Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

Destaques


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

No Blog do Nêumanne: Boa lição da Anvisa a Bolsonaro

José Nêumanne

A agência agiu corretamente ao suspender Brasil X Argentina, punindo malandragem em nome de falso espírito esportivo, e presidente deveria parar de dar mau exemplo e obedecer à lei sanitária

A interrupção do jogo entre Brasil e Argentina pode ter sido um péssimo negócio para as confederações de futebol dos dois países e emissoras e anunciantes envolvidos no evento. Mas, do ponto de vista da higidez das instituições republicanas, merece uma comemoração de campeonato, há muito tempo disputado, mas nunca conquistado. Ao confirmar o milenar dístico latino – dura lex sed lex (a lei é dura, mas é a lei) –, pôs no devido lugar atravessadores de um grande negócio mundial – o futebol –, que se aproveitam da paixão popular para se darem bem, nem sempre usando meios legítimos e muitas vezes abusando de privilégios.

Urge aproveitar as lições dadas e aprimorar a impessoalidade e a verdade, sob cuja égide devem viver as instituições que garantem o bom e velho Estado de Direito. A obediência à regra sanitária que inspirou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não deve ser condenada, mas imitada. Tudo partiu da desobediência de uma delegação de visitantes estrangeiros, que desafiaram portaria, assinada por três ministérios – Justiça, Saúde e Casa Civil –, dando à agência reguladora poder de fiscalizar e punir para proteger a população do País da possibilidade de contágio pela covid-19; e, para tanto, apelaram para conceitos incapazes de desafiarem o primado da proteção à saúde e à vida.

É possível questionar, mas nunca desobedecer, a inclusão do Reino Unido, ao lado de Índia, África do Sul e Irlanda do Norte, entre os países cujos cidadãos são obrigados a cumprir quarentena de 14 dias ao chegarem a território brasileiro para quaisquer fins. A afirmação do presidente da Associação de Futebol Argentina (AFA), Claudio Tapia – “O que aconteceu hoje é lamentável para o futebol, é uma imagem muito ruim. Quatro pessoas entraram para interromper o jogo para fazer uma notificação e a Conmebol pediu aos jogadores que se dirigissem ao vestiário” –, é absurda, cínica e mentirosa. Pois incidente similar ocorreu em Salvador, em 4 de maio, quando 11 jogadores do Independiente foram testados positivos e os 36 membros da delegação, autuados pela Anvisa,  atuaram normalmente. Pois a agência dispõe de poder de polícia em assuntos sanitários, mas não de instrumentos de força para fazer cumprir suas decisões. E a Polícia Federal (PF) não agiu como deveria. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) não puniu o clube portenho, mantendo uma antiga tradição de impunidade no que se refere a interesses de clubes portenhos. A reação do Independiente foi definida pelo zagueiro Juan Manuel Insaurralde: “Não encontramos explicação para os maus-tratos que recebemos no Brasil”. A reação da AFA agora, como se se tivesse surpreendido com a repetição do episódio com a seleção nacional, a supera em cínico surrealismo.

Assim como o fez nossa Polícia Federal, que desconheceu a exigência da portaria multiministerial e não impediu o desembarque da delegação com quatro signatários de um relatório afirmando que não haviam passado pelo Reino Unido, onde moram e atuam, nos 14 dias anteriores. Depois do incidente, que obrigou o diretor da Anvisa Alex Machado Campos a interromper o jogo com cinco minutos de bola correndo, a PF, cuja inépcia foi desconsiderada pelo presidente da Anvisa, Barra Torres, colecionou falhas. Os membros da delegação que deveriam cumprir quarentena no hotel treinaram na véspera, foram para o estádio, três deles jogaram e o quarto foi relacionado para a partida. De volta à Argentina, quando tiveram a fuga protegida pelo embaixador Daniel Scioli, agora respondem por crime de falsidade ideológica, por terem mentido em documento oficial. Embora a declaração não tenha sido assinada por eles, mas por outro membro da delegação, Fernando Ariel Batista.

Milton Neves, apresentador do programa Terceiro Tempo, da Band, registrou no Twitter: “Lei é Lei! Anvisa acertou e acerte tb, Bolsonaro! Ponha máscara e vacine-se URGENTE, cumprindo a Lei do Bom Senso. Afinal, nos seus 30% de eleitores, vc tem milhares de admiradores sem máscara e que não aceitam a imunização porque vc teima contra o melhor time do mundo: a Vacina FC!”.

De fato, a notória desobediência dos futebolistas argentinos às normas sanitárias brasileiras repete hábitos condenáveis do presidente da República, amaldiçoando vacina e máscara, que ostensivamente não usa, promovendo aglomerações e inventando o primado do negócio sobre a vida. Com a pretensão de turbinar a economia, o que, aliás, não consegue. Além disso, ele pratica ostensivamente a charlatanice, ao prescrever remédios comprovadamente ineficazes para um tal “tratamento precoce”, que a medicina não reconhece.

Aos argumentos histéricos da direita estúpida, que imita o chefe do Executivo, os autênticos vilões do grotesco episódio violaram totalmente regras básicas do espírito esportivo e, agora, apelam para o nobre princípio para justificarem o desrespeito à competição e, principalmente, às duas torcidas. A presença de Lionel Messi, travestido de repórter fotográfico, após haver avalizado a ilegalidade da equipe, da qual é capitão, é o ícone grotesco de um negócio nem sempre limpo, sob qualquer aspecto, como tem sido o futebol de Fifa, Conmebol e CBF. A nota do Ministério da Saúde, apoiando a atitude da Anvisa, é um bom sinal de que existe uma luz no fim do túnel da malandragem da ilegalidade futebolística. Falta, agora, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid no Senado investigar e recomendar a punição, se for o caso, da conivência do desgoverno federal com a malandragem dos compadritos de AFA, Conmebol e CBF. Náusea!

*Jornalista, poeta e escritor


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Direto ao Assunto Extra: Mau exemplo de Bolsonaro em campo

1 – “Anvisa acertou e acerte também, Bolsonaro!” tuitou #miltonneves sobre insólita suspensão de Brasil X Argentina pelas eliminatórias do Mundial. 2 – Argentina relacionou para a partida quatro jogadores que atuam e moram na Grã Bretanha, mas entraram no Brasil declarando que nem estiveram ali. 3 – Portenhos cometeram falsidade ideológica e passaram por agentes da PF em Cumbica sem ter de cumprir quarentena, como exige a lei sanitária. #joseneumannepinto. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará;

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Dois Dedos de Prosa no YouTube: Segredos do sucesso de Maurício de Souza

1 – #mauriciodesousa inspirou-se em 3 de seus 10 filhos – Mônica, Magali e Mariângela – para inventar personagens de sucesso, entre eles Cebolinha. 2 – O criador de Chico Bento contou que aprendeu a escrever textos curtos para balões de quadrinhos na experiência que teve como repórter de polícia. 3 – No #doisdedosdeprosa desta semana, o cartunista revelou que aprende e corrige muita coisa conversando diretamente com leitores no #instagram. #joseneumannepinto. Direto ao Assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Nêumanne Entrevista no YouTube: Bolsonaro tem que sair já, diz Rabinovic

1 – É preciso expulsar #jairbolsonaro do poder antes da eleição, porque, “se tiver que acabar, é melhor que acabe agora”, diz jornalista Moisés Rabinovic. 2 – O ex-correspondente do #estadao em #israel lembrou que “o presidente deu todos os sinais de que tentará repetir Trump se perder, urge evitar isso”.. 3 – No #neumanneentrevista da semana, o ex-editor do #diariodocomercio concluiu ainda que o que “#arthurlira está fazendo também é criminoso”. #joseneumannepinto. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

No Estadão desta quarta-feira: Bolsonaro não é louco, mas um estúpido coerente

José Nêumanne

Disparates sem sentido do presidente

fazem parte de seu projeto de matar para mandar

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, disse o presidente da República, em 27 de agosto, para fãs que se reúnem diariamente à espera da ocasião propícia para bajulá-lo.

É comum atribuir suas patacoadas sem nexo a impulsos de insanidade. Muita gente boa e lúcida propõe convocar uma junta de psiquiatras para decretar a interdição de Jair Bolsonaro. Isso condiz a lógica, porque, ao longo de sua vida de mau militar e parlamentar em ócio permanente, ele nada produziu de útil.

De farda, resumiu sua passagem pela caserna a reclamar de baixo soldo. Sob acusação de terrorismo por ter planejado atentados à bomba em quartéis e numa adutora do Guandu, como expôs o repórter Luiz Malouf de Carvalho no primoroso livro O Cadete e o Capitão, foi convidado a cair fora da vida militar, que resumiu numa frase dita em Porto Alegre em 2017: “Minha especialidade é matar, não é curar ninguém”.

Em 30 anos de política, como vereador no Rio e deputado federal, sua improdutividade parlamentar facilitou a narrativa com a qual venceu a disputa pela Presidência em 2018: a de nunca ter sido um político de verdade. De sua passagem pela Câmara deixou duas obras: uma é o projeto da “pílula do câncer”, em parceria com o médico e sindicalista do PT Arlindo Chinaglia, sancionada pela petista Dilma Rousseff, outra personagem do folclore do absurdo infeliz. A segunda, o voto pelo impeachment da ex-guerrilheira, em que saudou como herói o torturador e assassino Brilhante Ustra, acusado de tê-la torturado. Em ambos os casos, elegeu a covardia e uma aparente contradição. Neste caso, será útil lembrar que cumpriu o que sempre quis na vida pública: amealhar patrimônio pessoal, garantir a própria impunidade e deixar uma polpuda herança para o pagador de impostos sustentar sua prole. Os “rolos” imobiliários do filho senador e do adolescente festeiro, de um descaramento atroz para pagadores das contas da famiglia, são evidências que talvez Nelson Rodrigues preferisse definir como “atordoantes”, em vez de “ululantes”.

A provocação à la Maria Antonieta do “não tem feijão, compre fuzil” é a versão armada da dicotomia que engendrou no início da pandemia de covid-19, ao opor à mortandade pelo novo coronavírus o primado da economia sobre a vida. Em março de 2020, expondo-se sem máscara na periferia de Brasília, ele disparava sua artilharia contra a ciência: “Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Tomos nós iremos morrer um dia”. Em fevereiro de 2021, previu o que mais parecia um desejo oculto de quem cultua a morte: “Vamos conviver com o vírus a vida toda”. Sobre mais de meio milhão de cadáveres empilhados à espera de sepultamento saiu-se com algo ainda mais desumano: “Não sou coveiro”. E era.

Por mais severa que a realidade seja, ao superar sua retórica fúnebre, Sua Insolência a tem enfrentado com a coerência do “contra os fatos há seus argumentos”. Sua fidelidade aos caçadores, garimpeiros ilegais, desmatadores de biomas e outros aliados não cede à transformação da pitoresca hinterland brasileira numa encenação real de um longínquo Oeste sem lei, como no começo da semana em Araçatuba, num assalto a mãos armadíssimas com três vítimas de morte. Nem à apreensão de dez fuzis escondidos no painel, no banco traseiro e nos pneus de estepe de um carro na Via Dutra, em Guarulhos. A realidade é apenas uma “idiotice” a mais na coerência de quem já foi contra o voto impresso fraudado. Em 1993, o então deputado federal de primeiro mandato Jair Bolsonaro (à época no PPR-RJ) participou de um evento no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para definir estratégias para a “salvação do Brasil”. Na ocasião, o capitão da reserva defendeu a informatização da apuração dos votos. O oposto do que prega agora.

No texto O projeto de Bolsonaro é um projeto de família, no Globo, Carlos Góes citou Filipe Campante, professor da Universidade Johns Hopkins, ao explicar, com realismo, as contradições entre os desejos do eleitor e as plataformas do chefão de nossa direita populista estupefaciente. “Tanto no caso do distanciamento social quanto no caso do longo atraso na compra das vacinas, o presidente teve posturas que se afastaram do desejo da maioria da população. Essas posturas eram, contudo, populares na sua base de apoiadores mais radicais. Embora reduza seu prestígio e sua própria probabilidade de reeleição, essas sinalizações tornam sua base mais fiel e podem garantir extração de renda futura para seus próprios filhos. Não no topo da pirâmide política, mas no baixo clero – espaço que a família ocupou por muito tempo. Mais do que um projeto de poder ou um projeto de país, o objetivo racionalizável parece ser usar o poder e o país para um projeto de família: uma nepocracia.”

Oscar Wilde constatou que “a coerência é a virtude dos imbecis”. Talvez mais do que louco, Bolsonaro seja coerente com seus planos. Portanto, basta! Xô! Fora!

(Publicado na página A2 do Estado de S. Paulo de quarta-feira 1 de setembro de 2021)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique aqui.


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

No Blog do Nêumanne: O sigilo é segredo de políticos como Barros

José Nêumanne

Vice-líder de FHC, Lula e Dilma e ministro de Temer, líder de Bolsonaro na Câmara, que personifica a nova face “negocionista” do desgoverno, fica no posto, blindado pelo chefe e pelo STF

O ex-prefeito de Maringá Ricardo Barros é um político da espécie privilegiada dos camaleões. Foi vice-líder do tucano Fernando Henrique e dos petistas Lula e Dilma, Mesmo sendo engenheiro civil, que nunca exerceu outro ofício que não fosse o da política profissional, foi ministro da Saúde no meio mandato dado de presente pelo PT a Michel Temer, do MDB. Tem, assim, a biografia de um politiqueiro ao velho estilo, sempre disposto a servir ao chefe do partido de posse do cofre. Em tese, não devia ter figurino de pau pra toda obra do capitão da antipolítica Jair Bolsonaro. Mas o falso faxineiro-geral da República é farsante-total do Executivo e o paranaense fâmulo de todos os senhores, seu líder na Câmara.

Durante a primeira metade dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, o ex-secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná não foi citado em depoimentos; Nem devassado em investigações comprometedoras. Até então, o presidente Jair Bolsonaro era tido como um ferrenho negacionista, que tinha deixado o total de óbitos de brasileiros pela ferocidade do novo coronavírus ultrapassar o meio milhão de vítimas fatais por ignorância ou “boa-fé” religiosa. Até que, de repente, não mais do que de repente, como diria o poeta, tudo virou de pernas para o ar e, quando a cortina caiu, apareceu na coxia o marido da ex-governadora de seu Estado do Paraná. Tudo, por obra e desgraça de um bolsonarista. O deputado Luís Miranda veio do nada no auto de fé e a história se tornou uma longa meada de negócios escusos, com muitas pontas e fios grosseiros. O parlamentar procurou o chefe do Executivo para contar a respeito dos tormentos do irmão, Luís Ricardo Miranda, chefe de importação (também de vacinas) do Ministério da Saúde, honesto servidor, assediado por pressões para dar deixar de atrapalhar uma negociata bilionária na compra de… imunizantes sem compliance.

Ora, direis, sonhas com insumos, afirmaria o senador Marcos do Val, incapaz de fugir do erro numa sentença de três palavras. Segundo a versão dos próprios, os dois irmãos ouviram do chefe do governo a promessa de mandar o “degê” (diretor-geral) da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino, investigar a origem e motivação das tais pressões. Dois dias depois da delação sem prêmio do aliado de boa-fé, o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, caiu. Mas a PF nada fez para apurar as razões do pesadelo do importador de vacinas. No depoimento, o irmão deputado contou aos senadores, após argumentos de Alessandro Vieira e Simone Tebet, que Bolsonaro em pessoa atribuiu tudo a algum indefinido “rolo” do Ricardo Barros. Sua Insolência nunca admitiu nem negou o cochicho traíra. E o mago Barros assomou ao protagonismo na cena. Pretenso pau-mandado dele, Roberto Dias perdeu o poder supremo de comprar vacinas sem prestar contas a outro chefão, o tenente-coronel Elcio Franco, e o emprego de currículo coroado. Ninguém, porém, mexeu no pretenso paraninfo, que depôs, mentiu, berrou e esperneou, mas segue incólume colosso.

A CPI decretou a quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do contratador de compradores de remédios. Barros recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). Cármen Lúcia, aquela do “cala boca nunca mais”, manteve a quebra. Mas decretou sigilo no que a CPI descobrir no passado penal do marido da sra. Borghetti, fina-flor das araucárias.

Ricardo Barros era ministro da Saúde de Temer quando a Global Gestão em Saúde vendeu ao governo do Distrito Federal R$ 20 milhões em remédios raros e caros para doentes graves, com a mãozinha gorda e providencial do doutor. A conta foi paga, os remédios não foram entregues e o dinheiro público depositado não foi devolvido. Em depoimento de fazer corar frade de pedra, o líder do desgoverno Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, disse que não pesa nenhuma condenação judicial contra a firma vendedora, que pertence a Francisco Emerson Maximiano, também dono da Precisa Medicamentos, que vendeu 20 milhões de doses de uma ignota vacina indiana, a Covaxin, por R$ 1,670 bilhão. O processo de compra levou os investigadores sérios da CPI do Senado a acreditarem que, no mínimo, R$ 230 milhões de adiantamento seriam subtraídos do erário para uma empresa de fachada do paraíso fiscal de Cingapura, a Madison; Sem que houvesse garantia nenhuma de que sequer uma dose do tal imunizante fosse aplicada em braço de brasileiro.

Os personagens da negociata – o cabo PM-MG Luiz Paulo Dominguetti, o pastor nada reverendo Amilton de Paula e mais um punhado de trambiqueiros mequetrefes – foram socorridos por vários ministros do STF com o mutismo obsequioso. E Barros terá seus segredos investigados, mas jamais revelados a quem o remunera. Que injustiça!

Com todas as vênias meritórias pela obediência à regulação democrática pela Constituição da República, alguém precisa contar ao pagador de impostos por que se chama de público o seu próprio honrado dinheirinho quando ele passa para as contas de algum emérito vigarista. Seja um amigo do peito do primogênito do presidente da República, seja o finório admirador do papai deste, o milionário “educador” Carlos Wizard.

Teremos de pedir ao deputado Aécio Neves, atualmente o Brancaleone secreto da armada de choque bolsonarista na Câmara, que consiga da conterrânea Cármen Lúcia a razão de esconder do pagador de impostos e contas públicas em geral as tenebrosas transações de políticos como os personagens dessa negociata em favor da indesejada das gentes?

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira 30 de agosto de 2021)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique aqui. 

Página 3 de 6912345...1015202530...»
Criação de sites em recife Q.I Genial

Deprecated: Directive 'track_errors' is deprecated in Unknown on line 0