Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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Artigo na página 2 do Estadão: De volta à boa e velha democracia

Derrota de Trump propicia o retorno às

origens do governo para todos, não para alguns

Na terça-feira 3, o candidato da oposição democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden, foi escolhido pelo longevo sistema da representação federativa dos Estados coloniais da Inglaterra para suceder ao republicano Donald Trump. Só quatro dias depois a maior potência política e militar do Ocidente comunicou o fato ao mundo. E o derrotado não recuou de sua postura de denunciar o “roubo” dos vencedores, sem narrar um fato que fosse para apoiar seu “jus sperniandi’, expressão jocosa do juridiquês para o direito de espernear.

Nos quatro anos em que deu expediente no Salão Oval da Casa Branca, o presidente fez o que pôde para impor as ideias de uma direita truculenta e inculta que mantém vivas velhas crendices de obscurantismo, negacionismo, terraplanismo, criacionismo, armamentismo, ignorantismo e anti-imunização. O governo do povo, pelo povo e para o povo, que inspirou os pais fundadores na Revolução Americana, no século 18, e desde então em voga em muitos países – entre os quais o nosso, com interrupções no Estado Novo e sob o golpe militar de 1964 –, depende da Justiça.

Desde sábado, 7 de novembro, ao informar que a apuração lhe dava acesso ao poder na segunda economia do mundo, o vice de Barack Obama esclareceu que a batalha que acabava de vencer tinha o condão de ressuscitar um princípio dos ancestrais. Biden ressaltou o fato de que, embora tenha sido escolhido por mais da metade dos representantes dos Estados da única Federação merecedora dessa definição no mundo, governará para todos os cidadãos norte-americanos. Aí estão incluídos os mais de 70 milhões que sufragaram o atual presidente. Aparentemente esse é um princípio indiscutível, mas não é bem assim. O bilionário eleito em 2016 exerceu o poder em benefício de seus prosélitos, que apressadamente têm seu ideário definido como “ideologia”. Produto político da reação à entrada em cena da nova potência governada pelo Partido Comunista Chinês numa mixagem de capitalismo selvagem com escravidão social e política, o empreendedor imobiliário de sucesso na vida privada armazenou num quarto de despejo bandeiras tradicionais da política ianque, tais como o multilateralismo, o combate à degradação natural e a generosa entrada de estrangeiros no mercado de trabalho mais ambicionado do mundo.

Dos países ao sul do Rio Grande, o que mais tem oscilado na relação com a potência do norte é o nosso. Exemplo mais óbvio disso foi dado por Getúlio Vargas no Estado Novo, quando flertou explicitamente com o nazi-fascismo, mas, ao fim e ao cabo, entrou na guerra mundial contra Hitler e Mussolini. E ainda cedeu aos aliados uma posição geográfica invejável no extremo nordeste de sua conformação continental, onde os norte-americanos instalaram uma base aérea em troca da Companhia Siderúrgica Nacional.

A volta da ditadura após a democracia liberal de 1946, com o golpe de 1964, resultou na sentença mais sabuja da relação de mendicância estabelecida: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, disse Juracy Magalhães, embaixador do Brasil em Washington no primeiro governo militar. Só que, antes de cair a ditadura, o chanceler Azeredo da Silveira, sob o presidente Ernesto Geisel, chefiou uma diplomacia de não alinhamento ainda em plena guerra fria, em reação às objeções ianques ao acordo nuclear com a Alemanha para a construção de uma usina em Angra.

Nunca antes na História das duas nações a relação entre a maior potência e o nosso país, aonde o futuro nunca chega, houve, contudo, subserviência similar à estabelecida entre o Brasil de Bolsonaro e os Estados Unidos de Trump. O laço forte entre os dois é precisamente a comunhão do fanfarrão do norte com o charlatão dos nossos tristes trópicos. Eleito dois anos depois do ídolo, Jair Bolsonaro abandonou provisoriamente seu ideário de baixíssimo clero na Câmara dos Deputados – corporativista, patrimonialista e de simpatia por gestores estatizantes, como o venezuelano Hugo Chávez e o patrício Lula da Silva – por uma narrativa oposta. Na eleição surfou nas ondas do combate à corrupção da Operação Lava Jato de Sergio Moro, por ele nomeado ministro da Justiça, e da privatização, representada pelo ainda ministro da Economia, Paulo Guedes.

No entanto, a derrota de Trump acaba de surpreender seu discípulo latino, tendo doado o governo para o qual foi eleito legitimamente a suspeitos, acusados e condenados por corrupção de um grupo sem princípios e com interesses chamado inadequadamente de Centrão. Tendo defenestrado Moro da Esplanada, renunciou explicitamente à obrigação constitucional de governar para todos para atender a trumpistas olavistas, agora nocauteados pelo malogro do canastrão do pescoço rubro. E, principalmente, para livrar os filhos políticos de velhos hábitos em geral e, em especial, o senador sonso Flávio, seu primogênito, dos rigores da lei. Conforme disse na reunião de 22 de abril, quando admitiu que não permitiria que a polícia os alcançasse. É a famiglia acima de tudo que o afasta do presidente eleito dos Estados Unidos, que reconhece o primado de todos sobre alguns.

*Jornalista, poeta e escritor

Para ler no Portal do Estadão clique aqui. 


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No Blog do Nêumanne: E se Juracy e Jair estiverem certos?

José Nêumanne

Seis redes de emissoras da TV comercial do EUA fizeram bem ao interromper fala de Trump na Casa Branca acusando eleição que perdia de ter sido “roubada” sem se referir a fato nenhum?

Na sexta-feira, 6 de novembro de 2020, correspondentes de meios de comunicação e seus públicos foram mantidos em suspense à espera de um pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja derrota no pleito de terça-feira, 3, parecia a cada segundo mais próxima de ser anunciada. O republicano assomou ao púlpito do qual faz seus pronunciamentos e respondeu a perguntas em entrevistas coletivas, na sala de imprensa da Casa Branca, dando início a um exaustivo e cansativo destampatório, acusando o sistema eleitoral da democracia fundada em 1776 de ter sido fraudado em prejuízo de suas pretensões à reeleição para o cargo político mais importante do mundo. Perdeu tempo quem esperou que ao longo de uma teoria conspiratória surrealista — incluindo o autor destas linhas — surgisse alguma bala de prata, um argumento fatal que desmentisse o otimismo dos adversários. Em vão.

Espectadores de seis redes de televisão comercial em seu país, porém, foram poupados ou não puderam seguir até o fim aquela narrativa absurda, mais apropriada na obra teatral do surrealista romeno Eugène Ionesco. Elas tomaram uma atitude radical, inesperada e arriscada de suspender a transmissão da fábula autoindulgente do potentado vencido. Não era esperado, nem seria comum, que canais de televisão tivessem o topete de suspender uma transmissão ao vivo no momento em que era enunciado o primeiro de episódios sem nomes, endereços e evidências da fala oficial à qual o orador tem o privilégio ao menos até 20 de janeiro de 2021. Todos deram como único motivo o fato de que o principal mandatário da mais importante democracia mundial simplesmente não aprendeu a perder. Esse é, pelo menos na convicção dos executivos dos canais e dos noticiários, motivo suficiente para negar a seus telespectadores o rosário que tem repetido o ocupante do Salão Oval da Casa Branca desde que percebeu que sairia do jogo assim que os votos fossem conhecidos.

A decisão desses profissionais foi, além de inédita, ousada. Pois chegava de forma muito arriscada à margem de um dos direitos mais elementares da democracia instaurada naquele país há 244 anos na convenção que fundou os Estados Unidos da América, em Filadélfia, na Pensilvânia. A direita armamentista mundial, que tem no republicano no poder em Washington seu ícone, agarrou-se, desde então, a alguns conceitos que nunca defendeu, e agora com ardor mais do que inusitado. Ou seja, o máximo palavrão com que nenhum liberal sequer suporta conviver: a censura à expressão e opinião. Estabeleceu-se incontinenti o maior conflito na história da democracia contemporânea: entre liberdade e verdade, seus princípios basilares, nem sempre coincidentes.

A essa dicotomia acrescente-se, nestes tempos de libertinagem das redes sociais na cibernética, o conceito elástico e amoral da pós-verdade: a primeira condição para uma argumentação civilizada dos limites da liberdade que não aceita o direito de mentir, deixando de fora o cinismo. É possível até negar a concessionários de serviços de interesse público como emissoras de televisão o poder de cortar, sem nenhuma delegação popular,  a transmissão que agora, quando parece definida a apuração dos votos dando vitória ao oponente, conta com a adesão de 70 milhões de eleitores norte-americanos que sufragaram o presidente. As redes sociais, que tateiam em busca de um ponto intermediário, têm alertado nos EUA que as declarações de Trump são, no mínimo, duvidosas. A decisão das emissoras ­– que, particularmente, não confundo com censura — poderá ser submetida à Justiça por qualquer cidadão que se sinta prejudicado por ela.

“A democracia às vezes é confusa, então às vezes requer um pouco de paciência”, disse Joe Biden em Wilmington, Delaware, onde vive, quando ainda não tinha certeza da vitória. Naquele momento, ainda era noticiada certa confusão na eleição presidencial, com manifestantes dos dois lados nas ruas e ações judiciais pedindo a paralisação da contagem. Convém esclarecer que a democracia dos pais fundadores, que sempre tentamos copiar, mas nunca conseguimos, é genuína e continua hígida e a salvo de eventuais tentativas de prepotência, de um lado ou de outro.

Seja qual for o resultado a que se chegue sobre essa confusão, fica patente que Donald Trump tem usado o fato de morar na Casa Branca para usá-la como palanque e seu discurso se configura como absurdo por denunciar fraudes sem provas, e apenas em Estados onde perdeu para Joe Biden. Ou onde perdeu terreno no final da apuração em progressão.

É justo esclarecer que, por mais confusos resultados pareça permitir, e apesar de o sistema eleitoral norte-americano não dispor de Justiça Eleitoral nacional, mas estadual, é constrangedor ver o presidente, no exercício de suas funções, questionar a lisura de apurações eleitorais quatro anos após ter vencido numa. É um mau exemplo, vindo de um país que tem a pretensão de servir de modelo democrático para o mundo. Essa atitude representa um sério problema para o funcionamento do sistema eleitoral no futuro, pelas incertezas que desperta, embora não chegue a ameaçar a democracia nem a credibilidade do país no planeta. Como denotam manifestações de aplauso de vários estadistas, incluídos aliados do vencido.

A interrupção da fala de Trump é um momento histórico na ação dos modernos meios de comunicação. Se Juracy Magalhães, autor da sentença “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, e Jair Bolsonaro, que adota aquele país como guia universal dos bons costumes cívicos, estiverem certos, seria talvez provável imitá-los por aqui. Ou não?

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne na segunda-feira 9 de outubro de 2020)

Para ler no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique aqui.


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Nêumanne Entrevista: Mary Del Priore (12)

Del Priore elogia imprensa na pandemia

A historiadora Mary Del Priore elogiou o papel desempenhado pela imprensa brasileira no combate à pandemia ao garantir acesso dos cidadãos brasileiros à informação para reduzir a velocidade do contágio da covid-19, substituindo a política errática do governo federal, em mais um vídeo da série Nêumanne entrevista. No texto dela, publicado na orelha desse livro, ela registrou uma conquista da luta das mulheres contra a violência machista: “Hoje as mulheres falam, e os homens escutam”. A doutora pela USP, que está lançando seu livro “Sobreviventes e Guerreiras – Uma breve história da mulher no Brasil de 1500 a 2000”, comentou a iniciativa de deputadas que pretendem aprovar a lei Mari Ferrer, inspirada na Maria da Penha, para combater abuso de agentes da Justiça no julgamento de mulheres que acusam homens de estupro. E também contou as pressões que sofreu quando editou seu livro mais badalado, “Matar para não morrer”, sobre o assassinato do escritor Euclides da Cunha pelo general Dilermando de Assis. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:

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Registro do Nêumanne: Doutora Isabel de Castro Pinto. Tese (USP) aprovada

 

 

Com Isabel, doutora em História Econômica da USP,  orientada por José Jobson Arruda e aprovada ontem pela banca formada por Sales Gaudêncio, Ernane Maia e Eduardo Peruzo, e Artur abrindo a tese da mãe.

USP – 3.11.2020 – Orientador JOSÉ JOBSON ARRUDA (orientador), SALES, ERNANE MAIA E EDUARDO PERUZO (banca examinadora),

UNIVERSIDADE DE S. PAULO – 3.11.2020 – Orientador JOSÉ JOBSON ARRUDA (orientador), SALES, ERNANE MAIA E EDUARDO PERUZO (banca examinadora),

 


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No Blog do Nêumanne: O Bolsonaro como ele é de verdade

José Nêumanne

Revelações do deputado federal bolsonarista e arrependido de primeira hora, explicam por que o presidente só surpreende muita gente que desconhece quem ele é e sempre foi, nunca tendo sido confiável

Veterano repórter e comentarista de política, conheci razoavelmente todos os presidentes brasileiros desde a queda da ditadura militar, à exceção de dois: Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Sacada da algibeira de Luiz Inácio Lula da Silva, ela foi eleita mercê da popularidade de quem a elegeu duas vezes, na segunda evidentemente contrariado. Sobre o outro há literatura confiável, seja nos autos do processo de que foi absolvido no Superior Tribunal Militar (STM), seja no competente relato deste por Luiz Maklouf de Carvalho no livro O Cadete e o Capitão. Mas a obra ganhou merecida notoriedade tarde demais, quando o oficial acusado de terrorismo e indisciplina já envergava a faixa presidencial.

Entrevistar o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) para a série Nêumanne Entrevista, apresentada no YouTube e reproduzida no Blog do Nêumanne no portal do Estadão, foi a oportunidade de entender por que o capitão conquistou a maioria do eleitorado com a perspectiva de apoio à luta contra a corrupção, sob os auspícios do ex-juiz Sergio Moro. E ainda a adesão ao livre-mercado, personificado no economista Paulo Guedes. E, depois, jogou a narrativa no lixo da História para abraçar, em plena pandemia da covid-19, velhos parceiros de baixo clero do Centrão. A aposta no entrevistado terminou sendo muito bem-sucedida.

Pois na entrevista Frota esclareceu um episódio fundamental na virada de mesa do presidente, ao demitir e tentar desmoralizar um aliado de importância capital na sua campanha: o advogado carioca Gustavo Bebianno. Bolsonaro e os filhos, que movem os cordéis do gabinete do ódio da militância nas redes sociais, divulgaram a versão de que o chefe havia sido traído pelo relevante ministro da Secretaria-Geral da Presidência, na qual foi substituído pelo general da reserva Floriano Peixoto Neto, depois trocado por outro reservista da mais alta patente, Luiz Eduardo Ramos. Este hoje é tido como a vítima da vez na dança das cadeiras, tendo o cargo cobiçado pelo Centrão, eminência parda do atual governo: cabem-lhe as relações com os chefões do Poder Legislativo.

Frota contou agora um episódio que desmente a versão bolsonarista, que poderia ser tida como fake news, assunto da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que o deputado ajudou a criar e a dirigir. Segundo ele, perambulando pelos corredores do prédio do Banco do Brasil onde funcionava o comando da transição do governo, deparou-se com um grupo de civis de terno e militares de farda, cada um dirigindo-se à própria sala. E, à sua frente, sobrou um engravatado: Gustavo Bebianno. “Você não vai para sua sala?”, indagou. “Não tenho sala”, respondeu. Ou seja, a nomeação do participante do comando da campanha para o Ministério do governo foi uma farsa, que durou pouco tempo. E nada teve que ver com a versão oficial usada à época, segundo a qual o presidente do PSL durante a campanha eleitoral teria autorizado repasse de verbas do Fundo Partidário para uma candidata “laranja” em Pernambuco, com o suposto apoio de Luciano Bivar, atual presidente da sigla. O então porta-voz, general Otávio Rêgo Barros, não mentiu ao atribuir a defecção ao “foro íntimo do nosso presidente”. O isolamento de Bebianno na transição explica também a brusca retirada do capitão do partido e seu afastamento de Bivar.

Na entrevista Frota contou ainda que, ao assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados, pediu da tribuna a prisão do subtenente PM do Rio Fabrício Queiroz. Fê-lo na eclosão do escândalo da extorsão de servidores de gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com a abertura de inquérito pelo Ministério Público do Estado (MP-RJ) contra o então deputado estadual, após ser divulgado o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações atípicas, de R$ 1,2 milhão, em contas do assessor do atual senador. Incontinenti o próprio presidente, conforme contou o deputado, telefonou-lhe, aos berros, chamando-o de traidor. Expulso do PSL, o parlamentar mudou-se para o PSDB do hoje principal inimigo dos muitos que o capitão de Artilharia coleciona, o governador de São Paulo, João Doria.

A explosão ao telefone teria sido, segundo Frota, o primeiro indício de que o chefe do governo faria o possível, mesmo que improvável, para tirar o primogênito da enrascada. Isso explica a pressão para o ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro demitir-se, tema do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal (PF). E ainda a nomeação de Augusto Aras, fora da lista tríplice do Ministério Público Federal (MPF), para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as indicações de Kassio Nunes Marques para o STF e de Jorge Oliveira para o Tribunal de Contas da União (TCU).

O empenho do chefe do Executivo em obstruir o inquérito do peculato na Alerj desvelou-se recentemente, em agosto, quando se reuniu com o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, da intimidade da família e impedido de assumir a direção da PF por decisão monocrática do ministro do STF Alexandre de Moraes, que ele chamou de “canetada”. E com o chefe do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Isso para que as advogadas de Flávio, Luciana Pires e Flávia  Bierrenbach, lhes pedissem ajuda para espionar fiscais da Receita Federal que, de acordo com sua teoria conspiratória, teriam cometido crime ao fornecerem dados da contabilidade do senador ao MP-RJ para prejudicarem simultaneamente o filho e o pai.

Por tudo o que relatou, Frota arrependeu-se e pediu desculpas a quem houver votado em Jair Bolsonaro a conselho dele. Conforme disse na entrevista, porque “ele não é confiável”. Mas, sim, um “rato de porão”.

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne segunda-feira 2 de novembro de 2020)

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No YouTube, Nêumanne Entrevista: Alexandre Frota

Frota: Bolsonaro, rato de porão

Revelações em Nêumanne entrevista Alexandre Frota: 1 – “Jair Bolsonaro é um rato de porão”. 2 – “Peço desculpas a quem votou nele por indicação minha”. 3 – “Gustavo Bebianno foi descartado pelo presidente eleito ainda em 2018, antes de ser eleito, pois nem sala tinha na transição”. 4 – “O presidente rompeu comigo quando exigi a prisão de Fabrício Queiroz da tribuna da Câmara e ele me atacou ao telefone”. 5 – “Bolsonaro deu as costas para São Paulo ainda na campanha, desprezando o maior colégio eleitoral do País”. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

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