefão Lula na estratégia planejada na cela da Polícia Federal em Curitiba com o blogueiro norte-americano Glenn Greenwald, condenado por crimes financeiros em Nova York. Seu voto omitiu mensagens obtidas por criminoso hackeamento de mensagens telefônicas, cuja autenticidade nunca foi submetida a perícia alguma, ao alcance de requisições de quaisquer julgadores. O colega Luís Roberto Barroso acusou-o de provocar o lema “o crime compensa”. E, acrescento, podem ser validadas provas obtidas sob tortura. Como Mendes, nunca se eximiu da parcialidade óbvia de seu voto, limitando-se a fornecer a colegas menos dotados de inteligência, como Cármen Lúcia, a desculpa esfarrapada que inspirou a virada de casaca do combate ao apoio à corrupção em fatos novos. Sem apontar um só para atenuar o cinismo de sua pirueta farisaica.

E, assim, a velha ilusão de que todo ministro do STF, mais dia, menos dia, volta a ser pagão, abandonando seu padrinho de pia, desmanchou-se e foi substituída pela caradura reinante, que induziu o protégé-geral da República, Lula, a ir ao Twitter proclamar que ele é o único beneficiário do mimo. Este foi desmentido no dia seguinte, quando o coleguinha daqueles Alexandre de Moraes, autor da censura ignóbil à revista Crusoé, que ousara denunciar manobra defensiva do então presidente do nada excelso pretório, Dias Toffoli, de livrar a própria mulher e a de Mendes da xeretice de fiscais da Receita, tirou Temer das garras de Bretas, o Moro do Rio. E o desviou para o colo fofo de Brasília. É notório que ele foi ministro da Justiça e alçado ao STF pelo réu.

Nos últimos dias, os esgares de Mendes não conseguem esconder a estratégia do falso jornalista ianque, “flagrando” a suspeição do ex-juiz da 13.ª Vara ao aceitar o convite de Bolsonaro (eleito em votação direta periódica), para o Ministério da Justiça. E transformando o que sempre foi uma missão honrosa em opróbrio. Ou pelas insinuações de suas tendências políticas de direita, como se a democracia cabocla fosse reservada apenas a quem professe a fé cega e faca amolada de que o taumaturgo de Garanhuns tenha sido vítima de perseguição judicial.

Ao higienizar a ficha imunda do ex-dirigente sindical, o ex-militante petista Edson Fachin vendeu a ilusão de que estava tentando evitar a punição daqueles que sempre exaltou em seus votos, ora vencidos. Mas estes não dependem de manobras desse gênero. E, sim, da malandragem de cortesãos que se recusam a cumprir seu dever de verdade e tornam a virtude da gratidão pecado da balofa indolência, muito bem paga e mal-intencionada.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na Pag.A2 do Estado de S. Paulo da quarta-feira 28 de abril de 2021)

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