Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

Um brasileiro como eu, você e o Zé Mané da esquina [Antônio Ermírio de Moraes]


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Uma das maiores pragas do Brasil – comparável à saúva dos tempos de Jeca Tatu e à corrupção e ao crime organizado atuais – é a mentalidade lotérica que assola nossa sociedade. Muitos brasileiros (é sempre perigoso generalizar, mas também seria ingenuidade não reconhecer isso) têm a ilusão de que é possível ganhar tudo o que precisa para viver com conforto de uma vez só e não têm paciência para ir construindo paulatinamente e acumulando os bens resultantes do trabalho duro aos poucos. Apesar da proibição do jogo de azar no governo Dutra, após o colapso do Estado Novo de Vargas, aposta-se o tempo todo no Brasil. Faz isso o comerciante que explora o turista nas praias durante o verão; o vendedor de bondes que sonha com o grande golpe; o aposentado viciado em bingos, que teimam em funcionar, apesar de ilegais; o batedor de carteiras; ou o assaltante profissional. Mas também o empresário dependurado nas tetas do Estado, o funcionário público que cria dificuldades para vender facilidades, o viciado nos pregões da Bolsa e os milhares de pré-adolescentes que acorrem às peneiras dos times de futebol ou aos programas de calouro em busca de glória e fortuna fáceis. Este não é um caráter exclusivamente nacional, mas havemos de convir que aqui a impunidade crônica e a desigualdade abjeta do “manda quem pode, obedece quem juízo”, adicionada ao “me engana que eu gosto”, prosperam mais que em outros países, onde se prefere dar duro no presente, investindo no pra frente, a só sonhar com o futuro. Esta mentalidade malsã fundou a República do mensalão, do cartão corporativo e do “levar vantagem em tudo”, de interesse da elite dominante, que enche as próprias burras para distribuir com os apaniguados, dá sombra e água fresca aos devotos do bezerro de ouro do mercado financeiro e fornece esmolas de proteínas aos miseráveis. Antônio Ermírio de Moraes é, portanto, um brasileiro na contramão. Herdeiro de uma tradição de riqueza que ganha foros simbólicos, não se insere nestes padrões do ganho fácil, da escravização às aparências e às facilidades que nossa sociedade patrimonialista concedeu a seus ascendentes e permite aos descendentes. Na pátria da cigarra, resolveu ser formiga: virou uma espécie de símbolo do homem que produz, um estrangeiro num território favorável aos lances de dados e hostil ao suor. Por isso mesmo, não deu certo na política, atividade em que se pratica a promoção pelo demérito e se considera a falta de escrúpulos e o desprezo ao mérito vantagens insuperáveis. O fato de ter sucesso nos negócios fala bem das empresas e obras beneméritas que administra, da família e dele mesmo, mas também do Brasil. Afinal, se ele dá certo, por que outros de nós, comprometidos com a solidez das construções, feitas tijolo a tijolo, com argamassa no meio, também não daríamos? Um homem respeitado pelo que faz vale muito numa terra em que a inveja pelo êxito alheio só é superada pela adoração dos aventureiros bem-sucedidos. A vida real, sem fantasia, do empresário, do dramaturgo, do benemérito Antônio Ermírio de Moraes é um investimento num País melhor, que dorme embaixo das roletas e acima das propinas. Tê-lo como exemplo é a prova de que nem tudo é jogo, nem tudo é acaso e que o possível é possível, num ambiente em que nos acostumamos a sonhar com o improvável, embalados por um acomodamento covarde e oportunista. É a constatação de que o antropólogo francês Claude Levi-Straus não estava com razão, pelo menos não tinha a razão inteira, ao afirmar que o Brasil passou da barbárie para a decadência sem conhecer a civilização. Há, como afirmava o gênio da raça Gilberto Freyre, sementes de uma civilização nos trópicos nos empreendimentos do Grupo Votorantim, na medicina de excelência do Hospital da Beneficência Portuguesa e não apenas nestes exemplos, que podem não ser muitos, mas também não são de exceção. Pois, afinal, Antônio Ermírio de Moraes é um brasileiro comum, como eu, você e o Zé Mané da esquina, que percorre a pé quilômetros de casa para o trabalho duro e, mesmo sem conviver com a fortuna nem com a glória, não se deixa seduzir pelo tilintar das fichas do “cassinão” em que alguns querem transformar nossa pátria.

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