Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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No Estadão desta quarta-feira: Bolsonaro investe contra a palavra, a vida e a verdade

José Nêumanne

Presidente não cumpre as próprias promessas,

sabota vacina e ataca meios de comunicação

Gestão Bolsonaro completa 2 anos sem cumprir promessas. Esta é a manchete deste jornal no último dia 21. O texto de Vinícius Valfré relaciona os 12 principais temas da campanha eleitoral que levou o capitão à vitória, todos abandonados no governo.

Já no início da gestão havia deixado de lado promessas de palanque, como privatizações, reforma tributária e apoio à Lava Jato. Para completar, em abril livrou-se de uma promessa pessoal: o ex-juiz Sergio Moro, símbolo da operação contra a corrupção. Outro pilar da lorota para seduzir liberais crédulos, o “posto Ipiranga” na economia, Paulo Guedes, ficou na equipe, mas nenhuma bandeira sua foi desfraldada de fato. “Reformas desidratadas foram encaminhadas ao Congresso sem uma articulação política capaz de viabilizá-las. A simplificação de tributos e a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até cinco salários nunca saíram do papel”, registrou Valfré.

Ele nomeou para cargos poderosos membros do Centrão, indicados por políticos acusados de receber propina, em troca de apoio em eventual processo de impeachment e outros assuntos de interesse pessoal e familiar. Prestigiou as pautas prioritárias para seu eleitorado fiel da extrema direita, o direito de matar dos policiais (presunção de ilicitude), o afrouxamento de limites de velocidade no trânsito e a suspensão de decretos de rastreamento de armas. O principal lema da campanha – “O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” – foi trocado por “aos meus filhos tudo, aos inimigos o rigor da lei”. Disse que era “a Constituição”, superando o rei francês Luís XIV, que se definia como “o Estado”. E que os R$ 89 mil depositados pelo acusado pelo Ministério Público do Rio de ser miliciano Fabrício Queiroz e sua mulher, Márcia Aguiar, para a consorte, Michelle, são irrisórios para configurarem propina. Confessou, sem querer, querendo, ser corrupto.

Para não ter de responder pelos crimes que tem cometido, recorre ao dublê de advogado pessoal de sua famiglia e procurador-geral da República, Augusto Aras, que faz das tropas coração para livrá-lo do escândalo da Agência Brasileira de Informação (Abin), órgão de Estado que usou em proveito próprio e de sua ninhada. Ficou claro, em furo dos jornalistas Guilherme Amado, da Época, e Fábio Leite, da Crusoé, que a agência de informação foi utilizada para ajudar Flávio Bolsonaro a escapar da denúncia da prática de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em seu gabinete na Assembleia do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Segundo Aras, a denúncia é “grave”, mas tem de ser “provada”. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia determinou que as procurasse em investigação e lhe deu 30 dias para informar as providências que terá tomado. Para ela, a Abin só pode fornecer dados quando comprovado o interesse público da medida e sob controle do Judiciário, ficando vedado o repasse de informações de inteligência com objetivo de atender a interesses pessoais ou privados.

A Abin substituiu o Sistema Nacional de Informações (SNI), da ditadura militar, criado pelo general Golbery do Couto e Silva e extinto por Fernando Collor. Foi criada por lei no governo Fernando Henrique, em 1999, a pretexto de fornecer ao presidente da República e a seus ministros informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis, necessárias ao processo de decisão. Mas, na prática, foi, sob FHC, inicialmente, manipulada por Sérgio Motta para perpetuar no poder seu partido, o PSDB.

Usada desde sempre para fins políticos, protagonizou desvios de conduta em vários escândalos nacionais. O mais notório foi o grampo no Supremo, em 2007, sob a égide do PT de Lula: chefiados pelo delegado Paulo Lacerda, arapongas da Abin fizeram escutas ilegais no gabinete de vários ministros e do então presidente do STF, Gilmar Mendes. Por isso o delegado, que também dirigiu a Polícia Federal (PF), e sua diretoria foram afastados.

Outro delegado federal, Alexandre Ramagem, que participou da segurança do candidato Bolsonaro depois do atentado em Juiz de Fora, instalou na agência aqueles que o próprio presidente definiu como sua agência pessoal de informação na fatídica reunião de 22 de abril, cujo vídeo foi visto por todos, por decisão do então decano do STF, Celso de Mello. Se investigar mesmo, Aras poderá deparar-se com o esquema executado, segundo a Crusoé, por um delegado da PF, Marcelo Bovernet, pelo agente Flávio Antônio Gomes, chefe da Abin em São Paulo, e pelo papiloscopista João Paulo Dondelli, diretor de Projetos Especiais do Ministério das Comunicações.

Na sexta-feira 18 de dezembro, Bolsonaro foi à formatura de novos policiais militares do Estado do Rio, que formam o que ele chamou de “milícias populares” na reunião acima referida. Na ocasião, assumiu o compromisso de que não deixará de cumprir o que sempre prometeu contra a verdade e a vida e a favor da mentira e da morte, adotando como inimigo comum a busca da realidade: “Essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês. Pensem dessa forma para poderem agir”. Ao estilo bem lulista de ser, como lhe convém.

  • Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na Pag.A2 do Estado de S. Paulo da segunda-feira 21 de dezembro de 2020)

Para ler no Portal do Estadão clique aqui.


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No Blog do Nêumanne: A malandragem impune dos agressores covardes

José Nêumanne

O jogador branco que gritou “cala a boca, negro”, o parlamentar paulista que apalpou a colega no plenário da Alesp e o juiz que depreciou a Lei Maria da Penha valem-se da impunidade

Em 8 de dezembro último, a partida pela Liga dos Campeões da Europa entre o PSG de Paris e o Istambul Basaksehir foi suspensa aos 23 minutos do primeiro tempo, depois que o atacante Demba Ba, do time turco, acusou o quarto árbitro, o romeno Sebastian Coltescu, de ter feito ofensas racistas ao ex-jogador camaronês Pierre Webó, membro da comissão técnica do clube turco. Os jogadores dos dois times, entre eles o brasileiro Neymar Jr., saíram do campo e só voltaram a jogar no dia seguinte. O episódio repercutiu muito no mundo inteiro, também no Brasil, é claro.

A maneira como as duas equipes se comportaram foi apontada como exemplo a ser seguido na luta contra o racismo, uma das pragas que assolam os estádios de futebol em todos os quadrantes. Doze dias depois, em prélio pela 26.ª rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol da Primeira Divisão, o armador Gerson, do Flamengo, acusou o meia Índio Ramires, do Bahia, de lhe ter dito, aos 7 minutos do segundo tempo: “Cala a boca, negro”. Câmeras e microfones da transmissão não captaram o insulto. Mas as imagens mostram que o ofendido disse algo ao árbitro do jogo, o paulista Flávio Rodrigues de Souza, que não lhe deu atenção e continuou apitando, como se nada tivesse acontecido de extraordinário. Mas, insatisfeito, o ofendido tentou tomar satisfações do agressor, que foi defendido por seu treinador, Mano Menezes, demitido depois do apito final por causa do mau desempenho do time que treinava.

O comportamento do soprador de apito, que havia alegado a manutenção do próprio controle sobre a disputa para expulsar, aos 9 minutos do primeiro tempo, o atacante do time anfitrião, Gabriel Barbosa, por haver-lhe dirigido um palavrão à distância, lembrou em tudo e por tudo outro episódio lamentável, três dias antes, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Durante a sessão, a deputada Isa Penna, do PSOL, foi abraçada por trás pelo colega Fernando Cury, do Cidadania, que levou a palma da mão à lateral de seu seio. A parlamentar empurrou o intruso sob o olhar indiferente do presidente da Casa, Cauê Macriz, do PSDB, que não tomou nenhuma atitude para, pelo menos, repreender o agressor, cujo hálito, segundo a agredida, cheirava a álcool. Ela disse ainda que ouviu comentários de um grupo atrás dela a respeito de seu corpo. O partido do deputado suspendeu-o do exercício de cargos de sua direção. A vítima psolista informou que apelaria à polícia e à Justiça para punir a agressão na forma da lei. O colega ousado prometeu dar “sua versão” assim que fosse convocado pelos companheiros do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e pela Alesp a fazê-lo.

A esses dois episódios, gravíssimos sob todos os pontos de vista, é possível ainda acrescentar um terceiro, denunciado pelo site Papo de Mãe. Ele reproduziu nas redes sociais áudio em que um juiz, não identificado, debochou da Lei Maria da Penha durante audiência da autora da causa num processo de guarda de menor e pensão alimentícia, na presença do ex-casal, de um promotor de Justiça e duas advogadas.

“Se tem Lei Maria da Penha contra a mãe (sic), eu não tô nem aí. Uma coisa que eu aprendi na vida de juiz: ninguém agride ninguém de graça”, disse o magistrado, que também debochou das medidas protetivas. E em outro momento chegou a declarar que, ainda que o agressor fosse “um figo podre”, a “escolha” havia sido da vítima e ela “não tem mais 12 anos”. Além de ter ameaçado tirar a guarda do menor da mãe, a “otoridade” ainda apelou à sua experiência de julgamentos na Vara de Família de São Paulo para assegurar que nunca viu ou ouviu agressão sem causa.

Nos três casos citados repete-se o abuso de autoridade do árbitro, responsável por garantir a realização da partida disputada dentro das regras do jogo, não para satisfazer o próprio senso de superioridade, e do magistrado. Em nome de sua posição superior à dos participantes da agressão, o árbitro de futebol, o juiz de “direito” (direito de quê, de quem?) e o presidente da Alesp agiram como se a omissão fosse o exercício de sua superioridade. Esses casos e outros similares se enraízam na cultura escravagista e machista da História do nosso país, o último a abolir a escravidão no Ocidente — de forma incompleta, resultando no dito “racismo estrutural”, como advertiu o grande abolicionista Joaquim Nabuco. E o voto feminino só foi permitido no Rio Grande do Norte em 1927, 105 anos após a Independência e 38 após a proclamação da República.

O “cala a boca, negro” do colombiano, que se acha no direito de considerar cidadão de segunda categoria um brasileiro por causa da cor de sua pele, e o “tô nem aí” do juiz, servidor público encarregado de aplicar as leis da República de conformidade com sua sesquipedal ignorância, são similares ao abraço forçado da fêmea indefesa pelo macho alfa. Os três fatos têm raízes históricas, mas é preciso reconhecer que a colega Vera Magalhães tem razão, ao escrever no artigo publicado no Estadão em 16 de dezembro último, Boçalidade contagiosa: “Mais que o vírus, é o comportamento indigno do presidente que se alastra”.

O árbitro Flávio Rodrigues de Souza, o técnico Mano Menezes, os colegas de time do colombiano Índio Ramires e os de Gerson, presidente e deputados da Alesp e a cúpula do Judiciário paulista são todos cúmplices daquilo que se pode definir como a malandragem impune dos agressores covardes. Só respiraremos o ar puro de uma democracia de verdade, que não se limite a eleições e solenidades de posse, quando todos puderem repetir a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia ao se referir à liberdade de expressão: cala a boca, nunca mais, brancos e machos sem penas a cumprir.

  • Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira 21 de dezembro de 2020)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique aqui.


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Nêumanne Entrevista Mayana Zatz

Doença é mais cara que vacina, diz Mayana

A geneticista Mayana Zatz, que chefia a pesquisa sobre genoma humano e células-tronco da USP, advertiu que a vacina contra a covid-19 é muitíssimo necessária para o Brasil sair da pandemia e poder retomar a normalidade da economia, concordando com a opinião do presidente do Banco Central. No vídeo desta semana da série Nêumanne Entrevista, a cientista lamentou a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde e o cumprimento da previsão dele de que, se não fossem adotadas as medidas que achava necessárias, chegaríamos aos 180 mil óbitos, total infelizmente já ultrapassado. Ela também criticou a decisão do governador de São Paulo, João Doria, de cancelar o dispositivo da Constituição do Estado que previa a aplicação de forma compulosória de 1% do orçamento estadual paulista na Fundação de Amparo à Pesquisa – Fapesp. De fato, se Doria não voltar atrás nessa medida, não se mostrará tão defensor da ciência como propaga ser no combate à pandemia. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


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No Blog do Nêumanne: Não há vacina nem cura para estupidez

José Nêumanne

Uma semana após Shakespeare ter sido vacinado e no dia em que norte-americanos são imunizados da covid na gestão Trump, brasileiros não sabem se se livrarão da pandemia nem de Bolsonaro

Com sol nas janelas, os brasileiros começam a semana com esperança no coração. Uma senhora chamada Margaret, como Thatcher, e um William Shakespeare contemporâneo tomaram no dia 8 a primeira dose das duas a que os britânicos têm direito da vacina da Pfizer, norte-americana, em consórcio com a Biontech, alemã, pensando cicatrizes da 2.ª  Guerra Mundial. Nesta segunda-feira, 14 de dezembro, 538 membros do Colégio Eleitoral dos Estados Unidos escolheram Joe Biden sucessor de Trump confirmando o rodízio como valor democrático. Enquanto isso, vacinas da parceria citada começaram a ser injetadas do Atlântico Norte ao Pacífico, da fronteira com o Canadá à margem norte do Rio Grande, em gigantesca operação de logística, aí sim no sentido lato da palavra.

Mas a esperança mora muito longe, no rico, desenvolvido e precavido Hemisfério Norte, que se prepara para um inverno de imunização, enquanto essa tarefa não é cumprida no Brasil, em mais um verão sob um capitão de milícias e um general da passiva (apud Ruy Castro). Este aprendeu em alguma cantina de caserna que o Norte e o Nordeste do Brasil têm inverno à mesma época que o deles, em calendário muito esquisito. O ocupante da pasta, que nunca usou maleta de médico, divulgou um “programa nacional de imunização” (?) em que despreza o calendário gregoriano, que desde 1582 substitui o juliano, elaborado pelo  colega romano Caio Júlio César. “Seria irresponsável darmos datas específicas para o início da vacinação, porque depende de registro em agência reguladora”, disse o tenente-coronel da reserva Élcio Franco, Conselheiro Acácio-geral do Ministério da Saúde, com cofiado, mas nada confiável, cavanhaque de coronel da Guarda Nacional dos tempos do imperador. Com o tom usado por comandantes das Forças Armadas na ditadura militar, de triste memória de chumbo, sangue e mordaça, mas venerada pelo chefão do Poder Executivo, Jair Bolsonaro, que o instalou como número dois do clubinho de usuários de pijamas no QG da luta contra a covid, em que o certo seria usar jalecos, não admite discordância.

Nem do Supremo Tribunal Federal (STF), pois a divulgação do vídeo desaforado do “pijamado” de plantão coincide no tempo com o prazo de 48 horas exigido pelo relator da ação, que cobrou datas de começo e fim da aplicação do imunizante, Ricardo Lewandowski. Pela barbicha do profeta, diriam os 22% de brasileiros que não querem ser vacinados, em nome do livre-arbítrio imposto pelo chefão do ambulatório cujos atendentes nunca manejaram espátulas nem bisturis. Quem confia em sua habilidade em manejar armas de ofício? O que era bom para os Estados Unidos, segundo o chanceler Juraci Magalhães, não é mais bom para o Brasil tratando-se da saúde do povo.

Francamemte, o quase general Franco é mais um arauto escalado pelo charlatão da cloroquina para dar a má notícia de que boas novas do império do Norte não têm vez nestes trágicos trópicos, que nem Lévi-Strauss seria capaz de descrever e analisar. Donald, o charlatão-mor que indicou a cloroquina mágica ministrada pelo fâmulo ao sul do Rio Grande, faz questão de gastar bilhões em vacinas e passar para a História como o estadista que derrotou o novo coronavírus chinês. O pato dele, Jair, não está nem aí para a cor da chita e mandou excluir a Coronavac ­- parceria da chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, que, segundo o general da passiva Pazuello, não é de São Paulo (seria da Austrália, soldado sem combate nem medalha de bravura?) – da relação de fornecedores da prevenção, aceita e aplicada no Reino Unido e nos Estados Unidos.

O passivo Pazuello protagoniza vexames que só não são comparáveis à exposição picareta de terno e vestido presidenciais da posse em próprio público. Atribuiu a autoria do enxundioso e vazio “programa federal de imunização”, com a chancela médica do áulico ortopedista Ronaldo Caiado, a uma plêiade de especialistas convocados para uma palestra, entre os quais alguns reconhecidos e renomados. Os pretensos autores da fake news já negaram sua cumplicidade, mas o Ministério dos reservistas na Saúde já avisou que eles não têm poder de veto sobre o que não assinaram.

Numa demonstração de que a saúde do povo é, para ele, desprezível, o capitão de Artilharia (cuja “modalidade é matar”) rebaixa gradualmente a chefia de órgãos técnicos para os quais não têm “notório saber”, de general para duas patentes abaixo. Este mês o tenente-coronel (reservista) Jorge Kormann, que foi, segundo o próprio Currículo Lattes, “assessor de gestão e planejamento estratégico no Hospital Militar de Área de Porto Alegre” (!), será submetido a sabatina do Senado para ocupar na Anvisa o posto da farmacêutica Alessandra Bastos. O fundador e primeiro presidente da agência, Gonzalo Vecina, manifestou esperança, no vídeo da semana da série Nêumanne Entrevista, no Blog do Nêumanne no portal do Estadão, de que o usuário de pijama e boquinha seja reprovado na sabatina do Senado. O bem-intencionado desejo do respeitado epidemiologista choca-se com a realidade dos fatos: o contra-almirante médico Antônio Barra Torres foi aprovado na sabatina da Comissão de Assuntos Sociais do Senado por 34 votos a 7, ou seja, teve quase cinco vezes a maioria dos votos necessários para assumir o posto ora ocupado pela farmacêutica Alessandra Bastos. Na Anvisa há um ano, nomeado em janeiro e aprovado em outubro, o oficial da reserva da Marinha participou sem máscara nem isolamento social de manifestação contra o STF e o Congresso Nacional e a favor de uma eventual intervenção militar chefiada pelo colega da reserva que o nomeou.

Com a ocupação de cargos técnicos da saúde por fardados que não frequentam mais quartéis, mas clubes (círculos) militares sem comando, Bolsonaro dá sinais de carência de inteligência e excesso de maldade ao instalar não a militarização do ministério que descuida da pandemia, mas a tomada de poder por oficiais de pijama, sem jaleco nem bastão para travar uma guerra prestes a ser perdida por todos nós. A medicina não tem solução para esse desvario: não há vacina nem remédio para prevenir ou curar baixo QI ou desumanidade, mesmo que sejam explícitas e confessas.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão da quarta-feira 15 de dezembro de 2020)

Para ler no Blog do Nêumanne, Políltica, Estadão, clique aqui.


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Nêumanne Entrevista Gonzalo Vecina

Bolsonaro é terrível, diz Vecina

“Não estamos na segunda onda. como na época da gripe espanhola, quando a doença voltou com uma mutação do vírus, mas num repique, num recrudescimento”, atestou o fundador e primeiro presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina. O professor da USP e da FGV classificou, em mais um vídeo da série Nêumanne Entrevista, como “terrível” a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, que definiu a covid como “gripezinha”, depois chamou de “maricas” quem se contagiou e recentemente disse que estamos no “finalzinho da pandemia”. Segundo ele, a contaminação começou a cair no Sul e Sudeste por causa do distanciamento social e, aí, houve uma estabilização, mas agora a doença volta com força, porque “as pessoas foram pra rua”. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.  

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


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No Estadão: STF apenas suspendeu o golpe sujo no Congresso

José Nêumanne

Aliviada, Nação deve temer outros

que virão como conchavo da cúpula dos três Poderes

A apertada vitória – por 6 a 5 e 7  a 4 – da democracia, garantida pela Constituição, que desautorizou a reeleição dos presidentes do Senado e do Congresso, David Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, deve ser recebida com alívio. Mas não pode ser comemorada como definitiva. Não apenas pela margem, mas principalmente por circunstâncias e motivações do placar vitorioso.

Critica-se muito, e com toda a razão, a votação virtual, quase nunca virtuosa, de turmas e plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). No caso, contudo, não é de todo improvável que o resultado fosse o inverso, ou talvez com um pouco mais de folga, se ela tivesse sido presencial. Os repórteres responsáveis pela cobertura do Judiciário não se enganaram quando previram a aprovação do relatório de Gilmar Mendes, que abriu larga margem na quinta-feira e só foi revertido no domingo à noite, no fechamento (ainda provisório) da questão. Protegida pelo anonimato de fonte, a posição  de ministros que votaram a favor da questão apresentada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sob a égide do delator do mensalão, Roberto Jefferson, não a assumiram, mas expressaram, em confiança, explicitamente.

Talvez numa sessão presencial esses ministros não tivessem mudado sua opção por mais um abandono de seu dever funcional de manter a letra da Carta Magna com a intenção de impor uma nova derrota humilhante ao presidente da República, Jair Bolsonaro, que só queria o impedimento da reeleição do filho de César Maia. A péssima repercussão desse lance de xadrez, contudo, os fez perceber que o motivo real do golpe poderia ser, de fato, seus membros não se arriscarem à abertura de processos de impeachment por algum deputado que ocupasse o lugar do atual presidente, que já deu provas de não estar disposto a abrir o processo contra o chefe do Executivo, e também contra alguns deles.

A reação à virada de mesa com o tabuleiro junto, da forma como foi feita, serviu para lhes mostrar que votar a favor do atropelamento da ordem constitucional vigente terminaria por dar mais força ao relator Gilmar. E reduzir o poder institucional do presidente neste biênio, Luiz Fux. A quem, aliás, restou decidir, em voto de Minerva. Ainda que tais conjeturas não passem de conversa de “perus” (que rondam rodadas de pôquer sem mexer nas cartas nem apostar), a votação à distância, tal como feita, permitiu pôr em questão algumas conclusões apressadas a respeito do comportamento nada ético dos componentes atuais do pretório que nada tem de excelso.

Alguns ingênuos incautos que acreditam em duendes na floresta e desconhecem a sabedoria popular, que reconhece que de boas intenções os cemitérios são lotados, reproduzem a baboseira de que a natureza vitalícia do posto supremo reduz a gratidão dos afilhados pela própria escolha por seus padrinhos. Com pressa natural em marinheiros de primeira viagem, o noviço da grei, Kassio Nunes Marques, fez tudo o que o patrono, Jair Bolsonaro, mandou e o padrinho, Gilmar Mendes, abençoou: retirar Maia do páreo e nele manter o fiel Alcolumbre. A vitaliciedade não garante a lealdade, mas interesses comuns inspiram obediência de afilhados. Toffoli, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes seguiram o relator com a desfaçatez própria de quem se sabe inalcançável pela cobrança cidadã.

Gilmar não se tornou adversário impenitente do combate à corrupção por zelo pela Constituição, mas por amor à própria gula. Toffoli é o principal avalista da aliança sórdida de Bolsonaro, seu amigo recente, e Lula, seu paraninfo desde sempre, de lhes garantir condições para disputarem segundo turno, conveniente, quiçá indispensável, para ambos, em 2022. Chegou a votar contra a própria decisão monocrática que interrompeu por seis meses as investigações de crimes financeiros contra o erário para evitar que Flávio Bolsonaro e Gilmar fossem investigados. Lewandowski associou-se a Kátia Abreu para permitir a Dilma Rousseff disputar (e perder feio) eleição para o Senado em Minas. Moraes nunca se desculpou por ter decretado censura vexatória à revista Crusoé para acudir o então presidente do STF, que lhe deu plenos poderes para investigar, julgar, condenar e punir a ousadia de publicar um documento de fé pública.

O decano Marco Aurélio Mello abriu a dissidência óbvia em favor do pedido do PTB e da letra constitucional, não por amor à plebe difusa e, para ele, ignara, que desprezou ao soltar o traficante André do Rap e ratificar seu voto na oportunidade de mudá-lo. Rosa Weber apegou-se à literalidade da regra, assim como antes dera voto decisivo para negar a possibilidade de prender condenado em segunda instância. Na presidência do STF, Cármen Lúcia permitiu a Renan Calheiros cuspir na decisão da Corte de desalojá-lo da linha sucessória presidencial.

Em 12 de julho, Bolsonaro terá mais uma chance de nomear um ministro do Supremo para chamar de seu. E este poderá dar o voto decisivo em eventual embate a se tornar necessário para enfrentar o acordão dos três Poderes pela impunidade dos compadritos desta republiqueta do conchavo.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na página A 2 do Estado de S. Paulo da quarta-feira 9 de dezembro de 2020)

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