Site oficial do escritor e jornalista José Nêumanne Pinto

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Artigo no Estadão desta quarta-feira: Um presidente aloprado e sua gangue fora da lei

Bolsonaro ameaça ministros do STF com impeachment

e apoiador diz que a cobra vai fumar

Encurralado por quatro ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e uma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um recorde histórico, Jair Bolsonaro postou no sábado 14: “Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional, a qual não provocamos ou desejamos. De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais”.

Mentira! Desde 2018 o presidente denuncia as urnas eletrônicas como fraudadas para evitar, com um autogolpe, a derrota em 2022. Após longa leniência das autoridades guardiãs da Constituição, da paz e da ordem públicas, estas exigiram que ele apresente as provas que diz ter. Mas, à exceção da fraude que pratica, tendo prometido combater a corrupção, “mais Brasil e menos Brasília”, e traído tais promessas, nada revelou de relevante.

Ao contrário, seja por tolerância exagerada ou compreensível respeito à vontade popular em decisões eleitorais não alteradas, que venceu seis vezes, o chefe do desgoverno atroz tem sido poupado de merecidas penas. Há dois anos, o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro denunciou suas reiteradas tentativas de interferir politicamente na Polícia Federal (PF). De lá para cá, fez gato e sapato com a instituição, ao nomear fâmulos da famiglia, Anderson Torres e Paulo Maiurino, para o Ministério da Justiça e a direção da polícia judiciária. O delegado Alexandre Saraiva foi afastado do inquérito sobre suspeita de cumplicidade de seu apoiador Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente, mesmo tendo sido este denunciado em venda ilícita de madeira da Amazônia, flagrada não pela PF, mas no destino, os EUA, o que lhe provocou demissão. O inquérito está parado porque o STF ainda não decidiu se o presidente deporá por escrito ou pessoalmente. Lana caprina, portanto.

Bolsonaro ainda compartilhou, por escrito, no aplicativo WhatsApp, manifesto ostensivamente golpista, assinado por um grupo de Facebook chamado “Ativistas direita volver”. O manifesto reza, em vernáculo vulgar: “O Presidente Bolsonaro, no início de agosto, em vídeo gravado, pediu para que o povo brasileiro fosse mais uma vez às ruas, na Avenida Paulista, no dia sete de setembro, dar o último aviso, mas, desta vez, ele reforçou que o ‘contingente’ deveria ser absurdamente gigante, ou seja, o tamanho desta manifestação deverá ser o maior já visto na história do país, a ponto de comprovar e apoiar, inclusive internacionalmente, para que dê a ele e às FFAA, para que, em caso de um bastante provável e necessário contragolpe que terão que implementar em breve, diante do grave avanço do golpe já em curso há tempos e que agora avança de forma muito mais agressiva, perpetrado pelo Poder Judiciário, esquerda e todo um aparato, inclusive internacional, de interesses escusos”. Compartilhar significa participar.

Compartilhou-o simultaneamente à divulgação por seu aliado Roberto Jefferson, dono do Partido Trabalhista Brasileiro – que lhe foi doado por Golbery do Couto e Silva na ditadura –, de um manifesto virulento, ilustrado por uma foto empunhando duas pistolas, ao estilo caubói do Velho Oeste. No mesmo sábado 14 de agosto em que o próprio Bolsonaro anunciou que exigiria as cabeças de Barroso e Moraes ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que ajudou a eleger, um cantor que migrou da Jovem Guarda para o  sertanejo convocou, em reunião com empresários ditos do agronegócio, o “antigolpe” para o feriado da Independência: “Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada, nas próximas 72 horas, ninguém anda no País, não vai ter nem caminhão para trazer feijão para vocês aqui dentro”, disse o artista em reunião em Brasília. Sentado ao lado do presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, Sérgio Reis gabou-se ainda de ter sido remunerado e de haver almoçado com Bolsonaro antes das ameaças.

A impudica e imprudente pretensão golpista do capitão terrorista o inclui na condição de “aloprado”, definição usada por seu mais provável adversário no segundo turno da eleição presidencial de 2022, Lula, quando insultou correligionários que produziram relatório falso para evitar a vitória do senador José Serra ao governo de São Paulo. A pretensão do cantor esbarra em leis que proíbem o impedimento de abastecimento de alimentos e o congelamento de preços de derivados de petróleo. Como Jefferson, Reis e Eduardo Araújo encenam um caso de polícia corriqueiro, que nem exigiria a intervenção do STF ou do TSE.

Em entrevista ao Blog do Nêumanne, no portal do Estadão, o economista Paulo de Tarso Venceslau, o primeiro a denunciar corrupção do PT, observou: “Bolsonaro é um zero à esquerda e não depende de Deus para ficar, mas dos milicos”. E do povo. Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara dos Deputados, resumiu: “Presidente, chega! Chegou a hora de o senhor falar como vai enfrentar 15 milhões de desempregados, 19 milhões com fome, juros crescentes, inflação descontrolada na comida, energia e combustível. Chega dessa graça de criar problemas artificiais para um país cheio de problemas reais”. Basta, xô e tchau!

*Jornalista, poeta e escritor

(Publicado na Página 2A) do Estadão de quarta-feira 18 de agosto de 2021)

Para ser lido no portal do Estadão clique aqui.

Veja no YouTube a entrevista de Paulo de Tarso Vencelau:

 

Todas as edições do Nêumanne Entrevista e Dois Dedos de Prosa aqui no Estação. Clique aqui.


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Direto ao Assunto no YouTube: Falsários operam para Bolsonaro

1 – O auditor do #tcu #alexandrefigueiredocostaesilvamarques disse à CPI da Covid no Senado que #jairbolsonaro exibiu um relatório dele falsificado. 2 – A denúncia revela uma central de falsificação de documentos oficiais no #palaciodoplanalto, que também alterou #invoices na compra da #covaxin. 3 – #aras dirige uma #pgr clandestina, que abriu investigação preliminar sobre crimes do presidente sem avisar antes a Cármen Lúcia, do #stf. #joseneumannepinto. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


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Comentário no Jornal Eldorado: Senado retalia Bolsonaro adiando Mendonça

O Senado “segura” a indicação do ex-ministro da Advocacia-Geral da União para o Supremo Tribunal Federal para retaliar ameaças do presidente Jair Bolsonaro à Corte. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, havia planejado dar início à tramitação do nome do indicado ainda neste mês, mas adiou a decisão sem explicar por quê. Isso está sendo feito porque o presidente da República subiu o tom da crise entre os Poderes no fim de semana a um ponto insuportável, quando anunciou que pedirá ao Senado o impeachment dos ministros do Supremo Luís Roberto Barroso, também presidente do TSE. e Alexandre de Moraes, relator de investigações que atingem o chefe do Executivo e seus filhos. Fica no ar a pergunta: até quando os senadores resistirão ao cabo de guerra com o capetão sem noção na tradição de omissão.

Para ouvir comentário clique no play abaixo:

 

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Assuntos para comentário na terça-feira 17 de agosto de 2021

1 – Haisem – Senado atrasa indicação de André Mendonça para o STF – Este é o título de uma chamada de primeira página da edição impressa do Estadão de 17 de agosto de 2021 – O que significa essa decisão dos senadores de por em risco a indicação do segundo nome por Jair Bolsonaro para o plenário do Supremo Tribunal Federal

2 – Carolina – Governo omite índice de risco de racionamento de energia – Este é o título de outra chamada de primeira página do jornal desta segunda-feira – A que riscos o cidadão brasileiro é exposto pela falta de transparência da autoridade pública federal sobre a atual crise hídrica

3 – Haisem – Afegãos tentam fuga em massa do Taleban, Biden se defende – Esta é a manchete de primeira página do Estadão de hoje. O que motiva os cidadãos do Afeganistão a sacrificarem as próprias vidas para não ficarem sob o domínio dos radicais e a quais argumentos o presidente dos Estados Unidos apelou para tentar explicar o fiasco monumental da retirada das tropas norte-americanas do país

4 – Carolina – Mourão diz ser difícil impeachment no STF – Esta é a manchete do alto da Página A 6, da Editoria de Política do Estadão do dia. Em que se baseia o vice-presidente para apostar na recusa da pressão do presidente contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes

5 – Haisem – A lenta e gradual destruição da democracia – Este é o título de seu artigo semanal, que acaba de ser publicado no blog do Nêumanne do portal do Estadão que está circulando. Como e por que o Estado Democrático de Direito tem enfrentado tantas dificuldades na atual gestão federal dos Poderes Executivo e Legislativo

6 – Carolina – Congresso está há 20 anos sem julgar contas presidenciais – Esta é a principal notícia publicada hoje na Página A 8, da Editoria Política do jornal que está circulando. Dá para justificar um desmazelo tão grande em relação aos gastos da cúpula do Poder Executivo, uma obrigação do Legislativo


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Comentário no Jornal Eldorado: Bolsonaro finge pedir impeachment de ministros

O presidente Jair Bolsonaro afirmou sábado que vai apresentar pedido para o Senado abrir processo de impeachment contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Baqrroso e Alexandre de Moraes. De acordo com Bolsonaro, o pedido será oficializado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta semana. Em mensagens publicadas por sua conta oficial, o presidente disse apenas que a instauração do processo sobre ambos estaria fundamentada no artigo 52 da Constituição, que estabelece como competência privativa do Senado Federal processar e julgar os ministros do STF por crimes de responsabilidade. O próprio Pacheco já informou que não há chance de dar prosseguimento ao pedido. Mas Bolsonaro está apenas cevando as reses fiéis de seu rebanho incondicional.

Para ouvir comentário clique no link abaixo e, em seguida, no play:

 

 

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Assuntos para comentário na segunda-feira 16 de agosto de 2021

1 – Haisem – Bolsonaro vai pedir abertura de processo de impeachment contra Barroso e Moraes no Senado – Este é o título de uma notícia de anteontem no Estadão. Quais são as causas e as consequências, a seu ver dessa novidade espantosa

2 – Carolina – Categoria nega greve de caminhoneiros anunciada por Sérgio Reis – Esta é a notícia publicada ontem no jornal. O que você tem a dizer sobre o anúncio de golpe feito pelo cantor e seu colega Eduardo Araújo se aproveitando de uma eventual paralisação das estradas

3 – Haisem – Taleban retoma Afeganistão e americanos fogem às pressas – Esta é a manchete de primeira página na edição impressa do Estadão de 16 de agosto de 2021. O que há a dizer sobre essa ameaça à paz mundial pelos radicais do Islã

4 – Carolina – Estados criam emendas em “cheque em branco”– Este é o título de chamada de primeira página no jornal desta segunda-feira. A que conclusão é possível chegar diante dessa notícia de que os exemplos federais não tardam a ser imitados pelos gestores estaduais

5 – Haisem – Bolsonaro é um zero à esquerda, diz Venceslau – Este é o título da edição da semana do Nêumanne entrevista no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão. O que o primeiro denunciante de corrupção do PT revelou a respeito das consequências do bolsolulismo para a democracia brasileira

6 – Carolina – Pioneiros e piotários de Brasília, segundo Magno – Este é o título da edição semanal de Dois dedos de Prosa no blog do Nêumanne no Portal do Estadão. Que causos interessantes tem a contar o editor do mais importante blog nordestin sobre experiências dele nos bastidores da política e em viagem de dez mil quilômetros dando voz aos reféns da seca


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Direto ao Assunto no YouTube: Bolsonaro, o pior golpista de todos os tempos

1 – Autogolpe do #presidentedarepublica repete e piora mentira do perigo de ditadura de esquerda, que nunca houve antes nem tem menor chance agora, 2 – #sergioreis viola leis contra desabastecimento, obstrução de estradas, tabelamento de preços, livre mercado e garantias do regime democrático. 3 – Retirada trágica do Afeganistão é o maior vexame da gestão Joe Biden nos Estados Unidos e mais um fiasco memorável da política externa ianque. #joseneumannepinto. Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.

Para ver vídeo no YouTube clique no play abaixo:


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No Blog do Nêumanne: A lenta e gradual destruição da democracia

José Nêumanne

Enquanto Bolsonaro aterroriza o Brasil com ameaças de autogolpe, Lira prepara à sorrelfa a afirmação da ditadura dos partidos e Guedes faz tabula rasa de nossa poupança mais vã

Pode até ser que a saraivada de bravatas disparadas pelo capitão terrorista e indisciplinado não lhe renda o que ele e seus asseclas esperam e suas investidas contra o Estado Democrático de Direito terminem sendo destruídas mercê de iniciativas como a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, no Senado. E a reação pontual, mas ácida, do Tribunal de Contas da União (TCU), apesar dos pedidos de vista de seu empregadinho Jorginho Melo, por ele instalado no plenário. Mas, infelizmente, a demolição programada de conquistas democráticas e civilizatórias do maior período sem interrupções autoritárias da nossa História avança de forma implacável.

A adesão incondicional do presidente da República ao Centrão, incluindo a confissão de que sempre foi um membro do bando, ao qual entregou o que ele mesmo chamou de a alma de seu governo, na pessoa do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, vulgo Ciro Ninguém, acelerou o retrocesso veloz rumo à barbárie. E da ditadura das organizações criminosas partidárias, realizada no avanço das mãos peludas dos parlamentares governistas sobre o Orçamento da República no tratoraço. Agora ainda nas emendas “cheque em branco”, já imitadas em vários Estados da Federação. A celebrada volta de Jair Bolsonaro à consolidação do grupo pelas artimanhas de Eduardo Cunha, o Caranguejo da Odebrecht, e mais ainda pelo lugar-tenente deste, Arthur Lira, tem seu triunfo máximo na reformulação das regras eleitorais.

Quando os poderosos chefões dos grupos enfrentavam as barras dos tribunais da Operação Lava Jato e outras congêneres, passaram pelo Congresso Nacional algumas poucas conquistas que democratizavam o elitista processo de escolha dos mandatários da República. O ano de 2017 assistiu a momentos basilares de avanço, caso da extinção das absurdas coligações partidárias nas eleições proporcionais, com consequências benéficas similares à aprovação da cláusula de barreiras, que comprometia, embora a passos lentos, porém seguros, o total esfacelamento dos partidos políticos no País. E a proibição de financiamento público de campanhas.

Mas, da mesma forma que foram contidos por seu desmanche os avanços do combate à corrupção, que levaram para celas infectas figurões das elites empresariais, como Marcelo Odebrecht, e políticas, como Luiz Inácio Lula da Silva, as ameaças ao poder insaciável dos chefões partidários foram dissolvidas em ácido. O triunfo total, o objetivo final, seria a aprovação de um mostrengo chamado distritão, uma decretação de morte dos partidos em benefício do conforto e do poder absoluto de seus chefes de sempre. Mas o distritão, cuja relatoria foi confiada à noviça Renata Abreu, desafiava o instinto de sobrevivência da maioria dos parlamentares e sucumbiu em naufrágio. Quem conhece minimamente o funcionamento do Poder Legislativo no Brasil sabe que aquele jogo de “se colar, colou, se não colar, a gente diz que é bode na sala” já tinha a recusa definida na esperteza, que, como dizia o dr. Tancredo, quando cresce muito engole o dono. Ninguém se surpreenda, contudo, se nova tentativa for feita e aprovada em futuro não tão distante.

O preço a pagar, inexplicável e atroz, foi a volta das coligações partidárias, outro truque abjeto para reduzir o poder do eleitor sobre o eleito. É um jogo de xadrez no qual as peças pretas, do povão, já entram sem rei nem rainha, ficando o xeque-mate à espera das brancas, truque garantido pelos sacolejos das peças no tabuleiro. Caso da cláusula de barreira, que nem sequer chegou a ser extinta, dada como finda pela lógica implacável e devoradora das coligações do inominável absurdo.

Jair Bolsonaro, com a lógica de quem foi absolvido de seus planos de bombardear casernas e aqueduto por laudos inconclusos, que foram dados como favoráveis ao réu numa decisão de julgadores com quociente de inteligência similar à do julgado, participa dessa operação de desmanche com a satisfação de medalhista de ouro em pentatlo. Ele está descobrindo na prática que esse sistema que está sendo desmontado e no qual já se locupletou pode ser mais satisfatório para seu voraz apetite por poder e luxo se mais verbas forem destinadas aos cofres dos donos das legendas partidárias. Daí o tal do orçamento clandestino, inventado por seu ex-posto Ipiranga Paulo Guedes, ou Gado, também ter recebido a denominação de bolsolão, a glória de um trambiqueiro e charlatão que se orgulha da capacidade de mentir, por lhe faltar a mínima capacidade de aprender e, depois, realizar, tendo para isso – suprema vergonha – de trabalhar.

Com a ajuda de oportunistas como Augusto Aras e Kassio Nunes Marques, ele presta o devido desserviço a milicianos empregando toda a saliva em favor da impressão do voto. Mas é consciente de que tudo não passa de cortina de fumaça. A mesma que emanou dos carros de combate que mandou desfilar na Esplanada dos Ministérios para espezinhar os oficiais que em sua juventude o humilharam com cadeia por crime que ele cometeu, mas faz de conta que não. A impressão do voto é uma tolice monumental, mas os fundos partidário e eleitoral são o próprio sal da terra, bilhões de reais suados pelos pagadores de impostos e tragados pela elite brasileira, os eleitos, os burocratas e os sanguessugas de hábito. Enquanto o distritão não for aprovado, para se extinguir todo risco de representação do cidadão nos Poderes da República. Mesmo que os tanques de fumaça e ferrugem não consigam sequer se arrastar pela avenida, não faltará um desembargador que lhe ajeite a lapela nem um general que engraxe suas botas. Seja quando for, chamar isso de democracia será um disparate.

  • Jornalista, poeta e escritor

(Publicado no Blog do Nêumanne, segunda-feira 16 de agosto de 2021)

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