Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

Jornalismo


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Nêumanne entrevista Edmar Lisboa Bacha

Remédio para crise: voto consciente em outubro,

receita criador da Belíndia

Contra saudosos da ditadura e devotos do “gasto é vida” de Dilma, Bacha lamenta acefalia do atual governo e espera com ansiedade resultado das urnas em outubro

“Voto consciente em outubro deste ano.” Com essa frase curta, escorreita e lógica o economista Edmar Bacha, um dos autores do Plano Real, a maior revolução social da História do Brasil, resume a chave para a economia brasileira sobreviver à crise atual e voltar a crescer. O presidente Michel Temer teve, segundo ele, o juízo de montar “uma equipe econômica da melhor qualidade (que) opera com relativa autonomia, dentro dos estreitos limites da atual conjuntura”. Bacha acha que isso só “não funcionou porque o presidente perdeu todo o seu capital político com a revelação de suas tratativas pouco republicanas na calada na noite com o empresário Joesley Batista … A partir daí o governo teve de se dedicar a barrar o impeachment, incapaz de desenvolver uma agenda econômica positiva”.

Edmar Lisboa Bacha nasceu em Lambari, MG. Casado com Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, reside no Rio de Janeiro desde 1979. Formou-se em economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, em 1963. É um dos primeiros economistas brasileiros com doutorado no exterior, pela Universidade de Yale, em 1968. Em 1974, durante a ditadura militar, publicou uma fábula sobre o reino de Belíndia, junção de Bélgica com Índia, que se tornou desde então uma recorrente imagem do Brasil. Integrou a equipe econômica que dominou a hiperinflação, com o Plano Real. Foi também presidente do BNDES e do IBGE e professor em diversas universidades brasileiras e americanas. Foi consultor sênior do Banco Itaú BBA e presidente da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid, atual Anbima). Autor de 12 livros, é organizador de outros 18 sobre temas econômicos, políticos e sociais do Brasil, da América Latina e internacionais. Seu último livro autoral é Belíndia 2.0: Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes  (Civilização Brasileira, 2012). O último livro que organizou é A Crise Fiscal e Monetária Brasileira (Civilização Brasileira, 2016). Ambos foram agraciados com o Prêmio Jabuti. Publicou também cerca de 200 artigos em periódicos especializados, cerca de 100 artigos em órgãos da imprensa e concedeu cerca de 250 entrevistas a jornais e revistas brasileiros e internacionais. É sócio fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças no Rio de Janeiro, e membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Ciências.

Para Bacha, Temer montou equipe econômica de maior qualidade, mas perdeu capital político lutando contra impeachment Foto: Tasso Marcelo/AE

Para Bacha, Temer montou equipe econômica de maior qualidade, mas perdeu capital político lutando contra impeachment Foto: Tasso Marcelo/AE

A seguir Nêumanne entrevista Edmar Bacha

Leia mais…


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

No Estadão desta quarta-feira: País sequestrado por um condenado preso

Lula lidera pesquisas porque escolheu sucessores ineptos e desmoralizou oposição

Os resultados da última pesquisa Datafolha, publicada domingo pela Folha de S.Paulo, não podem ser considerados definitivos para prenunciar a apuração da eleição de daqui a quatro meses porque representam um retrato atual, como sempre, nunca uma profecia exata. E também porque revelam agora uma decisão que muitos cidadãos ainda estão por tomar. Configuram, contudo, e ao que parece de forma cristalizada, tendências que dificilmente mudarão, pois refletem uma situação antiga, crônica, lógica e irrefutável.

Os 30% de preferência pelo soit-disant presidenciável do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, impressionam por dois motivos. Antes de tudo, porque ele foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, a 12 anos e 1 mês por corrupção e lavagem de dinheiro. E é inelegível. Em segundo lugar, por cumprir pena em Curitiba e, portanto, não ser disponível para participar de comícios, carreatas e até, conforme presume quem tem bom senso, gravar pronunciamentos para a propaganda nada gratuita no rádio e na televisão. O comportamento inusitado da Justiça, permitindo-lhe um dia a dia não vivido por outro preso comum – e ele é apenas mais um –, pode pôr em questão a segunda afirmativa. Mas, por enquanto, prever a continuação dessa anomalia, vencidos os prazos legais para o registro de candidaturas, não é realista.

A fidelidade de quase um terço do eleitorado brasileiro ao carisma do mais popular líder político e mais famoso presidiário do País, a esta altura do campeonato, confirma uma evidência e nega uma lenda urbana. O primeiro lugar no ranking atesta que a emoção é decisiva no ato de digitar o número do pretendente na máquina de votar. E o petista é, disparado, o único dos que se apresentaram à liça a despertar a paixão do cidadão, seja por afeto, seja por repulsa. Mas também, por paradoxal que pareça, o voto em quaisquer nível social e escolaridade é decidido pelo estômago e pelo bolso.

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, perdeste o senso”, resmungará o leitor aflito, citando o repetido verso de Olavo Bilac. Afinal, além de condenado, Lula responde na Justiça a mais seis processos criminais, que, juntos, o desmascaram na chefia de uma organização criminosa que levou a Petrobrás à falência, quebrou as contas públicas, esfolou a economia a ponto de gerar 24 milhões de desempregados e desiludidos, conforme o confiável IBGE, e indicou os dois presidentes mais desastrados e, por isso mesmo, mais impopulares da História: a companheira petista Dilma Rousseff e o cúmplice Michel Temer, do PMDB. Sem Temer, Dilma não teria sido eleita. Sem os votos do PT, Temer não seria presidente.

É aí que entra neste raciocínio a negação de que o brasileiro não tem memória, uma lenda antiga e frágil. Os apressadinhos, que, conforme ensinava vovó, comem cru ou sapecado, arguirão que, ao desprezarem os dados da realidade que fazem de Lula um réprobo, e não os quindins de iaiá, os brasileiros que vegetam abaixo da linha da pobreza não têm memória mesmo e ponto final. Alto lá! História é uma coisa, memória é outra. A História é objetiva, relata fatos indesmentíveis, questiona mitos aparentemente indestrutíveis. A memória é subjetiva. Cada um tem a sua. A lembrança dos fatos ao redor é sempre imprecisa e traiçoeira. A recordação dos benefícios pessoais é permanente. Os que asseguram que votarão em Lula têm a memória gostosa dos tempos de ouro do crédito fácil e do acesso à proteína barata sobre a mesa da família.

A História revela que a inflação acabou, o poder de compra da moeda permitiu o acesso das famílias pobres ao consumo inatingível, por obra e graça do Plano Real, do câmbio flutuante e da Lei de Responsabilidade Fiscal, sob a égide do tucano Fernando Henrique. Mas a memória ressuscita o crédito farto e fácil e é isso que segura Lula no topo das pesquisas.

Detratores de institutos de opinião poderão até constatar que os índices recentes não se confirmarão. Mas dificilmente as tendências serão desmentidas. A principal delas é a novidade que ameaça surgir do panorama visto da pinguela sobre a fossa: a disseminação generalizada de que político nenhum presta mesmo e, então, o melhor é escolher um entre tantos condenados que no passado mais recente lhes “encheram o bucho”, como se diz em meu Nordeste de origem, região tida como baluarte lulista. Sabe o “rouba, mas faz”? Pois…

Em 2013, a população foi à rua protestar contra tudo e no ano seguinte reelegeu Dilma e Temer, dois precipícios para a tragédia. Em 2016 o eleitor surrou o PT porque a Lava Jato levou o partido aos tribunais e às prisões. Presos em Curitiba estão todos os chefões petistas: o próprio Lula, Zé Dirceu e Palocci. E, pior de tudo, três ex-tesoureiros – Delúbio, Vaccari e Paulo Ferreira – tiveram o mesmo destino. Há quem lembre diante desse fato que a organização criminosa, vulgo quadrilha, se afigura na forma da lei com a reunião de mais de quatro membros. Ou seja…

Em 2014 o PSDB fez de Aécio Neves a esperança anti-PT para pelo menos metade da sociedade, que não cai na lábia do profeta de Vila Euclides. O neto de Tancredo Neves, ilusão da Nova República abatida pela septicemia, contudo, protagonizou a maior frustração política da nossa História. Denunciado por um suspeito de ter enriquecido pelo compadrio de Lula e asseclas, gravado anunciando a morte do primo, caso este o delatasse, o mineiro poderia ter passado em branco pela inutilidade que protagonizou em seu mandato de senador pelo Estado mais habilidoso do Brasil. Mas fez muito pior, ao mostrar que seu adversário-mor comprou até a oposição fajuta em que ele mandava.

Lula nem precisará candidatar-se para encarnar o paradoxo deste país surreal, que mantém sob sequestro em sua cela de preso comum: beneficia-se por ter escolhido sucessores que quebraram o Brasil e pagou à oposição para anulá-la.

*José Nêumanne – Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na página 2 do Estado de S. Paulo da quarta-feira 13 de junho de 2018)


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Nêumanne entrevista Juca de Oliveira

Falta de rumo resume tragédia brasileira hoje,

diz Juca de Oliveira

 

“Estamos sitiados 24 horas por dia”, lamenta o ator, autor e diretor de sucesso no teatro, na televisão e no cinema em depoimento pungente e antenado

À pergunta que lhe foi feita sobre qual tema sugeriria a Shakespeare, de quem interpretou recentemente O Rei Lear, para escrever uma tragédia no Brasil atual, o ator, autor e diretor de teatro, cinema e televisão Juca de Oliveira não hesitou em escolher a falta de rumo, preterindo desespero, desesperança e descrédito. Ex-estudante de Direito nas Arcadas, ele definiu o vilão Natanael, que encarnou na telenovela O Outro Lado do Paraíso, como um “anjo de candura”, comparado com juristas famosos que ganham fortunas para garantir a impunidade de delinquentes de colarinho-branco nesta crise atual, que lhe parece a mais grave que já viu na vida.
José de Oliveira Santos, o Juca de Oliveira, nasceu em 1935 em São Roque, na Grande São Paulo. Saiu da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, para ingressar na celebrada Escola de Arte Dramática. No Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) participou de encenações antológicas como A Semente, de Gianfrancesco Guarnieri. No Teatro de Arena fez Eles Não Usam Black-tie, do mesmo Guarnieri. Na TV Tupi protagonizou a pioneira telenovela Nino, o Italianinho, tornando-se muito popular. No teatro brilhou em 60 peças, entre as quais comédias de grande público, como Caixa 2 e Meno Male, de sua autoria. No cinema participou do elenco de clássicos como O Caso dos Irmãos Naves. , de Luiz Sérgio Person. Ocupa a cadeira n.º 8 da Academia Paulista de Letras. É casado com Maria Luiza (Zu) de Oliveira, com quem tem uma filha, Isabela.

A seguir, Nêumanne entrevista Juca de Oliveira

 

Juca de Oliveira diante da bilheteria, segundo ele garantia da liberdade do artista de teatro. Foto: SAO PAULO SP 05/04/2018

Juca de Oliveira diante da bilheteria, segundo ele garantia da liberdade do artista de teatro. Foto: SAO PAULO SP 05/04/2018

Leia mais…


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

No Blog do Nêumanne: Privatizar a Petrobrás já!

Com  a petroleira recuperada pela gestão de Parente, a elite política dirigente de esquerda, Centrão e direita se apronta para promover nova rapina total em seus cofres

Quem leu a reportagem de Consuelo Dieguez, na revista PiauíO Petróleo depois da festa, em setembro de 2012, foi devidamente informado de que a política de óleo e gás do país era, à época, uma zorra total, uma enorme bagunça. E tudo levava a crer que boa coisa não sairia de qualquer investigação minimamente bem feita da intimidade de nossa maior estatal, a Petrobrás. Aparentemente a partir de um relato do militante baiano Haroldo Lima, do PCdoB, comunista da linha albanesa, revoltado com sua demissão da presidência da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a repórter ouviu a empresa, os órgãos oficiais do setor e o mercado privado para traçar um quadro terrível do caos em que resultou a política populista e incompetente de Lula, que, segundo Lima, mandava sem ser questionado no Conselho de Administração da Petrobrás por intermédio de três pessoas com direito a voto no colegiado: a própria fonte, Dilma Rousseff, que era chefe da Casa Civil, e Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal.

O texto de Consuelo Dieguez nunca mereceu a leitura atenta que deveria ter provocado principalmente em setores que têm responsabilidade de decisão na vida nacional. O Poder Legislativo passou ao largo. O Judiciário, preocupado apenas com a elegância das togas de seus membros e do estilo nem sempre escorreito dos jurisconsultos, não prestou a mínima atenção. Do Executivo nada se podia esperar, pois, afinal, um dos principais alvos da verrina do velho comunista, Dilma Rousseff, presidiria o País por mais quatro anos, após reeleita dois anos depois. A Associação dos Engenheiros da Petrobrás e os sindicatos dos petroleiros – com mãos e pés atados pela inércia provocada pela cegueira ideológica – jamais abandonariam sua adesão traidora aos novos exploradores que espoliavam o patrimônio público, que tanto pretendem defender do capitalismo neoliberal, também passaram ao largo do tema. No que foram imitados por órgãos da sociedade, como o chamado mercado, a oportunista Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, por que não dizer, os meios de comunicação – todos com vistas, ouvidos e corações voltados para temas mais óbvios e menos árduos. Inútil será reclamar das múmias paralíticas dos tribunais de contas, do Conselho de Valores Mobiliários e dos órgãos fiscalizadores do governo, tais como o Banco Central, a Receita Federal, as agências criadas para evitar que o alfanje dos Poderes da República e a musculatura esmagadora das grandes empresas capitalistas que apertam o pescoço do cidadão, exposto às intempéries e aos humores de seus opressores. Fez-se sobre o assunto, que se provaria ainda mais grave do que até os mais atentos tinham dificuldade de perceber, um silêncio que ajudou a estimular a incompetência e a desonestidade de gestores estatais no mando do butim.

O que desvendou a rapina exercida pelo controle dos sócios do poder – PT, PMDB, PP, PRB, PTB, PDT, PCdoB, PSD e outros inúmeros satélites desses planetas – foi a conjunção de fatores estranhos ao mundo da subpolítica, que terminaram por solapar as bases podres do esquema. O FBI americano foi um dos atores indiretos da revelação da tragédia cabocla. Ao investigar a sofisticada engenharia financeira da Al Qaeda, grupo terrorista que demoliu em ataques aéreos o World Trade Center, em Nova York, a polícia federal americana deparou-se com a descoberta de que a corrupção, até então negligenciada, provocava mais prejuízos do que o crime organizado do tráfico de drogas e armas. Essa conclusão e o resultado da investigação da Operação Mãos Limpas, na Itália, levaram as autoridades mundiais a assinarem acordos de colaboração mútua no combate à malversação dos cofres estatais nas democracias ocidentais. O Brasil incluído. Sob Fernando Henrique, Lula e Dilma, foram aprovadas leis fundamentais para o combate aos delitos de colarinho-branco. Destacam-se o avanço fundamental da delação premiada, instituto sem o qual é praticamente impossível algemar mãos que contam dinheiro e a sofisticação cada vez mais refinada da investigação da lavagem de capitais, necessária para devassar delitos mui engenhosamente mascarados.

No Brasil, o avanço no combate a esses crimes nas altas cúpulas republicanas foi favorecido com a perda de controle da Polícia Federal (PF) pelas autoridades às quais são subordinadas. À época dos governos federais tucanos, grupos de agentes ligados a Paulo Lacerda trabalharam em parceria com procuradores federais como Luiz Francisco de Souza, vulgo Torquemada, e Guilherme Shelb, em acusações de maracutaias de adversários. Outros agentes, remanescentes da gestão do delegado Romeu Tuma ou ligados aos tucanos, caso de Marcelo Itagiba, que ascendeu à Câmara dos Deputados, denunciaram “vacilos” de oponentes, como Roseana Sarney, no Maranhão, e até Lula, na Presidência da República.

Sem conexões no mundo político, uma geração de hoje quarentões na PF, no Ministério Público Federal e na Justiça Federal, com independência garantida por conquistas corporativas inscritas na Constituição de 1988, preparou-se para investigar o que antes não era possível fazer. Foi nesse cenário que, em março de 2014, o inquérito iniciado num posto de gasolina em Brasília, usado como ponta final do sistema de doleiros encarregados de lavar o dinheiro dos gatunos da subpolítica, caiu nas mãos de um juiz federal paranaense, que, por coincidência, voltava de uma assessoria à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), para o comando da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba – Sergio Moro. As delações premiadas de doleiros e ex-dirigentes da Petrobrás guiaram as lupas dos agentes da lei para os altos escalões do empresariado e da gestão pública.

O “petrolão”, esboçado no texto premonitório de Consuelo Dieguez, levou a inéditas prisões de empreiteiros (entre os quais o maior de todos, Marcelo Odebrecht) e de políticos de uma aliança multipartidária, que incluiu corruptos da ditadura (Paulo Maluf) e a direção do Partido dos Trabalhadores. No momento em que este texto é escrito, cumprem pena em celas o ex-presidente Lula, os ex-ministros Zé Dirceu e Palocci e quatro ex-tesoureiros petistas, entre eles o da época do “mensalão”, Delúbio Soares.

Quando ainda tinha o P de partido no nome, o MDB do constitucionalista de Tietê (SP), Michel Temer, adquiriu um bom lote de ações dessa empresa criminosa. No entanto, o desastre completo da gestão de Dilma Rousseff, fruto das descomunais ignorância e falta de compostura de seu criador, Lula, levou à solução constitucional da posse do ex-vice, que, na composição do governo provisório, teve de assumir o compromisso de evitar o completo naufrágio do Brasil no poço de lama com a reconstrução do patrimônio, do poder de barganha e do crédito da estatal que tinha perdido no saque dos desgovernos anteriores quase tudo. Para cumprir a tarefa foi convocado o mesmo executivo que tinha administrado os apagões elétricos do segundo governo tucano de Fernando Henrique. Pedro Parente cumpriu a tarefa até que, neste ano eleitoral, a política de preços da empresa, inevitável no resgate da dívida absurda e da desconfiança generalizada no País e no mundo, tomou dele a chave do cofre.

A saída de Parente da presidência da Petrobrás foi mais uma prova dada pelo governo Temer, depois do pedido de demissão de Maria Sílvia Bastos da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de que no Brasil não há alternativa à privatização. A Petrobrás quase quebrou e na hora H o contribuinte suou sangue para salvá-la da bancarrota. Mas no primeiro choque de realidade, novamente com as burras cheias, a empresa voltará inevitavelmente a atrair a cobiça dos políticos gatunos de sempre, que voltarão a saqueá-la com volúpia até o próximo escândalo, de cujo rescaldo terá de sair nova salvação a custo de sangue, suor e lágrimas do contribuinte, que, ele mesmo, não se cansa de ser roubado até o último centavo. Pois a grande maioria rejeita privatizá-la. A opção é uma só: privatização já ou corrupção para sempre.

  • José Nêumanne. Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne segunda-feira 4 de junho de 2018)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/privatizar-a-petrobras-ja/


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Nesta quarta-feira no Estadão: No Brasil do quem pode grita mais e chora menos

Direita bárbara e esquerda cínica tentam usar o caos para acabar com Estado de Direito

Caminhoneiros autônomos, transportadoras de cargas e empresas que possuem frotas movidas a diesel sequestraram o Brasil, recorrendo apenas a bloqueios rodoviários para impedir a distribuição de combustíveis e alimentos . E o débil e inerme desgoverno lhes doará R$ 13,5 bilhões em sete meses, sacados dos impotentes cidadãos. Mas esse não é o preço mais alto a ser cobrado da Nação pelas carretas paralisadas: há um golpe em pleno curso por ditaduras acalentadas por bandos irresponsáveis da direita bárbara e da esquerda cínica. A primeira exige intervenção militar e a segunda, Lula livre e presidente de novo. Quem vai ganhar? Melhor não apostar. O prezado leitor certamente perderá, no mínimo, o valor da aposta.

O apressadinho de cotovelos apoiados na janela da frente de casa pode até imaginar: “A culpa é do Temer, então, que ele se dane”. É mesmo? Vamos aos fatos. O autor destas linhas tem 67 anos de idade e é do tempo do trem de ferro e das eclusas permitindo a navegação de balsas e barcaças pelas inúmeras bacias hidrográficas brasileiras. Tinha 4 anos quando o mineiro Juscelino Kubitschek, descendente de checos e telegrafista de origem profissional, apostou todas as nossas fichas no modal rodoviário. Desde que o simpático pé de valsa de Diamantina deixou o governo, há 57 anos, as ferrovias enferrujaram-se, o transporte hidroviário é um sonho distante e as rodovias são um imenso buraco com bordas asfaltadas, à exceção das privatizadas a custo de pedágio.

Durante a ditadura militar, que cassou os direitos políticos de Juscelino, Jânio e Jango, o general Ernesto Geisel teve a oportunidade de aprender, com a crise da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), que a opção do inventor dos “50 anos em 5” tinha sido uma roubada. Mas nem os catalogados no Almanaque do Exército nem os civis da Nova República ou eleitos pelo povo, tucanos e petistas, recuperaram trilhos e vias navegáveis. Alguns preferiram encher os bolsos, saqueando todas as “burras” da República.

Os cobradores da fragilidade do desgoverno abúlico, incompetente e inconsequente de Temer apontam-no como o responsável pelo caos. As ratazanas que roeram os cofres da viúva sob desmandos de Lula e Dilma, do PT, sejam os da esquerda populista ou os da velha cleptocracia herdeira dos coronéis da Guarda Nacional do Império convocados à rapina, votaram no constitucionalista de Tietê vice da tatibitate Dilma Rousseff, que nasceu em Minas e se criou nos pampas de Getúlio e Brizola. Em 2014 o “mercado” financeiro sufragou Aécio Neves, ora acusado de ter cobrado propina para se fingir de oposição, e com o impeachment de Dilma, em 2016, afagou as mãos de Temer, em que antes escarrava.

A posse do legítimo sucessor da rainha da quebra do decoro vernacular permitiu o paradoxo a que a Nação se submete há dois anos: sem forças para “estancar a sangria”, meta que o presidente do MDB, Romero Jucá, esperava atingir assim que Temer pusesse as mãos no leme da embarcação à deriva, o grupo no poder não consegue usá-lo como teria de fazê-lo.

E não há como. O “quadrilhão do PMDB”, ainda com P, de que foi acusado o grupo ora no poder pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, caiu na rede da devassa da maior roubalheira da História. Metade dos acusados e investigados está na cadeia e em simulacros para os quais é enviado quem goza das graças dos mui generosos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello: Eduardo Cunha, Henriquinho Alves, Rodrigo Loures e Geddel Vieira Lima, o petiz chorão de mãinha Marluce.

A outra metade, o trio desesperança Temer, Eliseu e Moreira, ficou no palácio e no poder por cumplicidade da Câmara dos Deputados e mercê da farta distribuição de merendas orçamentárias a suspeitos do Centrão. E da debilitação do que só se chama de governo por falta de nome adequado.

O desempenho do desgoverno foi muito abaixo de medíocre no caso. O chefe da Agência Brasileira de Inteligência (???), general Sérgio Etchegoyen, nada informou sobre a encrenca a vir. No quarto dia o presidente entregou carros que não rodam por falta de gasolina e comemorou a noite da indústria, paralisada por não dispor de combustível. O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, sumiu e ressurgiu falando grosso. E Padilha fez um acordo com líderes que nem os caminhoneiros reconhecem.

No sétimo dia, o chefe do Executivo mentiu. Disse que o governo negociou “desde o início”. De quê? Gabou-se dos “sacrifícios” do cidadão, como se fossem do governo, que não anunciou corte de gastos ou privilégios de partidos e políticos, mas, sim, privilégios para transportadoras e autônomos. Buzinas e sons de panelas vazias evitaram que fosse ouvido. Ninguém perdeu: a redução de 46 centavos no preço do diesel não chega às bombas, segundo disse o presidente do Sincopetro, José Gouveia, em entrevista à Rádio Eldorado.

Temer tinha ameaçado, antes, usar a força, mas exibiu um revólver de brinquedo. O ministro da Defesa, general Silva e Luna, apelou para o bom senso dos chantagistas. O Comando Militar do Sul usou um tom de entregador de flores, não de garante da lei. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, pôs a Polícia Federal à caça dos mandantes do locaute, mas o que disse, pelo visto, não assustou ninguém.

Com o Legislativo agindo como clube privado de parlamentares, e não um Poder que representa o povo, como de hábito, e o STF embuçado na retórica vazia da presidente Cármen Lúcia, as vivandeiras de quartéis, de que falava Castelo Branco em 1964, ressurgiram munidas de bandeiras e besteiras. Ao lado delas rosnaram “valentinhos” de esquerda, caso do preso mais famoso do Brasil, Lula, que se manifesta pela voz sem eco do líder do partido na Câmara, José Guimarães.

No país do quem pode grita mais e chora menos, estamos no mato acuados pela matilha.

José Nêumanne

Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na Página 2 do Estado de S. Paulo quarta-feira 30 de maio de 2018)

Para ler no Blog do Portal do Estadão clique no link abaixo:

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,no-pais-do-quem-pode-grita-mais-e-chora-menos,70002330234


Warning: Illegal string offset 'class' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 78

Warning: Illegal string offset 'alt' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 79

Warning: Illegal string offset 'title' in /home/storage/2/10/42/neumanne2/public_html/novosite/wp-content/themes/neumanne/epanel/custom_functions.php on line 80

Nêumanne entrevista Roberto Rodrigues

Cansaço com incompetência

Caos no abastecimento foi reação não refletida de estado de coisas insuportável

José Nêumanne Pinto

Para Roberto Rodrigues, paralisação de caminhoneiros manifestou sensação de “falta” de tudo – educação, saúde, transporte, segurança, emprego e oportunidades

O sucesso e a força do bloqueio dos caminhoneiros autônomos, ao que parece com apoio de transportadoras de cargas, devem-se ao cansaço da sociedade de tudo o quanto esta vem sendo informada sobre recorrentes problemas do Estado brasileiro. Esta é a opinião de um dos mais respeitados especialistas no Brasil em cooperativismo e agronegócio, o professor da USP e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Roberto Rodrigues, que foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo no governo Fleury e ministro da Agricultura no primeiro mandato de Lula. Em sua opinião, a situação chegou ao estágio que atingiu por erros do governo Temer, “que deveria ter tomado providências antecipadas, eventualmente até as mesmas que tomou depois de pressionado, o que deu a impressão a todo mundo de falta de firmeza, falta de autoridade e falta de rumo”.

Roberto Rodrigues é engenheiro agrônomo e agricultor, presidiu várias entidades ligadas ao setor rural, como a Organização das Cooperativas Brasileiras, a Sociedade Rural Brasileira, a Associação Brasileira do Agronegócio, a Academia Brasileira da Agropecuária daSNA, a Aliança Internacional das Cooperativas, o Conselho Consultivo da Unica e a Trading Eximcoop,  entre outras. Foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo (1993-94) e ministro da Agricultura, Pecuária a Abastecimento do Brasil entre 2003 e 2006. Foi professor do Departamento de Economia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp – Jaboticabal. Autor de nove livros e coautor de vários outros, atualmente é coordenador do Centro de Agronegócios da Escola de Economia de São Paulo da FGV, embaixador Especial da FAO para as Cooperativas, presidente da EsalqShow e titular da Cátedra do Agronegócio da USP. Também participa de diversos conselhos de instituições, academias e empresas e preside o Lide Agronegócios.

A seguir, Nêumanne entrevista Roberto Rodrigues

Roberto Rodrigues na plantação de soja, símbolo do sucesso do agronegócio, nossa galinha dos ovos de ouro. Foto: Acervo pessoal

Roberto Rodrigues na plantação de soja, símbolo do sucesso do agronegócio, nossa galinha dos ovos de ouro. Foto: Acervo pessoal

Leia mais…

Página 121 de 217«...510152025...119120121122123...130135140145150...»
Criação de sites em recife Q.I Genial

Deprecated: Directive 'track_errors' is deprecated in Unknown on line 0