Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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No Estadão desta quarta-feira: CPI da Covid já pode aprovar relatório final

José Nêumanne

Vídeo do conselho informal de Bolsonaro

contra vacina dispensa novos depoimentos

O site Metrópoles divulgou vídeo de reunião de 8 de setembro de 2020 no Palácio do Planalto em que os médicos Osmar Terra, Paolo Zanotto e Nise Yamaguchi recomendaram ao presidente Jair Bolsonaro não comprar vacinas. O chefe do desgoverno usou seu serviçal na Saúde, o intendente incompetente Eduardo Pazuello, como estafeta e cancelou compromisso de compra de 46 milhões de doses da Coronavac. Até hoje, nove meses depois, ele ainda condena isolamento social e uso de máscara. Conforme notícia posterior e da mesma fonte, houve 27 reuniões. Só isso já caracteriza, com sobras, subversão da ordem institucional, pois saúde pública é com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Não há, portanto, nada mais há a ser revelado em novos depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado sobre omissões e crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro e membros de seu repugnante desgoverno no combate ao contágio letal do novo coronavírus. Não se trata aqui de desmerecer para descontinuar o trabalho competente e indispensável que vem sendo efetuado pelo dito “grupo dos sete” na coleta de dados relevantes. O ex-secretário de Comunicação do Presidência da República Fábio Wajngarten entregou ao relator, Renan Calheiros, a carta do laboratório Pfizer oferecendo vacinas, que ficou sem resposta de seus destinatários de primeiro escalão. E, como agora se sabe, pela metade do preço. O senador Otto Alencar levou Nise Yamaguchi, presente às reuniões palacianas, a confessar à CPI sua abissal ignorância em epidemiologia, ao não responder a questões básicas sobre o vírus que nos aflige. A epidemiologista Luana Araújo reduziu a pó a estúpida defesa do negacionismo bolsonarista pelos senadores governistas Marcos do Val, Marcos Rogério, Eduardo Girão e Luiz Carlos Heinze.

Com um mês de atividade e a dois, portanto, de seu encerramento legal, que pode, mas não deveria, ser prorrogado, integrantes e ex-integrantes da cúpula do Executivo, formal ou informal, negaram a existência dessa estrutura paralela e empoderada, revelada pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta à CPI. O próprio presidente desta, senador Omar Aziz, concluiu que a gravação comprova a existência de um poder paralelo e superior ao do ministro da Saúde. Para ele, “não se trata mais de falar que supostamente existe algo. Está comprovado”. Outros membros da comissão reconhecem que, como disse um de seus propositores e vice-presidente, Randolfe Rodrigues, “o vídeo é a prova definitiva da existência do gabinete paralelo que a CPI já investigava”. O relator da comissão, senador Renan Calheiros, também considera inegável a existência do que batizou de “Ministério da Doença”.

Ao contrário do que os bolsonaristas pretendem determinar, como de hábito, a comparação com shadow board (conselho sombra) ou shadow cabinet (gabinete sombra) não foi feita pela “extrema imprensa”. Mas por um participante da reunião, transmitida ao vivo nas redes sociais do presidente. O microbiologista da Universidade de São Paulo (USP) Paolo Zanotto, que se diz “amigo” do chefe do desgoverno federal, chamado a discursar na reunião, sugeriu a fórmula, usada institucionalmente no Reino Unido desde o século 17. O termo sombra não se refere a trevas, mas ao fato de cada membro ficar na cola dos ministros do partido do governo. No afã de inocentar Jair Messias, missão a que se agarram sem pudor seus adoradores, o mesmo médico, que foi convidado à mesa por Osmar Terra, recorrem ao direito de desmentir até o óbvio, sem nada temer.

O gabinete mais das trevas que da sombra tem tornado inútil o esforço da CPI de arrancar depoimentos dos vassalos do chefão que abusam do direito constitucional ao silêncio, garantido por Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Eduardo Pazuello e Nise Yamaguchi, para desmentir os fatos. E as declarações que eles mesmos já deram, em shows de cinismo sem limites.
O especialista em partos (perinatalogia) e neurociência Osmar Terra, ex-militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), à época já tendo obedecido ao tirano albanês Enver Hoxxa, agora é fiel ao adorador de torturador e miliciano. A oncologista Nise Yamaguchi seria na certa mais capacitada a convencer Bolsonaro de que não se cura câncer com pílula do que a recomendar-lhe a inclusão na bula da cloroquina da cura da covid-19. A reputação do microbiologista Paolo Zanotto, da USP, é polêmica e duvidosa. Os três poderão alegar que estão mais próximos de entender o sistema respiratório para assessorar Bolsonaro do que o encarregado por este de estudar o novo coronavírus, Arthur Weintraub, advogado de baixo renome profissional e incapaz de distinguir um alvéolo pulmonar do “auriverde pendão de minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança”.

Já que não conseguirá mesmo trazer Arthur Weintraub e Carlos Wizard dos Estados Unidos para deporem, convém aprovar o relatório final e encaminhá-lo ao Ministério Público Federal, que muito provavelmente o despejará na lixeira mais próxima. Pelo menos isso reduzirá gastos públicos.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na PagA 2 do Estado de S. Paulo da quarta-feira 8 de junho de 2021)

Para ler no Portal do Estadão clique aqui.

 


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Comentário no Jornal Eldorado: Bolsonaro se mete em escândalo da CBF

O presidente afastado da CBF Rogério Caboclo perguntou a sua secretária se ela ‘se masturbava’ estando  a sós na sala do dirigente. Áudios revelados pelo Fantástico, da TV Globo, revelam a conversa, em que a vítima o acusou de assédio sexual e moral, o que levou no domingo 6 o Comitê de Ética a afastar o cartola preventivamente por 30 dias. O escândalo pôs fim à crise da diretoria da entidade com a seleção brasileila em plena disputa das eliminatórias da Copa do Mundo contra Equador e Paraguai. Na ocasião, em conluio com o presidente da República, Jair Bolsonaro, o acusado aceitou a proposta da Conmebol, enrolada em casos de corrupção como a Fifa e a CBF, para sediar a Copa América, que começa no próximo domingo, no Brasil. Bolsonaro é o oposto do rei Midas: tudo o que toca se transforma em fezes.

Para ouvir comentário clique no play abaixo:

 

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Assuntos para comentário na segunda-feira 7 de junho de 2021

1 – Haisem – CBF afasta presidente depois de denúncia de assédio sexual – Esta é a manchete da edição impressa do Estadão neste 7 de junho de 2021. Em que esse novo escândalo na Confederação Brasileira de Futebol afetará a realização da Copa América no Brasil

2 – Carolina – Polícia Federal cita acessos no Planalto a contas sem identidade – Este é o título da chamada no alto da primeira página no jornal neste começo de semana.  Quais serão as conseqüências de uma investigação séria sobre mais este escândalo envolvendo a cúpula do governo federal

3 – Haisem – Governo ignora lei do Congresso e bloqueia verbas – Este é o título de outra chamada no alto da primeira página do Estadão de hoje. O que pode haver de grave nessa notícia de que a cúpula do Poder Executivo não dá a mínima para uma decisão do Legislativo

4 – Carolina – Comandante comandou ação da Polícia Militar no Recife – Este é o título de uma chamada de primeira página no Estadão que está circulando. Em que essa notícia esclarece o flagrante de violência cometido pelas tropas policiais contra manifestações democráticas de sábado 29 de maio na capital pernambucana

5 – Haisem – A república das milícias, segundo Paes Manso – Este é o título da edição da série Nêumanne entrevista publicada anteontem no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão. O que ela esclarece sobre o desabamento do prédio no Rio das Pedras e a relação dos Bolsonaros com os milicianos da zona oeste do Rio de Janeiro

6 – Carolina – Bastidores das entrevistas de Roberto d’Ávila – Este é o título do programa da série Dois dedos de prosa publicado ontem no Blog do Nêumanne do Portal do Estadão. O que de interessante há no relato feito pelo entrevistador sobre seu trabalho na televisão


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No Blog do Nêumanne: Bolsonaro – da ‘rachadinha’ ao ‘rachadão’

José Nêumanne

Decisão de vice-procurador da República de arquivar investigação da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos merece punição, mas quebra do sigilo por Moraes pode salvar inquérito e instituição

Todos os cidadãos honrados e conscientes do Brasil vinham manifestando há tempo preocupação com a demora do inquérito que o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu, em abril de 2020, sobre os atos antidemocráticos bolsonaristas, com adesão do chefe e homenageado em pessoa. A desconfiança desabou sobre as instituições garantidoras da prática da democracia do País quando o vice-procurador da República, Humberto Jacques de Medeiros, sugeriu ao STF seu arquivamento.

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no STF, esclareceu que não se tratava de desleixo ou incúria da polícia judiciária, ao informar que de sua mesa partira o pedido de despacho de quem de direito, a Procuradoria-Geral da República (PGR), em 4 de janeiro passado. E a resposta, com a recomendação do arquivamento, só seria encaminhada à última instância em junho, cinco meses depois. No despacho, a PGR argumentou que a Polícia Federal (PF) não fez o dever de casa, deixando de investigar, por exemplo, o caminho trilhado pelo dinheiro ilícito no financiamento das manifestações em que os investigados atacaram a democracia, criticando e até agredindo o STF e o Congresso Nacional. E exigindo a intervenção golpista do presidente da República, com apoio das Forças Armadas.

Mas o documento espúrio cairia na vala-comum sem resposta. Faltaram tanto ao chefe do Ministério Público Federal (MPF), Augusto Aras, de origem petista e dublê de advogado e procurador, quanto a seu quiçá operador os mínimos conhecimento e vontade de trabalhar para calcular direito o passo que deram. No livro O que Sei de Lula, publicado em 2011, eu me referi ao fato de a PF ser indomável, tendo dobrado chefes como Paulo Lacerda, Márcio Thomaz Bastos e o próprio presidente da República àquele ano, às prerrogativas de independência da corporação. No livro esclareço que, definida como uma “instituição republicana”, no dizer do ministro da Justiça de então, de fato, a PF era um órgão dividido entre viúvas de Romeu Tuma, petistas e tucanos.

Hoje, na prática, desde que o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, nomeou um subordinado fiel ao poderoso capetão sem noção, Paulo Maiurino, a patota palaciana nutriu a ilusão de que nela o bolsonarismo blindaria o atual ocupante do poder a qualquer custo. A abertura do inquérito contra o ministro do Mau Ambiente, Ricardo Salles, após denúncia de autoridades norte-americanas da participação dele em venda de madeira nobre ilegal para os Estados Unidos, recomendou que tivessem um pouco mais de cautela. A reação da delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, mantida por Moraes mesmo após ela ter-se declarado contra a investigação, foi inesperada. Pois, em defesa do próprio trabalho, a federal requisitou a continuidade da investigação que o MPF mandara arquivar, com base em provas concretas e dados irrefutáveis para apoiá-la.

O delegado Alexandre Saraiva, que investigou a corrupção de um membro da ala dita “ideológica” do bolsonarismo, na verdade golpista, foi afastado da direção da PF no Amazonas, mas a investigação, alimentada por informações enviadas dos Estados Unidos, prosseguiu. E deixou o presidente na condição de conviver com a corrupção – com cujo combate se comprometeu na campanha eleitoral – na Esplanada dos Ministérios. Na intimidade da polícia judiciária sabe-se que a delegada também sofre pressão fortíssima. Mas nada indica que a fogueira em que arde a imagem “impoluta” do chefão do Planalto se torne cinza fria tão cedo. A tendência é que o escândalo se instale e, em vez de sombra, produza novas chamas.

Esta semana começou com uma bomba atômica de efeito retardado: após receber um documento de 145 páginas da delegada citada, o implacável ministro Alexandre de Moraes levantou o sigilo do inquérito da PF. E afastou para bem longe qualquer possibilidade de queimar a responsável por ele, acusando-a de ter vazado as informações para a publicação do furo sensacional da lavra de Pepita Ortega, Rayssa Motta e Fausto Macedo, que o publicou em seu blog no portal do Estadão.

O rastro do furo é só lama, pois, segundo os repórteres, “ao menos 1.045 acessos de contas ‘inautênticas’ são ligadas a aliados do presidente Jair Bolsonaro – derrubadas pelo Facebook há quase um ano – partindo de órgãos públicos como a Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o Senado e o Comando da 1.ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército. Ao analisar parte dos perfis apontados pela rede social como falsos, os investigadores que atuam no inquérito dos atos antidemocráticos identificaram assinantes de redes privadas das quais partiram 844 acessos, incluindo uma provedora ligada à primeira-dama Michelle Bolsonaro”,

Reportagem da TV Globo mostrou ainda que a PF apreendeu planilha indicando que servidores públicos repassaram dinheiro ao canal do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que fugiu do Brasil. A lista inclui a transferência de R$ 70 mil feita por uma servidora do BNDES a um sócio do blogueiro. Entre abril e maio de 2020, no auge dos atos antidemocráticos, houve quase 650 transações para Allan sem identificação de CPF. Ou seja, a “rachadinha” de Flávio e Jair virou um “rachadão” descomunal. E inclui a presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara bolsonarista e do Centrão, Bia Kicis, e o empresário Otávio Fakhoury. Daí se pode deduzir a que ponto Aras e seu anspeçada Medeiros podem chegar na perseguição do sonho  de ocupar a vaga do atual decano do STF. Se o impeachment não o alcançar antes.

·       Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira 7 de junho de 2021)

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Direto ao Assunto no YouTube: CPI pega Yamaguche na mentira

1 – Acusada pela #cpidacovid do #senado de participar do #gabineteparalelo para a má gestão da #pandemia, a médica #niseyamaguchi foi várias vezes flagrada mentindo e não conseguiu encontrar versão convincente da acusação que lhe foi feita por #luizhenriquemandetta e #barratorres de haver tentado impor a inclusão na bula de #cloroquina falsa cura da #covid19. 2 – #pm que forçou #petista #arquidonesbitesleao a retirar de seu carro cartaz de #bolsonarogenocida foi afastado do serviço para ser investigado e a #policiafederal não enquadrou o professor na #leidesegurancanacional. 3 – Contra especialistas que temem #contagio do #novocoronavirus, o presidentedarepublica assumiu a autorização da disputa da #copaamerica no #brasil, sendo nisso apoiado pelo inimigo #joaodoria. 4 – A #morteprematura de #joaomiguel, filho de #winderssonnunes e #marianina, expôs a faceta cafajeste e desumana de um #brasil, no qual #jairbolsonaro não é um #pontoforadacurva. #joseneumannepinto. #diretoaoassunto. Inté. E só a verdade salvará as nossas vidas.
Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


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No Blog do Nêumanne: PM bolsonarista agride; chefe se omite

José Nêumanne

Ao não punir comandante da PM que reprimiu com truculência manifestação democrática a favor da vacina e do impeachment de Bolsonaro, governador dito socialista faz de conta que nada houve

Em ao menos 200 cidades brasileiras ocorreram manifestações populares contra o governo no sábado, 29 de maio. Esses grupos se reuniram em passeatas nas quais pediram mais vacina contra a covid-19, o retorno do auxílio emergencial e o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Houve duas diferenças relevantes, em comparação com os comícios ilícitos, de acordo com a legislação eleitoral, convocados pelo chefe do Executivo para tornar viável sua chegada ao segundo turno da eventual reeleição em 2022: havia muito mais gente e ocorreram em todos os Estados e no Distrito Federal. Mas foram menos concorridos do que os atos contra a gestão pública em geral, em 2013. Ou mesmo os protestos que reforçaram o impeachment de Dilma Rousseff, em 2015 e 2016.

É certo que se debilita o discurso contra as aglomerações, que provocam  maiores velocidade e letalidade do contágio da covid-19, patrocinadas pela principal autoridade desta “republiqueta da cloroquina”. Pois, mesmo tendo a maioria dos manifestantes usado máscaras, muitas vezes duplas, não foi possível evitar as aglomerações. Deve-se, contudo, levar em conta o fato de, apesar de justo e sensato, esse argumento nunca ter produzido resultados práticos. Pois o chefão do Executivo ainda convoca aglomerações, confronta estupidamente o necessário isolamento social e desafia a lógica e a ciência com a pregação sistemática da dispensa da proteção facial. A propósito, talvez seja o caso de aqui recorrer a uma constatação feita pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, o pediatra Renato Kfouri. Segundo ele disse na série Nêumanne Entrevista no Blog do Nêumanne, “a infodemia mata mais do que a pandemia”. Ou seja, as mentiras deslavadas do presidente e seus asseclas são mais favoráveis ao novo coronavírus do que a perspectiva de aumento das estatísticas trágicas por culpa dos atos contra sua gestão.

Convém ainda lembrar que as ruas ocupadas por quem se opõe a Bolsonaro disseram muita coisa, apesar dos riscos da aglomeração e de agressão. Ou seja, o povão, de verdade, deu o recado que precisava dar: perdeu o medo, desafiou todos os riscos e disse a Bolsonaro que, sim, é melhor perder a vida lutando do que morrer acovardado, à espera de uma vacina que não chega, sob a égide de comícios ameaçadores c ao alcance de um milhar de policiais gastando o dinheiro público sem máscaras e sem proteção para desafiar publicamente o isolamento social.

Em toda caminhada é preciso dar o primeiro passo e essa passada foi dada sábado, em recado eloquente dado por centenas de milhares de vidas, que não podem ser desprezadas, atiradas na vala-comum ou tratadas com ironia. Como a disseminada pelo membro do gabinete de ódio bolsonarista Tércio Arnaud Tomaz, que ironizou em redes sociais a morte por covid do jornalista Fábio Campana, vacinado. O capetão sem noção agora saberá que muitos desordeiros e oportunistas ao seu redor estão saindo de perto, enquanto fica patente que ele não é o dono do Brasil. O caubói e sua claque que muge dirão que não ouvem as estrelas nem os comunistas. Chegamos a este ponto: quem não apoia este governo nojento e assassino vira automaticamente comunista, para desarmar e retirar o poder de cidadãos inertes diante da gana da profissão predileta do artilheiro profissional que se orgulha de dizimar uma população até agora mantida silente. Mas que, Deo gratias, de repente, desperta neste terrível e atribulado pesadelo.

“Sabe por que tem pouca gente nessa manifestação da esquerda do último fim de semana? Porque a PF e a PRF estão apreendendo muita maconha pelo Brasil. Faltou erva para o movimento. Faltou dinheiro também”disse o presidente a seus fanáticos seguidores, à porta do Palácio da Alvorada. Nem ele nem o seu rebanho conhecem a aritmética básica.

Os atos de sábado também ministraram uma lição relevante a ser aprendida pelos adversários de Bolsonaro. A Polícia Militar (PM) de Pernambuco agrediu a vereadora petista Liana Cirne, do Recife, teve o rosto atingido por spray de pimenta. O governador Paulo Câmara, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), fundado por Miguel Arraes, disse que o comandante da operação e quatro policiais militares envolvidos na agressão foram afastados das funções e são investigados. Seria ridículo se não fosse trágico. Daniel Campelo da Silva, de 51 anos. perdeu o olho esquerdo,  e Jonas Correia de França, de 29, também tem uma vista sob risco. O governo disse que vai acompanhar “a assistência médica aos dois” e acionou a Procuradoria-Geral do Estado para “iniciar o processo de indenização aos atingidos”. O evento exigia a demissão do comandante e a expulsão dos PMs envolvidos, ao invés da solução burocrática de hábito.

“Meu desespero e meu medo era que eles caíssem em cima de mim e eu ficasse sufocado. Não teria problema um deles ter me abordado e dado voz de prisão. Nós fomos tão pacíficos que não fomos algemados. Não foi desferida nenhuma palavra de ofensa contra eles”, disse o cantor Afroito, arrastado e detido pela PM.

 Qualquer brasileiro minimamente informado sabe que as PMs são milícias fardadas a serviço de Bolsonaro, que confessou isso na reunião de ministros em 22 de abril de 2020, que foi possível de ser vista por todos por decisão do então decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello. A omissão do governador de Pernambuco desestimula ações enérgicas de outros que não agem como deveriam para fazerem abortar o autogolpe anunciado por Jair Bolsonaro. Este reproduz nos detalhes mais infames a escalada dos fascistas de Benito Mussolini, descrita no romance sem ficção, do milanês Antonio Scurati, M, o Filho do Século. Ninguém pode alegar surpresa. Não há mais vítimas. E todos os omissos são cúmplices.

  • Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda 21 de maio de 2021)

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Comentário no Jornal Eldorado: Até quando instituições funcionarão?

O ministro do Tribunal de Contas da União Walton Alencar Rodrigues, relator das contas de 2020 da Presidência da República, exigiu que o Palácio do Planalto e o Ministério da Economia entreguem, num prazo “improrrogável” de cinco dias úteis, cópias dos documentos ainda ocultos do orçamento secreto, esquema montado pelo presidente Jair Bolsonaro, no final do ano passado, para garantir apoio no Congresso. A decisão de abrir a caixa-preta do “tratoraço”, caso revelado pelo Estadão, inclui a exigência de entrega de ofícios de deputados e senadores, papéis até agora mantidos em sigilo, que formalizaram o direcionamento de bilhões de recursos de emendas de relator-geral do orçamento (chamadas RP 9) a redutos eleitorais. Ainda há instituições republicanas em Brasília. A questão é: até quando?

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Assuntos para comentário da sexta-feira 28 de maio de 2021

1 – Haisem – Tribunal de Contas da União exige do governo documentos ocultos do orçamento secreto – Esta é a manchete da edição impressa do Estadão neste 28 de maio de 2021. Por que razão você acha que o órgão fiscalizador do Poder Legislativo adotou essa providência

2 – Carolina – País poderia ter o dobro de vacinados, diz Dimas Covas – Este é o título de uma chamada no alto da primeira página do jornal desta sexta-feira. Qual foi, a seu ver, a relevância do depoimento do diretor do Instituto Butantan à comissão parlamentar de inquérito do Senado sobre a covid

3 – Haisem – Pazuello diz que não foi ao ato político com Bolsonaro – Este é o título de outra chamada do alto da primeira página do Estadão de hoje. Que punição você acha que merece o general intendente depois dessa explicação absurda sobre sua participação na tal motociata de domingo com o presidente da República no Rio

4 – Carolina – Disciplina militar em xeque – Este é o título do primeiro editorial do jornal hoje. Você acha que a transgressão do estatuto militar e das leis eleitoral e sanitária de fato exige punição em regra ou seria um exagero, se adotada pelo comandante

5 – Haisem – Fux e Toffoli não se dão por impedidos, também votam e Supremo anula delação de Sérgio Cabral com a PF – Este foi o título de reportagem do Estadão que está circulando. Como você comenta o julgamento do STF que tornou sem efeito por 7 a 4 o acordo de delação do ex-governador do Rio de Janeiro

6 – Carolina – O que você tem a dizer sobre as mortes do sambista Nelson Sargento e do arquiteto urbanista Jaime Lerner na quinta-feira 27 de maio

 

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