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Artigo para a coluna da Ric Mais: Sócios de Bolsonaro para glória da morte, amém

O Grupo Ric de Comunicação põe à disposição de emissoras de rádio e jornais impressos ou em edição virtual três podcasts de três minutos cada e um artigo por semana. Interessados em publicar este material original deve entrar em contato com mash.leonardo@gruporic.com.br

Sócios de Bolsonaro para glória da morte, amém

José Nêumanne

Presidente, Mandetta, Doria, Covas, Witzel e Caiado têm culpas na tragédia da pandemia

Quando se escrever sobre o impacto do novo coronavírus nestes tristes tempos de doença e morte, papel relevante terá um brasileiro, não de herói, mas de vilão: o presidente Jair Bolsonaro. É difícil encontrar nos registros de séculos de civilização tão bizarra obra de barbárie quanto a desse capitão do obscurantismo, que apostou quase 58 milhões de votos no cassino da política em óbitos e na negação total da empatia, da sensibilidade, do amor e do instinto animal da sobrevivência. Entorpecido pelo servilismo ao pajé ianque Donald Trump, messias da picaretagem como código de honra, nosso tosco propagandista de placebos como panacéia em feiras livres embarcou com entusiasmo cego nas práticas cientificamente inócuas de pílula do câncer, cloroquina e contágio do rebanho como poções mágicas para a cura universal da moléstia ignota. Sumo sacerdote de crendices bárbaras de terraplanismo, criacionismo e demonização da vacina que não previne, mas mata, ele investiu em teorias absurdas como a prevenção pelo banho no esgoto e o convívio com a doença como prova de bravura.

A ajuda dada ao microrganismo por sua meta de contaminar 70% da população não tem paralelo nem mesmo com as idiotices de seus comparsas, os ditadores Daniel Ortega, da Nicarágua, Gurbanguly Berdimuhamedow, do Turcomenistão, e Alexander Lukashenko, da Bielorús.

Sua teimosia estúpida o levou à antecipação da guerra eleitoral em dois anos e a se inimizar publicamente com governadores e prefeitos do País todo, que adotaram a estratégia óbvia de reduzir contato social para atenuar contágio viral. Sua obsessiva cruzada contra a vida e em prol da renda terminou por ocultar as participações desses inimigos eleitorais na disseminação do microrganismo. Luiz Henrique Mandetta, o ministro que abateu por ciúme, inveja e cálculo, deixou o Ministério da Saúde como herói e eventual adversário dele no pleito de 2022. Mas sem ter de explicar por que não comprou testes suficientes para repetir o sucesso da Coreia do Sul. João Doria nunca foi cobrado por ter feito o antigo túmulo do samba de Vinicius tornar-se permanente quarta-feira de cinzas da farra das funerárias sambando sobre sepulturas. Como Dória, Bruno Covas, Wilson Witzel e Ronaldo Caiado caíram na cantiga da sereia da abertura das ruas para a tragédia escancarada da crueldade de capitalistas desumanos, Eles e outros, em associação com as ratazanas da elite dirigente do Estado e do rentismo, investiram pesado em sobrepreços em alta e decência em queda vertiginosa.

Como nas priscas eras de El Rey fujão, a Terra de Santa Cruz manteve o protocolo ritual de eliminar pobres e velhos para nutrir maganões da Corte.

*Jornalista, poeta e escritor

 


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Artigo no Estadão: O bandido Adriano e a famiglia Bolsonaro

José Nêumanne

MP do Rio desvenda relações promíscuas

entre ex-faz-tudo de Flávio e milícia carioca

As patranhas que envolvem o escândalo no gabinete do senador Flávio, primogênito do presidente Jair Bolsonaro, quando era deputado estadual começam na denominação íntima da prática criminosa investigada pelo Ministério Público (MP) do Rio: “rachadinha” ou “rachid”. Para chamar delitos por sua gravidade real urge usar nomes com que os define o Código Penal: peculato (uso de dinheiro público para proveito pessoal), corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os seis anos da Operação Lava Jato familiarizaram o brasileiro com o que se faz em Casas Legislativas do País por parlamentares de todos os entes federativos e sem exceção de legendas. Ou seja, contratar por vencimentos superiores à média servidores dispensados do expediente e obrigados a entregar parte do que ganham aos empregadores.

O filhote 01 do fundador da “nova política” é acusado de chefiar malfeitores que atuaram em seus quatro mandatos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Conforme o MP do Rio, cuidava disso o ex-subtenente da Polícia Militar (PM) fluminense Fabrício Queiroz, preso numa operação conjunta das Polícias Civis do Rio e de São Paulo com autorização do juiz Flávio Itabaiana e supervisão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Esta se tornou necessária pelo expediente a que recorreu o dono da casa, onde foi encontrado o acusado, de pôr na parede a placa do escritório de advocacia Wassef & Sonnenberg (nome da cidade polonesa de um campo de concentração nazista e sobrenome da prima e sócia). Imagens do vídeo produzido pelas autoridades revelam a associação entre tirania, representada por um cartaz referente ao AI-5, sigla com que se sintetiza a ditadura militar, e a Máfia, simbolizada pelo boneco de Tony Montana, personagem do filme Scarface, gângster cruel de Miami na Lei Seca.

A biografia profissional do dono do imóvel que serviu de cativeiro ao protagonista do escândalo acrescenta a essas referências a atuação do ex-advogado do presidente da República e de seu filho senador em denúncias de infanticídios. Frederick Wassef era devoto da seita satânica Lineamento Universal Superior (LUS), liderada por Catarina de Andrade, autora do livro Deus, uma Grande Farsa, acusada e inocentada por falta de provas do desaparecimento de dois garotos de 6 anos em Guaratuba (PR), em 1992. Ele também advogou para Catarina, indiciada como mentora intelectual de 18 homicídios de meninos com idades entre 8 e 14 anos, de 1989 a 1993, no Pará e no Maranhão. Segundo os autos, os assassinatos faziam parte de um ritual de “magia negra”. Desses, cinco corpos não foram encontrados, três sobreviveram mutilados e 11 foram assassinados e castrados em Altamira (PA).

Wassef, que se jacta de ter dado ao deputado Bolsonaro a ideia de se candidatar à Presidência, obteve liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, paralisando por seis meses as investigações financeiras do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para beneficiar Flávio e outros. Mas o plenário anulou seus efeitos. Com isso foi retardada, mas não impedida a investigação do MP do Rio, que contém imagens de Fabrício pagando boletos de escolas das filhas e mensalidades de planos de saúde do chefe na Alerj.

O inquérito resultou na prisão preventiva do ex-companheiro de pescarias do presidente na casa do ex-advogado da famiglia Bolsonaro, desnudando a relação de Fabrício com o capitão Adriano da Nóbrega, chefão da milícia do Rio das Pedras e do Escritório do Crime. O depósito de mais de R$ 400 mil em dinheiro vivo do miliciano na conta do ex-faz-tudo do 01 soma-se agora às manifestações de simpatia do presidente e do senador pelo criminoso executado na Bahia. Jair, então deputado federal, prestigiou seu julgamento por homicídio e ordenou que o filho o condecorasse com a Medalha Tiradentes na cela onde vivia. Flávio ainda manifestou seu apreço por Adriano à época de sua morte, ocasião em que Fabrício se disse muito triste por ter perdido um amigo.

Embora peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa sejam tipificações penais muito graves, elas não são comparáveis à conexão com milícias, grupos mafiosos que espoliam comunidades pobres e matam quem atravessar o seu caminho. Nunca foi secreta a generosidade com que o presidente e o senador transformaram seus gabinetes em associações assistencialistas de familiares “desamparados” de milicianos, empregando-os sem exigir que trabalhassem. Foi o caso de Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano. Outra beneficiária da caridade com chapéu alheio (dinheiro público) do clã presidencial, Márcia Aguiar, mulher de Fabrício, é agora foragida da Justiça.

Com mais de 1 milhão de casos e de 50 mil mortos pela covid-19, aos quais o presidente Jair Bolsonaro nunca deu a mínima atenção, tratando a pandemia como um “resfriadinho”, a crise sanitária e a depressão econômica são usadas por líderes das instituições democráticas como pretextos para não fazerem o que urge ser feito: fora, Bolsonaros. Fazem o que de pior pode acontecer com o Brasil.

*Jornalista, poeta e escritor

(Artigo publicado na Página A2 do Estadão na quarta-feira, 24 de junho de 2020)

Para ler no Portal do Estadão clique aqui.


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Artigo para a coluna da Ric Mais: Fabrício: do cativeiro à cela

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Fabrício: do cativeiro à cela

José Nêumanne

Operação Anjo pode desvendar ligações perigosas

entre tentativa de autogolpe de Bolsonaro e ação de milícias

O faz-tudo de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz, foi encontrado após longo e estranho sumiço. Ficou por um ano no cativeiro na casa confortável de Frederick Wassef, que se diz advogado dos Bolsonaros, pai e filho, mas tem jeitão e atua como faz-tudo atual da famiglia. Da paradisíaca Atibaia para o infernal complexo prisional de Gerinicó, em Bangu, a viagem de volta do sargento reformado da PM/RJ ao submundo da periferia de São Sebastião do Rio de Janeiro prenuncia uma rosário de dissabores para o presidente da República com novas informações que transcenderão à rachadinha.

As conexões do capitão com as milícias, que dominam bairros miseráveis da periferia da ex-Cidade Maravilhosa, foram até agora relegadas à eventualidade da simpatia e limitadas às coincidências. O discurso do deputado federal na Câmara criticando a condenação do tenente do Bope Adriano da Nóbrega por homicídio e a ordem para o primogênito condecorá-lo com a medalha Tiradentes argumentando que era herói popular, quando ele já era bandido passaram em brancas nuvens para aqueles que os adoradores do “mito” chamam de “isentões”. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que as milícias nasceram para o bem, mas depois se tornaram grupos armados, não mereceu sequer uma repreensão. As reações indignadas da famiglia Bolsonaro à queima de arquivo do fuzilamento do capitão Adriano foram minimizadas, como se houvesse algum laivo de humanidade naquela gentalha sempre desumana.

Mas agora veio o Ministério Público do Rio contar que Fabrício foi preso porque foi descoberto seu plano de fugir com a família, compartilhado com o “herói” do Bope que virou chefão da milícia do Rio das Pedras. E revelar que a transformação dos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos em sedes de associação de proteção de famílias desamparadas de milicianas pode não ser mero interesse eleitoral, mas ilícito meio de vida.

O depoimento de Fabrício Queiroz, muitíssimo esperado em 18 meses desde a revelação de suas movimentações atípicas do Coaf pode, quem sabe, elucidar de forma definitiva que o projeto de armar o cidadão que Bolsonaro revelou na reunião do desgoverno pornô em 22 de abril é o ensaio  de um autogolpe. E precisa ser interrompido já, antes que seu decreto liberando totalmente a aquisição de munição, agora não mais rastreada pelo Exército, cumprindo cega e surdamente ordens de um governante insano e desumano pela falta de consciência de sua condição de instituição de estado, arme seu ensaio de autogolpe.

  • Jornalista, poeta e escritor

(Artigo da coluna semanal para grupo Ric Mais Comunicação)

Para ler no site do Grupo Ric Mais clique aqui.

 


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Artigo para coluna da Ric Mais: Só nos resta a Justiça Eleitoral

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Só nos resta a Justiça Eleitoral

Aras inclui delírios de Bolsonaro no parecer ao STF.

E há rastros de Maia em futuras concessões de TV

José Nêumanne

Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por óbvia interferência na Polícia Federal (PF) para perseguir inimigos políticos em processos rápidos e letais, o presidente Jair Bolsonaro levantou duas muralhas da China contra tudo o que possa incomodá-lo ou a seus filhotes. No mesmo dia, quinta-feira 11, feriado de Corpus Christi, os responsáveis por eventuais denúncias que possam dar início a investigações sobre suspeitas para lá de “robustas”, como está na moda dizer agora, estão sob seu absoluto domínio.

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, numa peça rocambolesca e barroca, em que diz o que desdisse, mentiu ao acusar o relator do inquérito sobre fake news (benévolo eufemismo anglófono para mentira), o ministro do STF Alexandre de Moraes, de tê-lo excluído do processo. O acusado desmentiu e ele calado estava e ficou. Sem denúncia do PGR, nem o último Poder a decidir, o Judiciário, terá como propor à Câmara dos Deputados a abertura de impeachment, nem mesmo abrir ação por violações do Código de Processo Penal. Mas Aras foi além, ao misturar veículos de comunicação com quadrilhas do gabinete do ódio na indústria de mentiras que prospera nas redes sociais. A mistura de liberdade de expressão com esse crime só pode ter sido inspirada pelo asqueroso papel de advogado-auxiliar do capitão de milícias que o intruso incorporou sem pudor algum. Esperar que denuncie quem o nomeou equivale a esquiar no sertão, como  descreve o intendente-chefe da Saúde, Pazuello do planisfério terraplanista.

No dia em que o mundo jurídico tropeçou no pedregulho do petista que comanda o Ministério Público Federal (MPF), o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, a quem Bolsonaro atribuiu a liderança de um golpe contra ele e caberia abrir processo de impeachment, confessou que fora “avisado” da nomeação de Fábio Faria, seu correligionário do Centrão, para o Ministério das Comunicações. Ou seja, o genro do concessionário de TV Sílvio Santos terá o poder de conceder canais. Com todas essas blindagens garantindo a impunidade do pretendente a Chávez de Pindorama, só resta um caminho para a punição dos crimes que não se cansa de repetir, como o de invadir UTIs para fotografar leitos “vazios”: os processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo uso criminoso de mentiras, distorcendo a vontade popular no voto. Eia, SUS!

*Jornalista, poeta e escritor

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Opinião no Estadão desta quarta-feira: A pior crise do Brasil é Jair Bolsonaro

José Nêumanne

Mais maligno que pandemia, recessão e desgoverno, juntos, é o presidente

Intriga o sentido da expressão “tempestade perfeita”, que poderia ser confundida com calmaria. Mas é o inverso do que a ideia da perfeição sugere: a conjunção dos efeitos perversos de temporais coincidentes, como no descontrole do contágio do novo coronavírus provocando uma crise sanitária inusitada, o início e o agravamento da perspectiva da mais profunda recessão econômica de nossa História e a incapacidade de gestão estatal. A cereja do bolo de veneno é a ocupação do mais elevado poder republicano por um cidadão perverso, paranoico, paleolítico e cujo cérebro paira entre ignorância total e insanidade mental.

O Brasil repete-se na perda constante das oportunidades oferecidas pela conjuntura internacional. A pandemia de covid-19 exacerba essa característica de um país que não se livrou do estigma da escravidão como meio de produção. O vírus velocíssimo e até agora indestrutível, egresso do Extremo Oriente, tornou-se planetário ao devastar vidas e poupanças do continente europeu. O fato de o País estar sob a linha do Equador nos permitiu tomar conhecimento de sucesso e insucesso no combate à praga. Mas não dispomos de testes para seguir o exemplo da Coreia do Sul e até hoje não temos a mínima ideia matemática da velocidade da transmissão e da letalidade da nova doença. No fim da semana passada, a incontinência verbal de um bilionário sem juízo nos livrou de sua decisão de nossa retirada do competitivo mercado de respiradores mecânicos para evitar o colapso do sistema da saúde. Até agora evitado pela eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS), o patinho feio de nosso horrendo serviço público.

A existência rara de fina inteligência no governo federal premiou nossa Pátria desleixada com a raridade de um ministro de Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reunindo credibilidade e popularidade para evitar que as deficiências estruturais e a indigência intelectual de nossas elites reduzissem a índices intoleráveis infecção e letalidade de uma doença que desafia os mais privilegiados cientistas da humanidade. Mas o chefe do Executivo, eleito por 57 milhões, 796 mil e 986 votantes no segundo turno, submeteu-o a humilhações e o demitiu por inveja e paranoia. O primeiro absurdo, demissão do ministro da Saúde em plena subida do contágio do vírus, foi repetido na demissão do segundo, Nelson Teich, em menos de um mês. E por motivo ainda mais fútil: a insubmissão à prescrição de uma panaceia particular, a cloroquina, repetindo o que, como parlamentar, fizera antes com outra picaretagem, a “pílula do câncer”.

Empenhado em fazer valer maluquices de um pornógrafo de rede social e de financiadores de disparos de fake news, Jair Bolsonaro escoiceou ciências médicas e lógica plana ao trocar a coordenação do combate ao microrganismo por uma surrealista dicotomia inexistente entre vidas e negócios. Essa sandice apavorante levou ao comando da guerra virológica Eduardo Pazuello, general da intendência (que, segundo Napoleão Bonaparte, “segue” as tropas, não as lidera), com deficiente compreensão de biologia elementar, como a posição do coração no corpo. E conseguiu superar a própria incapacidade de entendimento básico de administração pública ao nomear para a secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos do ministério Carlos Wizard, bilionário irresponsável que, disposto a impor sua fé criacionista, anunciou a suspensão da compra de respiradores, um crime. E insultou a inteligência da Nação e a honra dos secretários estaduais de Saúde, anunciando a adulteração das estatísticas de casos e óbitos de covid-19 e adicionando um delito de responsabilidade ao rosário de penas do presidente da República e do roliço intendente da Saúde.

A melhor frase sobre essa rematada demência é da lavra do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): “Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”. Os atos antibolsonaristas de domingo, desafiando recomendações sanitárias, cumpriram, porém, o papel essencial de mostrar que a seita nazibolsolulofascista, criacionista, terraplanista, “ignorantista” e assassina não é dona das ruas. Mas este não é mais momento de meras belas palavras. A Pátria precisa que mandatários do poder em nome do povo assumam seu dever de atirar o capitão à procela imperfeitíssima no mar, adotando a visão profética do poeta Alberto da Cunha Mello: “A tempestade desse barco é seu próprio comandante”.

A ordem constitucional vigente, da qual a democracia não pode abrir mão, mesmo ante a perspectiva atroz de um golpe policial-militar de milícias populares chavistoides anunciadas por Jair Messias na reunião de porão de Máfia de Chicago durante a lei seca, não tem como repetir a solução de 1919. Na República Velha, Delfim Moreira, o vice psicopata do presidente reeleito morto (Rodrigues Alves), foi isolado sob a regência de Afrânio Mello Franco até a chegada de Epitácio Pessoa, que derrotou Ruy Barbosa na eleição presidencial a bico de pena. Mas coragem e lucidez poderão achar o correto caminho legal para expurgar o capitão tempestade.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na página A2 do Estado de S. Paulo quarta-feira 9 de fevereiro de 2020)

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Artigo para coluna da Ric Mais: A sinhá escravista e o general covarde

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A sinhá escravista e o general covarde

José Nêumanne

Mulher do prefeito socialista leva filho negro

da doméstica à morte e ministro da Saúde foge à luta

Mirtes Santana, funcionária-fantasma da prefeitura de Tamandaré (PE), levou cãozinho da patroa, Sari Corte Real, mulher do prefeito, Sérgio Hacker, a passeio e deixou o filho, Miguel Otávio, de cinco anos a seu cuidado. O garoto sentiu falta da mãe e, para não ser perturbada enquanto fazia as unhas, a primeira-dama do município onde fica a bela praia dos Carneiros, o levou ao elevador. O menino não conseguiu marcar o andar e ela apertar o botão do nove. Ao se abrir a porta, ele saiu, subiu no equipamento do ar condicionado e caiu 35 metros. Foi socorrido, morreu e sinhô e sinhá foram ao velório chorar. Mas imagens do condomínio revelaram o crime da sinhazinha: homicídio culposo, sem intenção de matar, decretou a compreensiva polícia do partido fundado por Miguel Arraes, ícone da esquerda brasileira. E cobrou módica fiança de R$ 20 mil.

Como diz o professor de Direito da USP Modesto Carvalhosa, que assinou um belíssimo artigo intitulado Racismo e amor na página 2 do Estadão, neste país não há discriminação, mas servidão. Foi o que ocorreu no edifício luxuoso, confirmando conseqüências da forma como aqui se aboliu a escravidão, há 132 anos, apontadas pelo genial abolicionista Joaquim Nabuco, nascido no engenho Maçangana, no mesmo Pernambuco.

No dia 4 de junho de 2020, quando o Brasil tomou conhecimento do trágico recorde diário de 1.473 novos óbitos registrados em 24 horas, esta Pátria cruel e escravista atingiu a marca de  34.021 vidas perdidas pela covid-19. Passou a Itália e ficou em terceiro lugar no mundo inteiro. Justamente nesse dia, o permanente ministro provisório do governo do capitão cloroquina, general Eduardo Pazuello (vulgo pançudo) desertou do campo de batalha contra a pandemia para se esconder vai saber onde. Recentemente, ele foi visto ao lado do chefe sobrevoando manifestações fascistóides golpistas na Esplanada dos Ministérios. Mas na hora de explicar seu malogro como intendente, função militar que ocupa na pasta que deveria cuidar da doença, ele desertou da trincheira, sorrateiramente.

Em seu perfil no Facebook, o Exército brasileiro, em que o permanente ministro provisório milita, registrou uma frase célebre de um guerreiro histórico, o corso Napoleão Bonaparte, sobre sua função: “Um exército marcha sobre seu estômago”. Incapaz de ajudar Estados e prefeituras que combatem pra valer o contágio do novo coronavírus, o oficial da ativa preferiu sumir a deixar as tropas avançarem sobre seu ventre. No começo do combate à endemia, envergando um colete do SUS, o então ministro da área, Luiz Henrique Mandetta, dava explicações sobre os resultados funestos da falta de testes e de leitos de UTI minuciosa e diariamente. Pazuello prefere fugir à luta escondido no próprio silêncio.

*Jornalista, poeta e escritor

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